Retração causada pelo novo coronavírus, porém, tende a ser menor do que a registrada durante a recessão de 2016

Da Redação

Fortemente afetadas pela pandemia do novo coronavírus, as vendas referentes ao Dia das Crianças de 2020 deverão registrar queda de 4,8%, em relação a 2019, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Contudo, a retração, a primeira nos últimos quatro anos, não será a pior da história. Em 2016, quando o País também passava por uma recessão, o recuo chegou a 8,1%. A data, a terceira mais importante do calendário do varejo nacional, atrás de Natal e Dia das Mães, deve movimentar R$ 6,2 bilhões neste ano.

Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o travamento do mercado de trabalho, com desemprego em alta, aumento da informalidade e subutilização da força de trabalho, ainda é um obstáculo a ser superado. “Este é um desafio para o setor não apenas para esta data comemorativa, mas também para as demais que estão por vir”, afirma Tadros, ressaltando que “a redução do valor do auxílio emergencial, a partir de setembro, também deverá dificultar a retomada das vendas, mesmo em um cenário de inflação e juros baixos”.

Com alta esperada de 3,2%, os hiper e supermercados deverão movimentar R$ 4,4 bilhões (70,2% do total) e ser os únicos a registrar avanço com a data. Outros segmentos que costumam se beneficiar do aumento sazonal das vendas nesta época do ano tendem a amargar perdas, como os ramos de brinquedo e eletroeletrônicos (-2,5% ou R$ 1,3 bilhão); livrarias e papelarias (-9,9% ou R$ 48,1 milhões); e lojas de vestuário e calçados (-22,1% ou R$ 489 milhões). Para Fabio Bentes, economista da CNC responsável pela pesquisa, o processo de resgate do nível de atividade do varejo desde o início da recessão provocada pelo surto de covid-19 ainda não está completo em diversos segmentos do varejo. “Especialmente naqueles três segmentos nos quais são esperadas perdas”, reforça Bentes.

Brinquedos, roupas e calçados

Dos 11 itens avaliados pela pesquisa, cinco deverão estar mais baratos do que no ano passado, com destaque para brinquedos (-7,5%) e itens de vestuário, como sapato infantil (-5,8%) e tênis (-3,1%). Por outro lado, os serviços relacionados a lanches deverão estar 10,2% mais caros que em 2019.

Entre as opções de presentes, respectivamente, brinquedos, roupas e calçados foram as principais escolhas apontadas por uma outra pesquisa, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio-SC). Já em relação à forma de pagamento, mais da metade dos consumidores catarinenses (54,8%) têm a intenção de pagar as compras à vista em dinheiro, seguido de cartão de débito e crédito.

Otimismo em Içara

Para o presidente da CDL de Içara, Alexandre Fernandes, há otimismo nas vendas para o Dia das Crianças. Nesta semana, disse ele, o movimento foi intenso no comércio da cidade. A projeção é de que a data ajude a engordar o caixa dos lojistas e dê fôlego ao setor para as promoções de Natal.

Shoppings animados

A pandemia de Covid-19 afastou um pouco os consumidores de lugares como os shoppings, mas as novas portarias com mais flexibilizações já contribuem para o otimismo também destes estabelecimentos. Ainda mais com a outra pesquisa, da Fecomércio-SC, que estima que cada comprador tenha o gasto médio de R$ 172,96. Nesta pesquisa também aparece que os shopping centers serão o segundo lugar mais procurado pelos consumidores catarinenses.

“Estamos muito confiantes nesta retomada. Somos eminentemente sociais, precisamos nos relacionar e o shopping cumpre sua missão de ser um local seguro para frequentar”, destaca o superintendente do Criciúma Shopping, Edmilson Martins.

O ponto forte do shopping, segundo Martins, é ser local para a família. “O Dia das Crianças nos traz uma expectativa bastante positiva de fluxo”. Após o mês das crianças, a expectativa pode melhorar ainda mais com a proximidade das festas de fim de ano, com destaque para o período natalino. A data representa o fortalecimento da recuperação econômica no comércio. “Que venha o outubro das crianças, novembro das promoções e lançamento de decoração natalina e dezembro da magia do Natal”, aguarda o superintendente.