Coluna Maria de Fátima Pavei – 29/08/2020

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Criciúma – safras e estações

Vamos decifrar as últimas páginas do pergaminho, retornaremos ao passado, como se estivéssemos olhando para um espelho falado. Os 139 imigrantes exploravam a selva e se infiltravam nos labirintos de uma terra desconhecida. Lentamente surgia uma moradia construída em qualquer lugar que tivesse água e frutas. As mulheres cozinhavam, cuidavam dos filhos e quando sobrava tempo plantavam algumas sementes que trouxeram da terra de origem: café, arroz, ervilha, etc. Ah, e as flores, que colhiam no mato, ilustravam a frente da casa, sabiam que o jardim divertia a tristeza e as recordações arderiam menos como a centelha nas cinzas. Aguardavam a tão sonhada moradia, dispunham de tempo e silêncio interior para vigiarem o novo lar rodeado de medo do desconhecido. A vida não era fácil, mas o país livre e sem guerras reprimia as ansiedades, e os sonhos alimentavam a alma.

Trabalhadores cansados exalavam suspiros de desalento. Calejavam suas mãos, envelheciam suas peles por entre os murmúrios da floresta. A maioria acreditava em Deus, e rezavam quando se sentiam desacreditados da Nova Terra, a oração se fazia presente. As mulheres na ausência dos maridos, oravam o Pai Nosso que está no céu…. E ajoelhadas, enquanto seus filhos repetiam sem entendê-las sentiam a proteção divina e os corações fortaleciam…. Dos rostos cansados das mulheres desciam as lágrimas nostálgicas quebrando os segredos da dor.

No escuro da mata permanecia a promessa, o clarão da festa além do céu azul, o ouro negro. De repente, os Mineiros em busca de uma vida melhor. No subsolo muitos perderam suas vidas, mas ninguém desistia da luta, pois os senhores lhes garantiam luz aos olhos e alegravam as almas, e lá estavam eles investigando a escuridão e de seus instrumentos de batalha vibrava um eco doce, longe do medo.

As minas que levaram os mineiros a terem uma vida digna, quase que transformou Criciúma numa cidade negra e sem brilho, mas tudo mudou… Criciúma está linda! Os anos passavam, outras gerações surgiam infiltrando-se no comércio e investindo numa cidade bonita e feliz. A cidade prosperou, e o progresso surgia com velocidade, já não existia mais o solo sem vida. Parafraseando Adelor Lessa: “Que o progresso e o desenvolvimento de hoje, providos de tanta tecnologia e sofisticação, encarnem o espírito pioneiro daqueles que munidos de enxadas abriram as picadas no mato…”

Criciúma com suas safras e estações, e a história continua…