Ex-secretário Helton Zeferino entrou em confronto verbal com Kenedy Nunes e Naatz e relator sofreu críticas de João Amin após pedir adiamento da acareação
Agência AL
A comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa que investiga a compra de 200 respiradores artificiais pelo Estado ouvirá, na reunião de hoje (4), mais duas testemunhas. Uma delas é o atual secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro. A reunião começa às 10 horas, no Auditório Antonieta de Barros.
Ribeiro era o secretário-adjunto da Pasta quando os respiradores foram adquiridos da Veigamed. Com a saída de Helton Zeferino, no começo de maio, ele foi efetivado como titular da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
A outra testemunha a ser ouvida é Onofre Neto, CEO da Exxomed Equipamentos Médicos, empresa detentora da licença dos respiradores que foram adquiridos pelo Estado por meio da Veigamed. Ele será ouvido por meio de videoconferência.
Acareação adiada
A acareação entre os ex-secretários Douglas Borba e Helton Zeferino e a servidora Marcia Pauli, prevista para esta quinta-feira, foi adiada para a reunião da próxima terça-feira (9). O pedido partiu do relator da CPI, deputado Ivan Naatz (PL), e foi aprovado pela maioria dos membros da comissão ao final da última reunião, na madrugada desta quarta-feira (3).
Naatz argumentou que não se sentia preparado para fazer a acareação e pediu mais tempo para a comissão. O deputado João Amin (PP), autor do requerimento da acareação, queixou-se do adiamento, por entender que a questão já havia sido discutida e decidida anteriormente, e votou contra o pedido do relator.
Bate-boca
Nas oitivas da CPI dos Respiradores na Alesc de terça-feira (2), deputados e o ex-secretário Helton Zeferino bateram boca. Em mais de três horas e meia de depoimento, o ex-secretário de Saúde eximiu-se da culpa pelo pagamento antecipado à Veigamed e disse que essas decisões na compra dos respiradores com a empresa carioca foram tomadas sem o seu conhecimento.
O depoimento de Helton gerou reação de Kenedy Nunes e Milton Hobus, ambos do PSD. Kenedy disse que Helton não estava mais no quartel, enquanto Hobus criticou o modelo de gestão do governo do Estado e questionou as previsões de Covid-19 em Santa Catarina.
O bate-boca teve a intervenção do advogado do depoente e do presidente da CPI, o deputado Sargento Lima (PSL). Kenedy argumentou que havia sim conhecimento do ex-secretário no pagamento antecipado na compra dos respiradores. Enquanto o deputado lia um documento, Helton tentou responder e Kenedy foi ríspido na resposta. “Deixa eu terminar, aqui não é o quartel, o senhor não dá ordem. Aqui o senhor está para responder pergunta”, exaltou-se Kenedy. O advogado pediu a palavra e foi negado pelo presidente da CPI.
“Essa licitação fala em condições anteriormente estabelecidas e o que diz a proposta? Numerário antecipado”, disse Kenedy. “Eu quase acreditei no senhor que não tinha aqui o pagamento antecipado, mas com o documento que eu tenho em mãos, posso tirar só uma conclusão. Para chegar aqui diante sob juramento de falar a verdade e dizer categoricamente que o senhor não assinou nada com dispensa de licitação, o senhor no mínimo assinou sem ver ou está faltando com a verdade”, atacou Kenedy.
O advogado de Helton então teve a palavra. “Nós estamos aqui e temos que respeitar o que está no regimento e na constituição federal que proíbe esse tipo de atitude de ficar agredindo, tentar humilhar”, disse, sendo interrompido por Kenedy. “Eu estou com a palavra deputado, o senhor se reserve. Estamos aqui querendo esclarecer a verdade”, continuou o advogado.
“Vergonha é o que essa turma fez com o dinheiro do povo”, rebateu Kenedy. “R$ 700 milhões que deviam na Saúde o secretário (Helton) pagou e não tem uma acusação. R$ 700 milhões do governo que o senhor (Kenedy) fez parte, o senhor não tem vergonha?”, contra-atacou o advogado de Helton Zeferino.