Representantes de diferentes segmentos reuniram-se na Acic e decidiram fazer reunião virtual com Carlos Moisés da Silva
Criciúma
Acatando as novas regras de distanciamento social estabelecidas pelo Governo do Estado, em relação ao afastamento físico, a Associação Empresarial de Criciúma (Acic) sediou na sexta-feira (17) uma reunião entre lideranças empresariais e políticas da Região Carbonífera, tendo como pauta a retomada plena das atividades econômicas em Santa Catarina, de forma segura a clientes, empreendedores e colaboradores. A iniciativa do encontro partiu da Câmara de Vereadores.
Com espaço aberto à palavra para os representantes de diferentes segmentos, a mobilização teve como encaminhamento a solicitação de uma reunião virtual com o governador Carlos Moisés da Silva, conforme documento que será dirigido pelo Legislativo municipal aos deputados estaduais e subscrito por deputados federais da região, para que sejam apresentadas as reivindicações ao chefe do Executivo estadual.
A Câmara também vai solicitar a reabertura de todos os segmentos e a suspensão dos decretos que impõem medidas restritivas, observando-se as regras de segurança e saúde. “Vamos fazer um documento, junto com outras entidades, solicitando o equilíbrio entre os setores, e estamos chamando os deputados a nos ajudar, para que saiam os encaminhamentos junto ao Governo do Estado e ao Governo Federal”, ressalta o presidente do Legislativo municipal, Tita Belloli.
Desde que a quarentena foi decretada em Santa Catarina, o setor produtivo vive dias de incerteza e, mesmo com a flexibilização, muitos empreendimentos em todo o Estado ainda não foram autorizados a abrir as portas.
Entre eles, estão bares, lanchonetes, restaurantes e afins, que seguem sem poder receber o público, assim como os shoppings, centros comerciais, galerias, além das academias e das igrejas, apesar de as atividades físicas e religiosas terem sido reconhecidas como essenciais por meio de um projeto aprovado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) nesta semana. A realização de eventos também continua proibida.
Mobilização
Diante da situação, a classe empresarial tem se mobilizado no sentido de sensibilizar o Governo do Estado a também liberar as atividades nesses setores, com o respeito às novas normas de higiene e distanciamento necessários, estipuladas para conter o avanço do coronavírus.
“O setor entende que tem todas as condições de atender os cuidados que a Vigilância Sanitária pede, com relação a distanciamento, higienização. O que não podemos é continuar parados, acumulando prejuízos. A situação é falimentar, sobretudo para micro e pequenas empresas”, afirma o presidente da associação Via Gastronômica Criciúma, Valsi Mazzetto.
“Várias entidades se mobilizam toda semana, fazem demandas, escrevem documentos, encaminham para o governador, mas parece que esse sentimento de precariedade das empresas não sensibiliza quem recebe esses documentos. Porém, vamos continuar tentando, porque não são só os donos de estabelecimentos que estão sofrendo. Tem uma cadeia de fornecedores, colaboradores, familiares, que estão perecendo junto”, acrescenta.
Perdas
As perdas nos setores com atividades restritas ainda não foram quantificadas, mas há relatos de diversos estabelecimentos que já encerraram as atividades e a perda de empregos é considerada inevitável em todos os segmentos.
“Este é um momento que mostra com ainda mais evidência a força do associativismo. Precisamos estar unidos, apoiando-nos uns aos outros e cobrando do setor público que também faça a sua parte e permita a volta ao trabalho. As entidades estão mostrando que isso é possível, mantendo a segurança de todos”, considera o presidente da Associação Empresarial de Criciúma (Acic), Moacir Dagostin.
O prefeito Clésio Salvaro relata que continuamente recebe pleitos de empreendedores solicitando o retorno das atividades. “No município, não há mais qualquer decreto proibindo o trabalho, mas há um entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que é o Estado quem deve estabelecer as restrições e os municípios só poderiam ampliá-las. Estamos vivendo uma crise que não foi provocada por nós, mas precisamos vencer esse momento histórico”, afirma.
Dificuldades
Conforme Dagostin, as entidades empresariais mantêm representantes na equipe de governo que avalia a possibilidade de retorno das atividades. No entanto, os apelos para a retomada dos demais setores não são ouvidos. Os próprios deputados estaduais e federais presentes no encontro de sexta-feira relataram dificuldades no contato com o governador Carlos Moisés.
Também participaram do encontro desta manhã representantes políticos municipais, estaduais e federais como os deputados estaduais Jessé Lopes, Luiz Fernando Vampiro (de forma virtual) e Rodrigo Minotto (de forma virtual) e os deputados federais Geovania de Sá, Ricardo Guidi e Daniel Freitas.
Encaminhamentos do encontro:
1) Envio de ofício, pela Câmara Municipal de Criciúma, endereçado aos Governos Estadual e Federal, solicitando maior equilíbrio nas medidas de restrição aos segmentos econômicos, de modo que não haja medidas desproporcionais a determinados setores.
2) Envio de documento, pela Câmara Municipal de Criciúma, endereçado ao Governo Estadual, sugerindo: a revogação do Decreto nº 525 de 23 de março de 2020, do Governo do Estado de Santa Catarina, que dispõe sobre novas medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus e estabelece outras providências; a delegação de competência, aos prefeitos municipais, para a definição de restrições ao funcionamento dos setores econômicos e igrejas evangélicas, bem como da flexibilização e adoção de protocolos de segurança; e a elaboração e divulgação de políticas de prevenção, especialmente baseadas na higiene.
3) Elaboração de ofício, pela Câmara Municipal de Criciúma, e respectiva entrega, pelos deputados estaduais, solicitando ao Governo Estadual, agendamento de reunião virtual entre Governador, Deputados Federais e Estaduais, Prefeito, Vereadores e representantes dos setores econômicos e igrejas evangélicas do município de Criciúma, a fim de discutir o Decreto nº 525 de 23 de março de 2020, do Governo do Estado de Santa Catarina, que dispõe sobre novas medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus e estabelece outras providências.
4) Elaboração de ofício, pela Câmara Municipal de Criciúma, e respectiva protocolização no Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES), manifestando a insatisfação de determinados setores socioeconômicos deste Município, tais como: gastronômico, de eventos, de shoppings, de transporte público e de academias, bem como igrejas evangélicas, com as regras impostas a estes segmentos.