Para evitar a suspensão dos serviços, a instituição conta com uma emenda parlamentar e com novos repasses do Estado
A segunda-feira foi de boas notícias para Içara e toda a região Sul. O Hospital São Donato (HSD) confirmou que irá manter os serviços da maternidade. Para isso, contou com uma emenda parlamentar de R$ 700 mil do deputado estadual Rodrigo Minotto (PDT) e com um repasse reduzido do Governo do Estado. O acerto foi feito na manhã de ontem, em uma audiência do parlamentar com o governador Carlos Moisés e o secretário da Casa Civil, Douglas Borba.
Durante o encontro, ficou definido que o Estado vai pagar os valores de maio e junho da contratualização hoje vigente (R$ 150 mil ao mês). A partir de julho, o Governo começa a pagar a nova regulação (R$ 80 mil), com acréscimo da emenda de Minotto dividido mensalmente (cerca de R$ 116 mil).
“É uma grande vitória para a saúde do Sul do Estado. Agradeço a sensibilidade do governador e do Secretário da Casa Civil, que prontamente atenderam essa demanda, trazendo tranquilidade para centenas de famílias”, coloca Minotto.
“A maternidade do Hospital São Donato não vai fechar. Conseguimos hoje uma solução para esse impasse”, destacou Carlos Moisés. O governador já havia sido sabatinado na última sexta-feira, durante o Fórum Parlamentar Catarinense, realizado em Criciúma. Na ocasião, ele afirmou que iria se reunir com o secretário da Casa Civil para definir a situação. Também disse que com um contrato por produtividade, o Estado pode pagar um valor até maior que o atual.
Novo fôlego
Conforme o diretor-administrativo do Hospital São Donato, Júlio César De Luca, o recurso garantirá fôlego para a fundação filantrópica até que ocorra a definição de um novo contrato. “A continuidade do serviço é um benefício para toda a comunidade. Queremos colaborar e ser parceiros do Sistema Único de Saúde. Agradecemos ao parlamentar pela sensibilidade e interferência direta, inclusive, com o sacrifício de uma emenda sua que poderia gerar outros resultados”, afirma De Luca, destacando que antes do imbróglio, a emenda parlamentar estava prevista para melhorar os equipamentos do hospital.
Ao todo, a Maternidade do Hospital São Donato atende mensalmente quase 100 partos, além de Içara, com a demanda também de outras cidades da região. “Até o final do ano, a gente respira e vai tocando a maternidade. Depois a gente vai parar, pensar, ver qual é a nova chave de negociação. O Governo do Estado disse que tem uma nova formula de pagar os hospitais. Daí dá tempo de respirar e conversarmos”, completa De Luca.
Reunião pela UTI
Com um final feliz para a novela da maternidade, a direção do Hospital São Donato prepara-se para uma nova batalha: colocar em funcionamento os dez leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que foi inaugurada ainda no ano passado, mas que não está em atividade por falta de recursos.
“Na quarta-feira eu vou estar em Florianópolis, provavelmente com o doutor Ramon (Tártari) que é o médico regulador das UTIs no Estado, e com o doutor André (Motta Ribeiro), que é o secretário adjunto do Estado da Saúde, a respeito da UTI. Vou tentar ter uma conversa com eles”, revelou De Luca.
Segundo um estudo feito pelo Ministério da Saúde, era necessário o investimento de R$ 440 mil ao mês para custear a ala. No entanto, segundo o presidente do Hospital São Donato, Waldemar Luiz Casagrande, foi feita uma readequação que diminuiu bastante esse valor. “Fizemos um estudo, readaptamos alguns setores e precisamos de R$ 350 mil para colocar os dez leitos para funcionar”, explica.
O valor oferecido pelo Governo do Estado, porém, é ainda menor. A proposta foi de um repasse de R$ 260 mil, o que foi considerado inviável pela direção do hospital.
Relembre o caso
A direção do Hospital São Donato confirmou na última quinta-feira a descontinuidade do serviço de maternidade da instituição. A decisão foi tomada após uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, Helton de Souza Zeferino, em que ele afirmou que o Governo iria parar de fazer o repasse de R$ 150 mil referentes ao setor, a partir de junho.
No dia seguinte, prefeitos de toda a Amrec, além de vereadores, se reuniram no HSD, buscando soluções para o caso. Mais tarde, aproveitaram a presença do governador Carlos Moisés, que participou do Fórum Parlamentar Catarinense, realizado em Criciúma, para cobrarem a retomada dos repasses. A resposta definitiva veio apenas na manhã de ontem.