Neste Dia das Mães, o Gazeta traz uma reportagem especial, da luta e amor incondicional de uma mãe para tirar o filho das drogas

O Dia das Mães é uma data das mais especiais. Mesmo sabendo que as mães merecem ser homenageadas, cuidadas, respeitadas e amadas todos os dias; nesta data as declarações, abraços e demonstrações de carinho se intensificam. É o dia em que recebem café na cama, esposos e filhos fazem o almoço e até limpam a cozinha.

Mas durante o ano todo, as mães se dividem em muitas mães. Uma mãe, várias mães! A mãe em tempo integral, e dona de casa, e profissional, e cuidadora, e cozinheira, e babá, e elegante, e atleta, e bem humorada, e a que não deixa a peteca cair, a mãe casada, a solteira, a viúva, a mãe avó, a mãe tia, a mãe de coração… Diante de tantas funções também existem mães que choram muitas vezes escondidas; mães que sofrem caladas e que suportam as dores do mundo para proteger os seus.

Neste material especial sobre o dia das mães, um tema que gera preconceitos, que afasta pessoas, que destrói famílias, mas que jamais faz uma mãe desistir: ser mãe de um dependente químico. Tarefa árdua, luta diária, muita força, fé e amor envolvidos. A reportagem usará nomes fictícios para preservar a família que teve o desprendimento de expor a história e, assim, tentar ajudar outras famílias que passam pela mesma situação.

Martírio

Roberto, hoje com 28 anos, filho de Maria e Pedro, começou a usar drogas aos 16 anos. Um jovem educado, bom amigo, bom filho, muito atencioso, mas que perdeu, por algum tempo, a direção rumo ao futuro próspero por causa da dependência química. Dois anos após seu envolvimento com drogas, a família descobriu o que estava acontecendo.

“Claro que percebemos mudanças em seu comportamento, mas a gente não quer acreditar. Parece que isso só acontece com os outros. Então continuamos a orientá-lo na ânsia de que fosse apenas uma fase da adolescência. Não que considerássemos normal, mas não queríamos acreditar”, relata a mãe.

Segundo Maria, Roberto passava as manhãs dormindo e fazia uso de maconha e cocaína à tarde e à noite.  “A preocupação foi aumentando porque percebemos que não mudaria. Vivemos um turbilhão, pois a família acaba sendo afetada demais. Muitas pessoas próximas nos criticavam, nos culpavam, e isso nos entristecia e nada nos ajudava. Então conversamos e ele aceitou passar por um tratamento. Foi aí que ele passou pela primeira internação. Tudo certo até sair, mas pouco tempo depois fomos pegos pelo vício novamente. E começamos mais uma luta”, declara Maria, comovida.

A mãe ainda conta que a convivência familiar virou um verdadeiro martírio. Discussões, brigas, “até mesmo ameaças por parte dele, mas nunca pensamos em desistir. Choramos muito, sofremos demais, mas encontrei anjos no caminho que me incentivavam, que me fizeram acreditar que eu estava lutando por algo maior e, com isso, eu jamais desisti de querer o melhor para meu filho” explica, revelando que outras pessoas também a faziam pensar em largar de mão, mandá-lo embora de casa.

“Me diziam para esquecer, viver a minha vida e deixar de cuidar dele, mas como uma mãe pode fazer isso? Eu jamais abandonaria qualquer pessoa que me pedisse ajuda e não seria o meu filho que eu abandonaria. Foi difícil, mas recompensador”.

Um dia após o outro

Depois demais uma grande batalha, tentativas frustradas para internações e muito apoio de amigos de verdade, “que se preocupavam comigo e com meu marido sem ao menos conhecerem meu filho, conseguimos, no final de 2018, que ele voltasse a uma clínica de recuperação. Ele se entregou ao tratamento com muita intensidade e acreditando que seria uma grande oportunidade de mudar. A cada visita percebíamos que ele estava melhorando, estava feliz, estava se preparando para uma nova vida. Foram cinco meses. Hoje ele está em casa. Planejando seu futuro. Meu melhor parceiro. Está cheio de planos para os quais ele sabe que pode contar conosco”, comera Maria.

O pai, por sua vez, celebra a transformação de Roberto. “Ele saiu convicto do que quer para seu futuro. Sua mudança é nítida, bem diferente do que ocorreu após a primeira internação. Hoje ele fala de novos sonhos, de nova vida, é grato por tudo que fizemos e sabe que pode contar conosco de todas as maneiras para sua nova jornada seja brilhante, seja feliz e abençoada”.

“Nossa expectativa é das melhores. Estamos felizes, mas cientes de que é um dia após o outro e por isso estamos presentes em todos os momentos. Ele tem certeza de que em nós está o seu alicerce e nós temos certeza de que ele está preparado para encarar os novos desafios. Meu filho sempre foi trabalhador, dedicado em tudo o que faz, mas teve momentos de fraqueza que o levaram ao uso de drogas. Agora tudo mudou. Não queremos pensar no que passou. Estamos seguindo nossa vida felizes com os resultados obtidos até aqui”, Assinala a mãe cheia de fé e força.

Recado às famílias

Maria também agradece a todos que se envolveram positivamente neste processo. “Passamos por momentos difíceis. Pessoas do bem e de bem nos ajudaram muito e, por isso, seremos eternamente gratos. Uma dívida de gratidão que jamais poderemos pagar a não ser pedindo a Deus que abençoe cada um deles”, pontua Maria aconselhando as famílias:

“Jamais desistam de lutas, jamais desistam de seus filhos, pois nós os geramos, lhes demos a vida e não podemos simplesmente abandoná-los quando um problema aparecer. Sei que não é fácil. A situação é bastante delicada, Mas se não estivermos por perto, se não acreditarmos em Deus e no amor que temos por nossos filhos, se não acreditarmos que podemos ajudar nesta transformação, de nada vale a vida. Estejam por perto, amem, cuidem e jamais abandonem seus filhos”, conclui emocionada.