A Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (DIVE/SC) vinculada à Superintendência de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde, anunciou nessa quinta-feira que foi confirmado o primeiro óbito por febre amarela no Estado. A confirmação veio do Instituto Carlos Chagas (ICC) – Fiocruz do Paraná, com o diagnóstico laboratorial de um paciente de 36 anos, residente em Joinville, que morreu no último dia 12.
Santa Catarina não registrava casos de febre amarela em humanos desde 1966. O paciente não tinha registro de vacina no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (Sipni).
“A doença foi contraída em Santa Catarina e confirma aquilo que a gente vinha se preocupando. Todos os indicadores mostravam que o vírus estava chegando no Estado, por isso mantemos o alerta para toda a população de que o vírus estava prestes a chegar. Esse óbito confirma o que as autoridades estavam prevendo: naquela epidemia que estava em São Paulo, o vírus veio descendo para o Paraná, chegou na divisa e agora a Santa Catarina”, pontua o gerente regional de Saúde da Região Carbonífera, Fernando de Faveri.
Segundo ele, a morte causada pela doença reforça o alerta para que a população procure se imunizar. Feita em dose única, a vacina está disponível gratuitamente na rede pública, em unidades de saúde que contam com sala de vacinação.
“A gente já vem alertando a população desde o início do ano, intensificamos a campanha para a nossa região no mês de fevereiro. O Governo do Estado lançou uma campanha estadual que vai até 20 de abril, em razão de dados técnicos. Infelizmente, a grande maioria espera chegar um momento como esse, para depois correr atrás da vacinação”, aponta De Faveri.
“Nós tivemos um exemplo em 2017, quando a adesão da vacina contra a gripe foi muito baixa. No ano passado, nós tivemos óbitos na região, daí todos correram para as unidades de saúde para vacinar”, acrescenta.
Ele lembra que no Estado era recomendada a vacinação contra a febre amarela apenas quando alguém fazia uma viagem para outro estado ou para o exterior. “Com isso, o pessoal se acomodou e nós temos a menor cobertura vacinal do país”, informa.
Na região, mais de 200 mil pessoas ainda não se imunizaram
O gerente regional de Saúde reforça que, com o vírus dentro do Estado, é preciso procurar a vacina o mais rápido possível. “Porque a imunização de fato ocorre em dez dias após a vacinação”, enfatiza Fernando de Faveri.
Na Região Carbonífera, do público alvo, com idades entre nove meses a 59 anos, mais de 200 mil pessoas ainda não buscaram a imunização, única forma de se prevenir a doença. “Temos que vacinar 322 mil pessoas e até o momento foram vacinadas apenas 120 mil. A dose é gratuita e está disponível nas unidades de saúde com sala de vacina”, reitera.
No Estado, cerca de 56% do público alvo estão imunizados e a meta é chegar a 95%. A febre amarela é uma doença grave que pode levar à morte em cerca de uma semana se não for tratada rapidamente. Ela é causada por um vírus transmitido pela picada do mosquito, não há transmissão de pessoa a pessoa.
Os principais sintomas são: início súbito de febre; calafrios; dor de cabeça intensa; dores nas costas; dores no corpo em geral; náuseas e vômitos; fadiga e fraqueza. Alguns melhoram após esses sintomas iniciais. No entanto, entre 15% e 60% das pessoas que apresentam esses sintomas evoluem para a forma mais grave da doença.
Nos casos graves, a pessoa pode desenvolver algumas complicações como febre alta; coloração amarelada da pele e do branco dos olhos; hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal); e eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Destes que apresentam sintomas mais graves, entre 20% e 50% podem morrer.
Atendimento em horário ampliado e mais um Dia “D”
As salas de vacinação das unidades de saúde de Içara vão estar com horário de atendimento estendido na próxima quarta-feira. Das 16 às 20 horas, as pessoas que ainda não fizeram a vacina contra a febre amarela devem procurar as unidades e realizar o procedimento.
De acordo com a enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Laura Maté, o objetivo é proporcionar mais alternativas às pessoas que não conseguem ir à unidade. “A procura pela vacina está boa no município e o intuito é colaborar com o trabalhador que muitas vezes não consegue ir se vacinar no horário tradicional”, comenta.
As doses estão disponíveis nas unidades do Presidente Vargas, Liri, Nossa Senhora de Fátima, Primeiro de Maio, Cristo Rei, Raichaski, Vila Nova, Aurora, Esplanada, Jaqueline e Jardim Elizabete.
Para abranger ainda mais a população, em 6 de abril, será realizado mais um dia “D” para a vacinação contra a febre amarela, quando as unidades terão atendimento das 8 às 17 horas.