A economia aquecida, como Içara vem experimentando, exige também investimentos. E oferecer infraestrutura adequada, através sobretudo de áreas destinadas a abrigar empresas, é uma das necessidades apontadas pela classe empresarial do município. A cidades conta com distritos industriais, entretanto, já com o espaço todo ocupado, sem a possibilidade de expansão dos empreendimentos ou novas instalações.

“O estímulo do município para a implantação de um novo parque empresarial multissetorial dará condições melhores para atrair indústrias, gerará também demandas que possibilitarão a criação de outros serviços. E tudo isso significa emprego, renda e o retorno de mais recursos para o município investir em outras áreas”, coloca o presidente da Associação Empresarial de Içara (ACII), Ramiro Cardoso.

Segundo ele, os distritos industrias são fundamentais para estimular a instalação de novos empreendimentos. “A infraestrutura é fundamental para atrair empresas. Ela impacta diretamente nos custos da logística dos produtos, no deslocamento dos colaboradores, na manutenção de frota e ainda na possibilidade de expansão. São pontos a serem considerados por quem pretende investir”, aponta.

Por isso, a ACII vai acompanhar a continuidade dos debates sobre o Plano Diretor – fundamental para o desenvolvimento de novas áreas industriais do município –, com atenção especial às zonas industriais devido à possibilidade de alteração para zonas mistas ou residenciais.

Recomendações preventivas já foram encaminhadas à Comissão Temporária de Acompanhamento, Avaliação e Tramitação do Plano Diretor da Câmara Municipal de Içara. Além disso, também foramremetidas às secretarias municipais de Desenvolvimento Econômico e de Planejamento e Desenvolvimento Urbano.

Justificativa

“A importância de manter essas zonas se faz necessário à medida em que muitas indústrias já estão instaladas nessas áreas e com planos de expansão. Logo, caso modifiquem sua natureza (para zonas mistas ou residenciais), a operação, logística e expansão dessas empresas sofreriam danos irreparáveis, correndo o risco de encerrarem suas atividades no município”, justifica Cardoso.

De acordo com ele, o envio do documento foi uma solicitação feita por industriais associados preocupados com o impacto.Além da preservação das áreas industriais, a instituição também entende que deve ocorrer o melhor aproveitamento do território e expansão desses locais com o objetivo de potencializar as atividades econômicas na cidade, sem invadir áreas urbanas e de preservação ambiental.

O Plano Diretor Participativo de Içara foi encaminhado pelo poder Executivo ao Legislativo em março de 2018 e segue em tramitação na Câmara Municipal, onde ainda poderá ser submetido a análises e audiências públicas.

Expectativa pelo condomínio em Esperança

A oferta de um local onde as empresas possam se instalar em Içara deve se concretizar com a instalação do Condomínio Empresarial Luiz Henrique da Silveira, na comunidade de Esperança.

Depois de dois processos licitatórios desertos,a prefeitura promoveu o terceiro certame, concluído na última semana, com uma empresa interessada em assumir as obras.

A companhia é de Jaguaruna, e se mostrou interessada antes mesmo do lançamento do terceiro edital, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico do município, Paulo Brígido.

“Nós visitamos cincos empresas da região, desde o primeiro edital, mas nenhuma se interessou. Já essa empresa demonstrou-se interessada nas obras, e apostou no potencial de crescimento do município”, ressalta.

“Poderíamos ter feito uma contratação direta, porque foram dois editais vazios. Mas optamos por fazer outro processo de licitação, para evitar qualquer transtornos futuros”, acrescenta o secretário.

Ainda não há previsão de inauguração do condomínio, tendo em vista que a empresa precisa requerer o devido licenciamento ambiental, para então dar início às obras. “A partir da obtenção das licenças, a vencedora da licitação terá 12 meses para a execução de todos os trabalhos”, informa o secretário.

“Acredito que nesta semana, no máximo na próxima, assinaremos o contrato. E aí, a empresa já poderá buscar as licenças ambientais, e todas as demais licenças, para iniciar a construção desse importante condomínio para Esperança e Içara”, estima o prefeito Murialdo Gastaldon.

Lotes serão vendidos aos interessados

A empresa vencedora da licitação para instalação do Condomínio Luiz Henrique da Silveira ficou com 22 dos 35 lotes, e em contrapartida terá que viabilizar a infraestrutura do complexo industrial. Os 13 terrenos restantes foram para o município e devem igualmente ser vendidos.

O tamanho de cada área varia de 1,5 mil a dois mil metros quadrados. A intenção é abrigar desde empresas de pequeno porte até grandes empreendimentos, pois o mesmo interessado pode adquirir mais de um lote.

Inicialmente, os dez hectares de terra em Esperança, adquiridos pela prefeitura de Içara, seriam destinados à instalação da Cimolai, mas a multinacional desistiu de investir em uma nova unidade. Com isso, a área que seria para alocação de uma única empresa agora poderá receber até 35 novas operações.

“A prefeitura comprou o terreno, pagou na época aproximadamente R$ 700 mil, e claro que hoje aquele terreno tem uma valorização maior”, relata o prefeito Murialdo Gastaldon. O secretário Paulo Brígido completa que, após a desistência da Cimolai, surgiu a ideia de beneficiar mais empresas.

“Quem ganha é a cidade de Içara”, diz Murialdo Gastaldon

Apesar de o Condomínio Empresarial Luiz Henrique da Silveira ser localizado em uma comunidade do interior de Içara, Esperança, o prefeito Murialdo Gastaldon entende que todo o município será beneficiado com a instalação.

“Quem ganha é a cidade de Içara como um todo. Quanto mais empresas, quanto mais empregos, maiores também são as compras no comércio, a arrecadação da prefeitura. É um círculo virtuoso em que todos saem ganhando”, avalia o chefe do Executivo, que é economista.

“As empresas têm uma área para se estabelecer com toda a infraestrutura apresentada, com toda uma logística no seu entorno. São empregos que serão gerados, são movimentações no comércio, mais arrecadação, sem que haja qualquer aumento na tributação da população”, completa Gastaldon.

Os benefícios, de acordo com secretário de Desenvolvimento Econômico, Paulo Brígido, também vão contemplar empresas de pequeno porte localizadas no município, que hoje ocupam espaços inadequados.

“Içara tem muitas empresas em terrenos urbanos, algumas que iniciaram no fundo de casa, e a legislação não permite mais. E não têm condições de sair do local. Agora vão ter condições de ir pra lá, e crescer com o empreendimento. Recebi nos últimos dias muitas pessoas que tinham o interesse de ir para um local próximo à BR-101. São empresas que têm potencial para crescer”, conta Brígido.

Diversificação

Pelo condomínio ser localizado em um ponto estratégico, conforme o prefeito, as vantagensvão alcançar desde as empresas que se instalarem no local até os moradores da comunidade, que hoje se mantém basicamente da agricultura.

“Na medida que próximo da BR-101 duplicada, ao lado da ferrovia Tereza Cristina, ali na BR-101 com toda aquela obra feita no viaduto, que permite a comunicação de caminhões e trens, tanto na direção de Florianópolis quanto de Porto Alegre, é uma região extremamente estratégica”, observa Gastaldon.

“O condomínio vai dar um impulso extraordinário para essa região de Linha Pasqualini, Esperança, Esplanada, Ronco d’Água. É uma região que precisa passar por uma reconversão econômica, pois ficou muito dependente da agricultura. E há possiblidade de, além da agricultura que deu sustentação à região, nós colocarmos outras empresas ligadas à indústria, para dar um impulso ainda maior no desenvolvimento daquelas comunidades”, destaca o prefeito, enfatizando a importância da diversificação da economia.

Projeto é inviabilizado pelo alto custo

Além da instalação do condomínio, a Administração Municipal pretendia criar mais uma área industrial, tendo em vista que os outros distritos estão todos ocupados. Entretanto, o projeto acabou inviabilizado pelo alto custo.

“Nós temos um projeto para a construção de uma área industrial na Terceira Linha. Mas os terrenos valorizaram muito, devido à colocação do asfalto que liga direto àVia Rápida. Isso está impedindo a implantação”, justifica o secretário Paulo Brígido.