Se há uma palavra para definir a atual legislatura na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), ela é renovação. Dos 40 deputados que iniciaram as atividades nesta semana, 22 não estavam no Parlamento estadual nos últimos quatro anos e, entre eles, 18 nunca haviam exercido mandatos na Casa, como titulares ou suplentes.
Na lista de estreantes, está Jessé Lopes (PSL), um dos representantes da Região Carbonífera na Alesc. “Depois de assumir a presidência do PSL em Criciúma, tive o incentivo das pessoas, pelo trabalho que vinha fazendo, de trazer a militância pró-Bolsonaro para o partido. Na hora de definir (a candidatura), surgiu o meu nome, pela confiança das pessoas. Mas não era minha prioridade”, revela.
Segundo ele, a principal bandeira será ideológica. “As pessoas sentem falta da ética e da transparência na política e também sempre fui crítico em relação a isso. Minha bandeira é a moralidade, além de um Estado mais enxuto, sem privilégios”, aponta o pesselista.
Outros quatro deputados voltam à Alesc e esse é o caso, inclusive, do presidente Júlio Garcia (PSD), que retorna após a aposentadoria como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE/SC).
De acordo com ele, a intenção neste mandato é continuar o combate à desigualdade sofrida por pessoas com deficiência, mas este não foi o único motivo que promoveu o retorno do deputado. A renovação política também foi um fator determinante.
“Eu tenho um desejo de atuar nesse momento especial da política no Brasil e em Santa Catarina. Por isso, saí como candidato a deputado estadual, e consegui. Essa eleição foi diferente, o Brasil passou por uma crise. Tivemos as investigações da Lava Jato e a imprensa teve um papel fundamental nesse processo (divulgando as informações)”, considera Júlio Garcia.
Reeleitos
Por outro lado, 18 deputados foram reeleitos no pleito de 2018. Entre eles, estão três representantes do Sul do Estado: Ada De Luca, Luiz Fernando Vampiro (ambos do MDB) e Rodrigo Minotto (PDT).
Mesmo assim, a taxa de renovação foi de 55%, a maior desde 2002. “Realmente, tivemos uma onda que carregou telhado, paredes, mas o meu alicerce que é o trabalho, não foi carregado e graças a isso eu fui reeleita”, entende Ada De Luca.
“Eu entro nessa legislatura mais uma vez compromissada com o catarinense. Reafirmo meu compromisso com a Região Carbonífera, onde sempre realizei um trabalho focado, especialmente na cidade de Içara, que é um exemplo e vem se desenvolvendo e se destacando no Estado”, cita a deputada.
“Agradeço mais uma vez a ajuda do cidadão içarense e a sua confiança no meu trabalho. E é isso o que vou continuar fazendo. Me candidatei para representar o povo e lutar pelos seus interesses, então o meu foco é lutar pelo melhor para o cidadão catarinense e eu espero que essa nova legislatura se destaque nesse sentido”, declara a emedebista. “Para a política, 2018 foi um ano sensível, o índice de reeleição foi baixo. Isso mostra que temos que fazer muito mais pela população. Nós não podemos mais cortar gastos de áreas fundamentais e não cortar de outras onde realmente precisa ser feito esse enxugamento”, defende Vampiro.
“As urnas deram um recado de que a população não aceita mais a velha política. Neste segundo mandato, vamos honrar novamente cada voto de confiança recebido. Esse mandato participativo, ouvindo as pessoas e encaminhando soluções, vai continuar porque foi aprovado pelos catarinenses. Seguimos trabalhando na construção de um Estado mais eficiente e que consiga entregar serviços de qualidade à população”, afirma Minotto.
Bancada catarinense na Câmara é renovada em 68,75%
A tendência mostrada no Estado se refletiu também na escolha dos deputados federais. A bancada de Santa Catarina na Câmara foi renovada em 68,75% nas eleições de outubro, ou seja, dos 16 parlamentares catarinenses na Casa nos últimos quatro anos, apenas cinco foram reeleitos.
Entre eles, está Geovania de Sá (PSDB), para quem a renovação é positiva. “Uma Câmara renovada que vai contar com a experiência dos reeleitos, que tiveram seu trabalho aprovado pelo povo, e com a vontade de fazer a diferença dos novos deputados. É assim que eu espero, mas só saberemos qual será a nova realidade a partir do reinício das atividades”, pondera.
A Região Carbonífera colaborou com dois estreantes na Casa: Daniel Freitas (PSL) e Ricardo Guidi (PSD). Freitas, aliás, teve a segunda maior votação do Estado, recebendo mais de 142 mil votos.
A candidatura a deputado federal, segundo ele, surgiu do momento em que o Brasil passava por uma crise política e se consolidou com a possibilidade de mudanças. “O convite de fazer parte do projeto do PSL em Santa Catarina, e de concorrer como deputado federal, foi a chance de realizar meu sonho e dar continuidade ao projeto na vida pública”, aponta Freitas.
A mudança de cargo, de deputado estadual para federal, partiu do princípio de busca por melhorias no Estado e no país, segundo Ricardo Guidi. “Acredito que é na Câmara onde conseguimos as mudanças para o Brasil. É lá onde está o montante de recursos para melhorar o Brasil e o Estado. E com a renovação do Congresso, acredito que conseguiremos uma mudança no país”, ressalta.