Prefeito reassume cargo nesta sexta-feira (1º) após 180 dias afastado e medidas cautelares revogadas pelo TJSC

Criciúma

Após cerca de dois meses afastado, o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), está autorizado a retomar o comando do município a partir desta sexta-feira (1º), às 9h30. A decisão foi concedida pela 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), que revogou, por unanimidade, todas as medidas cautelares impostas a Salvaro em função da Operação Caronte. O prefeito, que estava em Florianópolis ao receber a notícia, já se desloca para Criciúma e prepara sua posse no Paço Municipal Marcos Rovaris.

A Operação Caronte, coordenada pelo Gaeco, investiga supostas irregularidades em licitações para serviços funerários em Criciúma, envolvendo também outras cidades catarinenses. Salvaro, afastado desde 3 de setembro, cumpria medidas como uso de tornozeleira eletrônica e restrição de presença em órgãos públicos. Todas essas restrições foram suspensas após o parecer favorável da desembargadora Cinthia Schaefer, relatora do caso no TJSC, que também permitiu ao prefeito o retorno às redes sociais e entrevistas, com a exceção de comentários sobre o caso em investigação.

Retorno

A volta de Salvaro à prefeitura ocorre em um momento de celebração, pois seu candidato, Vaguinho Espíndola (PSD), foi eleito como seu sucessor nas eleições municipais. A conquista, no entanto, gerou tensões políticas, especialmente com o governador Jorginho Mello (PL), que Salvaro acusou publicamente de tentar influenciar o resultado eleitoral contra seu grupo político. Em resposta, Mello negou as acusações e ressaltou que Salvaro chegou a ofender o Ministério Público e o Judiciário estadual.

Antes da posse, o prefeito reuniu assessores e já delineou algumas das primeiras ações que marcarão o fechamento de seu mandato. Um dos eventos planejados é a celebração dos 99 anos de emancipação de Criciúma, programada para a próxima semana.

Processo e defesa judicial

A defesa de Salvaro, liderada pelo advogado César Abreu, alega que o prefeito sempre manteve uma postura colaborativa com a Justiça e que as acusações não têm fundamento sólido. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), no entanto, recorreu da decisão de soltura, alegando riscos de interferência no processo. De acordo com Abreu, o pedido do MPSC é improcedente, e Salvaro deve continuar exercendo suas funções públicas até o término do processo. “O prefeito não tem qualquer envolvimento com as acusações. Estamos confiantes de que o judiciário não aceitará essa pretensão”, afirmou Abreu.

O advogado reforçou que as acusações baseadas em conversas e reuniões entre Salvaro e Jefferson Monteiro, um dos investigados e figura política local, são normais e sem implicações criminais. “Jefferson é uma figura pública, e encontros entre ambos ocorreram como parte da vida política de Criciúma”, comentou Abreu.

Preparativos para a posse

Com o fim das medidas cautelares, Salvaro se prepara para reassumir oficialmente suas atividades. Ontem (31), ele retirou a tornozeleira eletrônica e já iniciou conversas com o prefeito interino, Ricardo Fabris (MDB), que estava organizando a exoneração dos cargos comissionados de sua gestão interina para devolver o controle da administração ao titular. A expectativa é de que a posse na sexta-feira (1º) conte com a presença de apoiadores e simbolize um encerramento vitorioso de sua gestão, como ele próprio destacou em discursos anteriores.

Apesar do clima de festa, a defesa pede que a imprensa evite questionar Salvaro sobre o andamento do processo judicial, enfatizando que o caso continuará em julgamento sem interferências. Salvaro, que promete cumprir o restante do mandato com responsabilidade, mencionou que planeja encerrar sua gestão com a mesma integridade com que entrou, referindo-se ao desejo de “sair pela porta da frente da prefeitura” ao fim de seu mandato em dezembro.