Desembargadores sinalizam maioria pela manutenção da prisão; julgamento pode ocorrer na próxima semana.
Criciúma
O julgamento da manutenção da prisão do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, e de outros nove envolvidos na Operação Caronte foi adiado nesta quinta-feira (5) após um pedido de vista do desembargador Antônio Zoldan da Veiga, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). Salvaro foi preso na última terça-feira (3) após ser denunciado pelo Ministério Público por envolvimento em fraudes de licitações de serviços funerários no município.
A prisão de Salvaro foi determinada pela desembargadora Cinthia Bittencourt Schaefer, relatora do processo, que acatou o pedido do Ministério Público. O julgamento seria realizado pela 5ª Câmara Criminal, composta por três desembargadores, mas foi suspenso após o pedido de vista. Até o momento, dois desembargadores, Cinthia Schaefer e Luiz Cesar Schweitzer, votaram pela manutenção da prisão, enquanto Zoldan solicitou mais tempo para analisar o caso. A expectativa é de que a decisão final seja tomada na próxima quinta-feira (12).
A Operação Caronte, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), investiga fraudes e corrupção envolvendo contratos de serviços funerários em Criciúma. As investigações apontam para a existência de uma organização criminosa e a alteração de legislações municipais para favorecer certas empresas, como o Crematório Catarinense. “As investigações apuraram possíveis crimes relacionados a contratos públicos de serviços funerários”, afirmou uma fonte ligada ao Ministério Público.
Em nota, o Tribunal de Justiça esclareceu que o pedido de vista “não envolve pedidos de revogação de prisão preventiva ou concessão de prisão domiciliar” e que o julgamento se limita à ratificação da decisão da relatora. O órgão também informou que é comum que pedidos de vista sejam feitos quando há discordância ou necessidade de mais informações por parte de um dos desembargadores. “Trata-se de um procedimento normal no tribunal, sem qualquer especulação de conflito entre os magistrados”, disse o TJSC.
Até o momento, a tendência é que a prisão de Salvaro e dos outros envolvidos seja mantida. “O pedido de vista indica a possibilidade de divergência, mas os votos já registrados podem influenciar na decisão final”, comentou uma fonte próxima ao tribunal. Caso o desembargador Zoldan vote pela revogação da prisão, os demais magistrados podem reconsiderar suas posições. O desfecho do julgamento, no entanto, permanece incerto, e o prefeito deverá permanecer preso pelo menos até a nova data de deliberação.