Quatro carros e R$ 40 mil em dinheiro são apreendidos em ação policial na Cooperaliança

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O presidente da cooperativa, Reginaldo de Jesus, o Dedê, foi preso temporariamente junto com sua esposa e outras duas pessoas

Içara

A apreensão de R$ 40 mil em dinheiro, quatro veículos apreendidos, além de quatro mandados de prisões temporárias cumpridos foi o resultado da Operação Iluminado, deflagrada pela Polícia Civil de Içara na manhã de ontem (16). Os detalhes da ação foram divulgados pelo delegado Rafael Iasco, coordenador das investigações, em coletiva à tarde. O presidente da cooperativa, Reginaldo de Jesus, o Dedê, e sua esposa, e dois funcionários são os detidos temporariamente.

O foco da operação foi a Cooperativa Aliança (Cooperaliança), cooperativa de distribuição de energia nas cidades de Içara e Balneário Rincão, além de parte dos municípios de Jaguaruna e Araranguá. A ação policial apura desvio de recursos da Cooperaliança para enriquecimento ilícito de pessoas ligadas à atual gestão da cooperativa e familiares.

A investigação, que iniciou em maio de 2022, conseguiu levantar provas de indícios de prática de crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato, falsidade ideológica e sonegação fiscal.

“Houve um enriquecimento rápido de alguns dos atuais gestores da Cooperaliança. E temos provas de que isso realmente ocorreu”, informou o delegado Rafael Iasco. “Ainda não temos o valor total que possa ter sido desviado. Mas houve uma movimentação financeira muito atípica de pessoas ligadas à gestão da cooperativa, muito aquém da capacidade financeira delas”, reforçou.

Dinheiro em espécie

Os 12 mandados de busca e apreensão e os mandados de prisão foram cumpridos nas cidades de Içara e Balneário Rincão. Foram apreendidas também escrituras e contrato de compra e venda de imóveis. Buscas foram efetuadas ainda em uma revenda de veículos. “Este estabelecimento, à princípio, seria para lavar o dinheiro desviado, assim como a compra de imóveis”, disse o delegado.

Durante as buscas, a Polícia Civil localizou R$ 40 mil em dinheiro na casa de um dos investigados. “Ele falou que não tinha nada. Entregou documentos, falou que colaboraria com a investigação. Durante as buscas, ao abrir um compartimento caiu o dinheiro”, detalhou Iasco.

A prisão temporária tem prazo legal de cinco dias, podendo ser prorrogada por período igual. A Polícia Civil não descarta a possibilidade de solicitar a prisão preventiva dos suspeitos, que é quando os investigados ficam presos durante todo o processo judicial.

“As prisões temporárias decretadas têm como objetivo não tumultuar as investigações. Estamos em um momento bem sensível da operação. Então vamos manter essas pessoas sem o poder de manipular provas ou testemunhas. Se a gente achar que as provas são suficientes para pedir uma prisão preventiva, vamos pedir”, destacou.

Pelo menos 60 depoimentos

Ao longo de ontem, mais de seis pessoas já prestaram depoimento ao delegado, que acredita que mais de 60 pessoas serão ouvidas ao longo das investigações. Há a possibilidade de deflagração de mais fases da operação.

“A princípio tem todo um conluio de pessoas. São duas pessoas presas, mas ainda podem surgir mais nomes. A investigação também pode ter novas etapas. Se alguém tem algo para falar, que fale agora para a Polícia Civil. A hora é agora”, enfatizou Rafael Iasco.

Após a ação policial, a Cooperaliança retomou as suas atividades. Não há no momento decisões judiciais para pedido de afastamento dos investigados ligados à cooperativa. O Núcleo Macrorregional do Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (LAB-LD/Deic) e a Polícia Científica também se instalaram nesta terça-feira na sede da empresa para coletar provas nos computadores, além de analisar dados dos celulares dos suspeitos.

Em nota, a Cooperaliança informou que “está à disposição das autoridades judiciárias para quaisquer informações que forem necessárias com relação à Operação Iluminado”, e que, por meio do seu departamento jurídico, “aguarda os desdobramentos das investigações a fim de contribuir com a transparência”.

Nota da Cooperaliança na íntegra:

A Cooperativa Aliança – concessionária de distribuição de energia elétrica -, vem a público esclarecer, em respeito à sociedade e à imprensa, que está à disposição das autoridades judiciárias para quaisquer informações que forem necessárias com relação à Operação Iluminado, deflagrada na manhã desta terça-feira (16), pela Polícia Civil.

A empresa também informa que, por meio do seu departamento jurídico, aguarda os desdobramentos das investigações a fim de contribuir com a transparência. No momento, não temos mais informações a serem repassadas, uma vez que o processo encontra-se em segredo de justiça.