Doença é a principal causa de cegueira irreversível no mundo
Da Redação
O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo e deve afetar 111,8 milhões de pessoas em 2040, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). No entanto, quatro em cada dez brasileiros não sabem o que é a doença. O dado é da pesquisa “Um olhar para o glaucoma no Brasil”, divulgada pelo Ibope Inteligência há dois anos, e revela a necessidade de levar informação à população. E é para isso que foi criado o Maio Verde, no mês em que ocorre o Dia Nacional de Combate ao Glaucoma (26/5).
“O principal fator associado à cegueira é o estágio da doença no momento do diagnóstico. Em países desenvolvidos, 50% das pessoas desconhecem que têm o problema. Em países subdesenvolvidos como o Brasil, esse índice cai para cerca de 20%. Isso atrasa a procura pelo oftalmologista e o diagnóstico. E quando a pessoa tem acesso ao médico, muitas vezes não são realizados na consulta exames que são fundamentais para a sua detecção. Informação, acesso ao oftalmologista e atendimento de qualidade são as condições que farão a diferença no combate ao glaucoma”, aponta o médico especialista em glaucoma Ricardo Suzuki.
O que é, causas e sintomas
O glaucoma é uma doença degenerativa, normalmente bilateral (acomete os dois olhos), que afeta o nervo óptico. Se não diagnosticado de modo precoce e tratado de modo adequado, pode levar à cegueira. “A medida que ocorre a perda das fibras do nervo óptico, de modo progressivo e irreversível, gradativamente há a redução do campo visual. No entanto, os sintomas somente se tornam perceptíveis para a pessoa em uma fase muito mais avançada, quando há pouco a se fazer para o paciente e o comprometimento definitivo da visão já está na faixa de 40% a 50%”, afirma Suzuki.
Conforme explica o especialista, não basta, portanto, fazer apenas o exame de grau para determinar o problema de refração e providenciar lentes corretivas para garantir a saúde ocular. “É preciso ao menos uma vez ao ano fazer um checkup oftalmológico, com a aferição da pressão ocular e o exame de fundo de olho, que indicará suspeitas em casos iniciais ou mesmo detectará casos moderados e avançados. Avaliações funcionais, relacionadas ao campo visual, e anatômicas (como retinografia e OCT, a tomografia de coerência ótica) também podem ser solicitadas, além da Gonioscopia, capaz de determinar o tipo de glaucoma que o paciente tem, o que vai dar direcionamento sobre o prognóstico e tratamento necessários”, explica.
A doença tem como principal fator de risco o aumento da pressão intraocular (dentro dos olhos, não confundir com pressão arterial), mas essa não é a única causa. “Estão mais suscetíveis ao glaucoma pessoas que apresentam uma ou mais das seguintes condições: idade a partir de 40 anos, histórico familiar, miopia (principalmente se elevada), diabetes e afrodescendentes”, comenta o especialista. No Brasil, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a patologia atinge de 2% a 3% da população acima de 40 anos, o que corresponde a cerca de 1 milhão de pessoas.