A onda de calor tem afetado todo o Estado de Santa Catarina, mas região Sul tem sofrido até com a falta de água

Içara

O mês de janeiro está registrando uma das maiores ondas de calor dos últimos anos e quem tem sofrido muito com a falta de chuva são os agricultores, que estão perdendo parte da lavoura por causa da estiagem. Uma das culturas mais afetadas é a de milho, que estava em fase de colheita e teve perdas estimadas em até 30%. A situação poderá se agravar mais ainda se não chover nos próximos dias. “Estamos acompanhando a situação.  É bastante preocupante e já foi entregue uma pauta ao Governo através das Federações, agora vamos aguardar o que o governo vai atender. Aqui em Içara, a Secretária da Agricultura está atendendo todos que estão precisando, principalmente de água”, pontua o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Içara, Hercílio Jair D´Estefani.

A Epagri de Içara vem acompanhando a situação dos agricultores e fez um relatório que foi passado para a Defesa Civil para possíveis providências. O engenheiro agrônomo da Epagri de Içara, Luiz Fernando Burigo Coan relata que a lavoura de milho está com uma perda estimada de 30%, com um prejuízo estimado para os agricultores em mais de R$ 12 mil. A lavoura de soja está com perda de 10%, com prejuízo para os produtores de R$ 637 mil. Também a safra de arroz está prejudicada em 20%, com prejuízo estimado em mais de R$ 3 milhões. Os produtores de leite estão sofrendo com as pastagens secas, já que para conseguir a produção desejada tem que tratar o gado com ração e cilagem, com perdas de R$ 10%.

“O que mais sofreu com a seca foi o milho, pois tem uma maior área plantada. Nós temos duas safras de milho. Uma que está sendo colhida, mas com perdas devido à seca, e outra que está sendo plantada e que se não chover nos próximos dias a situação vai piorar ainda mais”, aponta o engenheiro agrônomo da Epagri. Também a Secretaria de Agricultura de Içara acompanha a situação com preocupação. O secretário da pasta no município Silvio Viana explica que todo o município está sendo afetada. “Muito preocupante a situação, principalmente para quem plantou o milho recentemente ou ainda está esperando a chuva para plantar, pois pode passar do tempo e ter a safra prejudicada”, aponta Viana.

Linhas de crédito

Os estragos causados pela estiagem nas lavouras de Santa Catarina devem causar redução de 43% na safra de milho. Para minimizar os impactos da falta de chuvas, porém, os produtores rurais contam com o apoio do Governo do Estado com linhas de crédito especiais, entre elas o Reconstrói SC, que oferece condições de pagamento facilitadas e um desconto de 50% no valor financiado. Nesta semana, o secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Altair Silva, cumpriu roteiro no Extremo Oeste para apresentar os programas que estão disponíveis para os agricultores catarinenses.

“O Governo do Estado está realizando investimentos importantes para aumentar a segurança dos produtores rurais. Este ano serão mais R$ 150 milhões para apoiar a construção de sistemas de captação, armazenagem e uso de água nas propriedades rurais, sem contar a recuperação de fontes e nascentes. Essas reuniões regionais são fundamentais para que as lideranças conheçam os programas disponíveis e orientem os agricultores sobre o apoio dado pela Secretaria da Agricultura, em especial ao crédito emergencial”, ressalta o secretário Altair Silva.

Desde 2021, a Secretaria de Estado da Agricultura reforçou os programas para aumentar a disponibilidade de água no meio rural de Santa Catarina. São duas frentes de atuação: o SC Mais Solo e Água, com crédito para construção de sistemas de captação e distribuição de água, além da conservação de fontes e nascentes, e a linha emergencial Reconstrói SC, que pode ser utilizada para recuperação de sistemas produtivos.

Os produtores rurais contam com financiamentos de até R$ 10 mil, sem juros e com cinco anos para pagar. Caso o pagamento seja feito em dia há um desconto de 50% no valor total. O Reconstrói SC pode ser acessado para realizar a recomposição de pastagens, aquisição de sementes e alimentação animal – apoiando os produtores de grãos e leite.