Estados reduzem intervalo entre doses da AstraZeneca, mas Ministério da Saúde adota 12 semanas

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Como a bula da vacina recomenda intervalo de 4 a 12 semanas, alguns estados, entre eles Santa Catarina, começam a encurtar o prazo

Da Redação

O intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina AstraZeneca foi reduzido em alguns estados do Brasil, entre eles Santa Catarina, mas o Ministério da Saúde ainda recomenda 12 semanas (três meses). Os gestores de Saúde nestes estados buscam estrategicamente, se der certo, uma proteção maior contra a variante delta do coronavírus. Em Santa Catarina, o intervalo passa a ser de 10 semanas.

Estados encurtam o prazo para aumentar a proteção contra a variante delta mesmo sem orientação do governo federal, com base em estudos que apontam que somente a vacinação completa protege contra esta variante. O ministério chegou a estudar esta redução do prazo, mas reunião da Câmara Técnica manteve as 12 semanas. Para os profissionais da Câmara Técnica Assessora em Imunizações do Ministério da Saúde, é preferível o maior prazo previsto em bula para aumentar o total de pessoas vacinadas com ao menos 1 dose, já que a AstraZeneca oferece proteção parcial de 76% já 21 dias após a primeira aplicação.

Já divulgaram a redução do intervalo os estados, além de Santa Catarina, Pernambuco, Acre, Tocantins, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Piauí. Houve ainda mudanças pontuais para grupos ou faixas etárias no Ceará, Alagoas e Sergipe. O estado de São Paulo também manifestou a intenção de encurtar o prazo, mas disse ainda depender de aval da Anvisa.

Previsão em bula

A bula da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável pela produção e importação da tecnologia da AstraZeneca, já informa que “a segunda injeção pode ser administrada entre 4 e 12 semanas após a primeira”.

A AstraZeneca reafirmou que “os estudos realizados até o momento demonstram que a vacina é eficaz na prevenção da Covid-19 sintomática quando aplicada neste intervalo de tempo”, de 4 a 12 semanas. A farmacêutica disse, ainda, que a vacinação com a segunda dose após 60 dias “foi avaliada em estudos clínicos – e, por isso, está aprovada”.

Já o Ministério da Saúde informou que “acompanha a evolução das diferentes variantes do Sars CoV-2 no território nacional e está atento à possibilidade de alterações no intervalo recomendado”. A pasta também disse que “o tema foi, inclusive, discutido amplamente na Câmara Técnica Assessora em Imunizações, em reunião realizada no dia 2 de julho deste ano, sendo que o parecer (…) foi a de manutenção deste intervalo”.

Avanço da variante delta

Até o momento, a variante gama é a dominante no país, mas, no último mês, foram confirmados casos da delta inclusive na cidade de São Paulo. A revista científica Nature apresentou um estudo assinado por cientistas do Instituto Pasteur e do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS, na sigla em francês) mostrando que a variante delta é parcialmente resistente a alguns tipos de anticorpos, mas que duas doses da vacina da Pfizer ou da AstraZeneca/Oxford são capazes de neutralizá-la.

Outra pesquisa feita pelo governo do Reino Unido demonstra que “duas doses da vacina Covid-19 AstraZeneca são 92% eficazes contra a hospitalização devido à variante delta e não mostraram mortes entre os vacinados”.