Comemorado nesta sexta-feira, o Dia Mundial da Água estimula uma reflexão sobre a segurança hídrica, que se renova a cada ano, mas mantém como maior preocupação a preservação de mananciais, a fim de garantir a quantidade e a qualidade da água. O trabalho de conscientização tem iniciado desde cedo junto às crianças, através da educação ambiental, oferecida nas escolas e através de órgãos relacionados ao meio ambiente.

De acordo com a geóloga e professora do curso de Geografia da Unesc, Yasmine de Moura da Cunha, baseada no Plano Estadual de Recursos Hídricos, a água disponível na Região Hidrográfica do Extremo Sul Catarinense está em péssima situação, tanto em qualidade quanto em quantidade.

A região hidrográfica com situação mais crítica de Santa Catarina abrange 29 municípios das bacias hidrográficas dos rios Araranguá, Urussanga e afluentes catarinenses do rio Mampituba: Araranguá, Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Balneário Rincão, Cocal do Sul, Criciúma, Ermo, Forquilhinha, Içara, Jacinto Machado, Jaguaruna, Maracajá, Meleiro, Morro da Fumaça, Morro Grande, Nova Veneza, Passo de Torres, Pedras Grandes, Praia Grande, Sangão, Santa Rosa do Sul, São João do Sul, Siderópolis, Sombrio, Timbé do Sul, Treviso, Treze de Maio, Turvo e Urussanga.

“Diante dessa realidade e visando compatibilizar a disponibilidade e demanda de água, esse mesmo plano estabeleceu como meta para a região reduzir em 28% a demanda total de água até 2027”, revela a professora, responsável na Unesc por estudos voltados aos recursos hídricos da região.

“Nós tivemos uma reunião com o pessoal da Unisul, que está elaborando o Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Urussanga, e infelizmente nós temos o pior cenário do Estado. A nossa região já ultrapassou a linha vermelha, tanto em relação à disponibilidade quanto em qualidade. Nossa água é muito ruim, muito abaixo do que é exigido e, além disso, a quantidade é muito pouca. A água é importante não só para as empresas, mas também para o nosso consumo”, lembra Carla Possamai Della, presidente do Comitê da Bacia do Rio Urussanga.

 

Impactos gerados pela atividade econômica

 

Além do depósito irregular de lixo, os recursos hídricos acabam atingidos pela atividade econômica, seja pela agropecuária, indústria ou mineração. De acordo com a geóloga Yasmine da Cunha, qualquer atividade minerária pode acarretar degradação ambiental, como a extração de areia, argila e cascalho.

“No caso da atividade mineira, é muito importante que haja um processo de licenciamento ambiental, que a atividade seja bem planejada, com adoção de um método menos impactante, com projetos de reabilitação das áreas e monitoramento e uma fiscalização eficiente. Aliado a isso, a conscientização de todos seria o fator que traria uma mudança comportamental efetiva”, considera.

Os problemas referentes à extração do carvão, que por muitos anos foi a base da economia na região, estão ligados à alteração da superfície da terra, que provocam impactos sobre a água, ar, solo e paisagem.

Segundo a bióloga Morgana Cirimbelli Gaidzinski, tanto a mineração subterrânea quanto a mineração a céu aberto podem trazer problemas ambientais, pois acarretam em modificações na estrutura do meio natural quando há a disposição inadequada dos rejeitos, com contaminação de águas superficiais e subterrâneas.