Animais de estimação
“Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer” (Jeremy Bentham).
“Quanto mais conheço os homens, mais estimo os animais” (Alexandre Herculano).
Nunca imaginei que me encantaria por algum animal, um passarinho ou qualquer outro da espécie. No máximo alimentá-los, sem nenhum vínculo afetivo.
Não apreciava ver Antônia andando na pracinha toda enfeitada, cuja roupa que usava combinava com o traje do cãozinho! O passeio sagrado embelezava seus finais de tarde. O “Reizinho” parecia uma árvore de natal com laços coloridos distribuídos na veste dourada e vermelha. Num dia chuvoso, ambos estavam vestidos de verde limão embaixo de um guarda-chuva e foi hilário!
Outra história, a minha tia e o seu gato de olhos azuis! Em muitas ocasiões, observei que existia um amor entre ambos que nem os seres humanos conseguem nos demonstrar. Encarava de longe com doçura e confiança. Sua boca estava sempre entreaberta esperando o alimento e se espreguiçando. O sofá de cetim azul é o seu lugar preferido! Brinca e parece sorrir… Faceiro, enrosca-se numa manta branquinha alva bordada com fios de prata (inacreditável!). Apoia o tronco sobre uma almofada e os pés em outra, imaginem a mordomia de um felino! Para sair da rotina, deita e dorme num cantinho da estante invadida por autores famosos: Walter Isaacson, Émile Zola, Victor Hugo, Paulo Coelho, Saramago, Rubem Braga, Machado de Assis e outros mestres da literatura. Em mundos diferentes há entre eles uma comunicação não identificável… Sorrateiro dá uns saltos em direção aos escritores… Outro dia a capa amarelada e envelhecida de um livro ganhou arranhões das unhas afiadas do gato. Parece o dono da casa, acreditem! Está atrevido… Casa de tia é igual a casa da mãe, transformamo-nos em filhos. Vivia lá comendo a rosquinha de polvilho, mas outro dia fui lá e sentei, que susto! O gato veio numa corrida com jeito de travesso e se infiltrou no meu colo feito um bebê atrás de cafuné. Não suportei o louco… Medrosa, abandonei a tia por causa do gato!
Uma amiga professora gostava de um cavalo, ainda bem que ele não entrava na casa! Vivia abraçada naquele animal, beijava e parecia conversar com ele. Nunca vi algo igual! Toda a decoração era composta por imagens de cavalos! As telas nas paredes, objetos decorativos e uma cortina do seu quarto era branca e mil cavalinhos. É surpreendente o amor das pessoas pelos animais.
O poeta Manuel Bandeira escreveu um poema para seu animal de estimação, um porquinho-da-índia: “Quando eu tinha seis anos/ Ganhei um porquinho-da-índia/ Que dor no coração me dava/ Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! /Não fazia caso das minhas ternurinhas…”. Segundo o poeta, o porquinho foi o seu primeiro amor.
Ao descrever os fatos para vocês, fiquei imaginando que os leitores poderiam me julgar por não mostrar afeto por estes animais, mas sobrou para mim, caí numa armadilha! Acabei me apaixonando por um cãozinho, chama-se “Pretinho”. Sempre sério, quieto, devagar… Os sentimentos do coração são assim, fui pega de surpresa!
“Para um cão, você não precisa de carrões, de grandes casas ou roupas de marca. Símbolos de status não significam nada para ele. Um graveto já está ótimo. Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou idiota, esperto ou burro. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Dê seu coração a ele, e ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa. De quantas pessoas você pode falar isso? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?” (John Grogan).
“A compaixão para com os animais é a mais nobre virtude da natureza humana” (Charles Darwin).