Outro assunto que tira o sono dos gestores na área da saúde é o esvaziamento do Mais Médicos. Em Içara, dos 14 profissionais que faziam parte do programa no município, cinco deixaram os trabalhos por conta de aprovação em residência. Em razão disso, a Administração Municipal segue buscando alternativas para contornar o problema.

Na segunda-feira, uma reunião com a participação de vereadores e com o representante da Referência Descentralizada do Ministério da Saúde no Estado, Leonardo Augusto Oliveira, foi realizada para tirar dúvidas sobre o caso, mas não houve encaminhamentos no sentido de o Governo Federal repor os médicos que deixaram o programa.

“Por enquanto não há previsão de um novo edital para o programa e ficamos sem perspectiva de colocar novos profissionais”, reconheceu Oliveira.

Ainda segundo ele, o Governo Federal estuda a criação de um novo projeto similar ao Mais Médicos, mas que atenderia áreas de vulnerabilidade em que Içara não se encaixa. “Seriam atendidos municípios com menos de cinco mil habitantes, em extrema pobreza, em situação de vulnerabilidade e em áreas indígenas”, descreveu.

De acordo com o prefeito Murialdo Gastaldon, a situação é preocupante. “Era um problema que tínhamos solucionado no último edital, após a saída dos médicos cubanos, e agora cria um novo transtorno em que não saberemos quando terá uma solução”, lamenta.

“É um programa fantástico e não pode ser largado assim. Pode passar por reformulações, mas a lógica é passar por alterações para ampliar, para melhorar, não para extinguir um programa que é bom e está trazendo resultados excepcionais”, acrescenta o prefeito.

Ele frisa que, pela legislação, os municípios precisam investir 15% das receitas na saúde, mas acabam aportando muito mais. “Todos os municípios têm que gastar na saúde R$ 15 em cada R$ 100 que arrecada. Içara gasta R$ 24, porque o Estado e a União não fazem a parte deles e o cidadão não pode ficar esperando. Neste caso, o contrato assumido, se o Governo Federal não fizer a parte dele, de novo é o município que vai ter que tirar recursos de alguma área. Para contratar esses cinco médicos, para colocar nessas cinco estratégias”, pontua.

 

Municípios encontram dificuldades em contratar profissionais

 

Enquanto não há uma solução para contratar médicos pelo programa do Governo Federal, a solução encontrada pela prefeitura de Içara foi fazer contratação de emergência, o que não tem sido uma tarefa fácil. “Estamos com dificuldade de contratar, muitos procuram, demonstram interesse, mas acabam desistindo”, informa a secretária de Saúde, Jaqueline dos Santos. O problema é enfrentado também em Balneário Rincão, que perdeu um dos dois profissionais contratados pelo Mais Médicos.

Em Içara, uma médica foi contratada para atender na unidade de saúde do bairro Raichaski, enquanto as outras comunidades estão sendo atendidas por uma escala realizada pela equipe da secretaria.

Ainda na segunda-feira, representantes do poder Executivo e Legislativo de Içara participaram de uma reunião com deputados federais e estaduais na Amrec, fazendo reivindicações para o município, onde um ofício foi entregue aos parlamentares pedindo apoio para resolver as dificuldades de atendimento geradas pelo esvaziamento do Mais Médicos.

Dados divulgados na reunião apontaram que Santa Catarina tem 571 vagas ativas do programa, presente em 211 dos 295 municípios catarinenses. Dessas, 467 estão ocupadas, sendo que o número ainda pode diminuir com a atualização realizada pelo Ministério da Saúde.