Decisão se deu após a entrega do relatório da CPI instaurada na Assembleia Legislativa
Florianópolis
A decisão do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de determinar à Polícia Federal que investigue a participação do governador Carlos Moisés na compra ilegal dos respiradores repercutiu com força na sessão de ontem (2) da Assembleia Legislativa.
“A Polícia Federal vai aparecer, prepara o café, eles chegam de manhã cedo! A decisão foi passar o inquérito para a PF para que, sob coordenação do relator e do Ministério Público Federal (MPF), promova no prazo de 90 dias a colheita de provas de possíveis crimes”, afirmou Kennedy Nunes (PSD).
O deputado leu partes da decisão do ministro, que destacou que há conversas de WhatsApp, intervenções telefônicas e quebras de sigilo a subsidiar o requerimento do MPF no que tange especificamente ao governador do estado, que “aparentemente teve relevante participação nos fatos apurados, inclusive autorizando o pagamento antecipado à empresa”.
Sargento Lima (PSL), que presidiu a CPI dos Respiradores, rememorou as críticas de que a CPI terminaria em pizza. “Conseguimos promover o nome do Parlamento, que mais uma vez não se fez ausente. Tenho certeza de que o resultado dos trabalhos subsidiou de alguma forma que essas investigações tomassem outro rumo e ascendessem ao MPF”, registrou Lima.
Mas foram as palavras dos deputados do MDB, Valdir Cobalchini e Moacir Sopelsa, este último membro da comissão processante, que modularam o impacto da notícia na Assembleia. “Na noite em que entregamos o relatório da CPI me lembro que todos disseram que não estávamos ali para julgar ou condenar, mas eu tinha certeza de que o que estávamos fazendo era conforme à consciência. Agora os fatos foram esclarecidos e o MPF tem a incumbência de julgar e também condenar, através da Justiça, aqueles que cometeram esses atos criminosos”, avaliou Sopelsa.
“Um trabalho respaldado pelo Ministério Público, aqui e lá, estadual e federal, o que nos deixa mais tranquilos e com a consciência tranquila, não que sentimos alegria ou prazer de ter feito este trabalho, mas alegria de ter trilhado um caminho que nos levasse à verdade”, argumentou Cobalchini.