Aos 63 anos, treinador estava internado em São Paulo desde a semana retrasada
São Paulo
Morreu ontem à tarde Oswaldo Alvarez, o Vadão, ex-técnico da seleção brasileira feminina de futebol e com passagens pelo Criciúma, por São Paulo, Corinthians, Guarani, Ponte Preta, entre outros clubes. Aos 63 anos, ele lutava contra um câncer no fígado e estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde a semana retrasada.
Vadão lutava contra a doença desde o início de 2020, quando passou por sessões de quimioterapia e chegou a apresentar evolução, mas o quadro se agravou recentemente.
Guarani, Mogi Mirim e Ponte Preta
Oswaldo Fumeiro Alvarez, o Vadão, foi jogador nos anos 70, atuando pelos times juvenis do Guarani e do Botafogo-SP. No profissional, passou por Paulista, Velo Clube e Capivariano. Mas foi como técnico que fez seu nome principalmente no futebol do interior paulista. A começar pelo primeiro grande trabalho.
Vadão ganhou destaque com o “Carrossel Caipira” no Mogi Mirim, onde ajudou a projetar Rivaldo. Leto e Válber também eram outros símbolos daquele time que se inspirava na Holanda de 1974, com o esquema 3-5-2.
Pelo Guarani, Vadão é o terceiro treinador que mais dirigiu o time na história. Foram 204 jogos em cinco passagens (1995, 1997-98, 2009-10, 2012 e 2017), com campanhas marcantes, como o acesso na Série B em 2009 e o vice-paulista de 2012 – quando foi eleito o melhor treinador do torneio.
À frente da Ponte, Vadão teve quatro passagens (2001-2002, 2005, 2006 e 2014). No Brasileirão de 2005, chegou a levar a Macaca à liderança antes de aceitar uma proposta do Verdy Tokyo , do Japão. Foi a sua única experiência internacional.
Também em Campinas é conhecido como “Mister Dérbi” por nunca ter perdido um clássico da cidade, seja por Guarani ou Ponte Preta. A invencibilidade é de nove jogos, com cinco vitórias (quatro pelo Guarani e uma pela Ponte) e quatro empates (três pela Ponte e um pelo Guarani).
Ainda em São Paulo, ficou marcado por ter lançado o meia Kaká no profissional do São Paulo, no título do Torneio Rio-São Paulo de 2001.
Outros times e Tigre
Já em outros grandes centros, o primeiro grande trabalho de Vadão foi pelo Athletico-PR, onde conquistou o Torneio Seletivo para a Libertadores em 1999 e o Campeonato Paranaense de 2000, além de ter iniciado a montagem do grupo que seria campeão brasileiro no ano seguinte. Trabalhou outras duas vezes no Furacão, em 2003 e entre 2006 e 2007, quando foi semifinalista da Copa Sul-Americana. Ele também deixou sua marca no Vitória, onde subiu para a Série A em 2007, e Criciúma, onde foi campeão catarinense em 2013.
Seleção brasileira
A história na seleção brasileira feminina começou em abril de 2014, quando estava na Ponte e recebeu o convite da CBF. Em dois anos e sete meses durante o primeiro comando, colecionou conquistas: Copa América 2014, Torneio Internacional de Futebol Feminino 2014, Campeonato Internacional de Futebol Feminino de 2015, Jogos Pan-Americano de 2015, além do quarto lugar nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Neste ano, ele foi escolhido pela FIFA o sexto melhor treinador do mundo de um time feminino.
Já o segundo trabalho na seleção feminina começou em setembro de 2017. Desta vez, ficou um ano e 11 meses, sendo campeão do Torneio Internacional de Futebol Feminino (China), em 2017, e da Copa América, em 2018.
O último torneio pela seleção foi a Copa do Mundo de 2019, com a eliminação nas oitavas de final para a França. Um mês depois do Mundial, foi demitido pela CBF e estava à espera de uma nova oportunidade para voltar ao mercado.
Nota do Criciúma sobre o falecimento
“O Criciúma lamenta profundamente o falecimento do técnico Oswaldo Fumeiro Alvarez, o Vadão, de 63 anos. Ele foi o comandante do Tigre na conquista do Campeonato Catarinense de 2013 e em seu último trabalho esteve à frente da Seleção Brasileira feminina, quando dirigiu a equipe na Copa do Mundo de 2019.
O clube presta condolências aos amigos e familiares de Vadão e decreta luto de três dias. O bandeirão do Estádio Heriberto Hülse ficará a meio mastro neste período”.