Presidente do clube que já pediu pra sair, concedeu entrevista coletiva da Sala de Imprensa Clésio Búrigo

Criciúma

O presidente Jaime Dal Farra concedeu entrevista coletiva na Sala de Imprensa Clésio Búrigo ontem para prestar esclarecimentos sobre a decisão de entregar a carta de rescisão de contrato entre a Gestão de Ativos (GA) e o Criciúma Esporte Clube. Ele respondeu questionamentos sobre o futuro da equipe até o fim da sua gestão, a transição de comando, investimentos para a temporada e a sua relação com a torcida.

Apesar da rescisão, o contrato entre as partes prevê que o anúncio do fim do vínculo deve ser feito até 180 dias antes do último dia do acordo vigente, e por isso a entrega no prazo. Dal Farra então, expressou o desejo de ficar no clube até o fim da temporada, que pode ocorrer ainda em dezembro ou janeiro de 2021, data limite estabelecida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para encerrar as competições nacionais, após um possível retorno do futebol em meio a pandemia do novo coronavírus.

Dal Farra prometeu comprometimento no cumprimento das regras de contrato. Afirmou que vai seguir com o planejamento de investimentos definidos em dezembro de 2019 – R$ 300 mil mensais durante o Campeonato Catarinense e R$ 350 mil no Campeonato Brasileiro da Série C.

“O orçamento continua, o planejamento segue. Vou cumprir com as obrigações e dando tempo para o Conselho Deliberativo tomar as medidas necessárias para a substituição de gestora, encontrando as melhores alternativas para o Criciúma a partir de 2021”, garantiu o presidente.

Entre as responsabilidades da GA antes de deixar o clube, estão quitar todas as dívidas. Dal Farra garantiu que o compromisso será honrado. “Entregarei o clube sem nenhuma dívida, pagando fornecedores, impostos, com patrimônio preservado, categorias de base, escolinha. Vamos cumprir rigorosamente o contrato”, salientou.

Dal Farra disse também estar disposto a dialogar para iniciar a transição para um novo gestor. Ao mesmo tempo deixou claro que tem o desejo de seguir no comando até o fim da gestão. “Um grupo de transição dentro do clube seria bem-vindo a partir do momento que o Conselho assim avaliar”, pontuou. “Agora trabalhar no dia a dia é algo que precisa ser avaliado. Temos um projeto, uma equipe competente, diretoria, gerentes, comissão técnica. Estamos seguindo esse plano”, destacou.

As metas, segundo Dal Farra, continuam as mesmas. “Estamos nas quartas de final do Campeonato Catarinense e depois temos o Campeonato Brasileiro da Série C. Queremos terminar bem o estadual e buscar o acesso para a Série B. Estou motivado para isso e minha equipe também”, disse.

O Criciúma, segundo o presidente, deve contratar seis jogadores. “Temos pré-contrato com três. São para os três setores do campo, mas com atenção especial ao ataque”, disse o diretor executivo de futebol do Criciúma, Evandro Guimarães, que estava ao lado de Dal Farra na coletiva. É a GA quem detém os direitos dos jogadores do Criciúma. Porém, Dal Farra garantiu que não deixará o clube sem atletas ao fim da sua gestão. “Vamos deixar jogadores, não vamos levar. O objetivo é uma transição. A maior parte do staff e dos atletas, se houver interesse, deve ficar. Tudo vamos abrir para negociações”, garantiu Dal Farra.

Ônus e bônus na gestão

A GA, segundo Dal Farra, fez uma gestão em que fica com o bônus, mas também assume o ônus do caixa do clube. “O modelo é interessante, mas precisa de uma participação maior da comunidade e de investidores. Apoio integral da cidade, dos torcedores, da imprensa, como acontece na Europa. Lá quando tem a derrota o time sai aplaudido. Somos uma cidade pequena e temos que nos unir 100%, senão fica difícil de fazer futebol”, analisou o presidente.

Dal Farra disse que tirou dinheiro do próprio bolso para bancar acertos do clube. “Tive um déficit de aproximadamente R$ 10 milhões”, calculou. E o valor pode ser ainda maior ao fim do ano. Há no balanço financeiro do clube uma dívida do Criciúma com o presidente no valor de R$ 9 milhões. “Conforme o contrato, isso só seria sanado com a venda de jogadores. Se isso não ocorrer até lá, eu vou ter que quitar e ficar com esse prejuízo”, reforçou.

Sobre a torcida, Dal Farra aceita as reclamações. “Primeiramente a torcida do Criciúma é extraordinária. É a mais apaixonada e a maior do Estado. O torcedor é apaixonado pelo clube. Eu não vi nada de carreata. Mas se houve alguma coisa, acho justa a manifestação do torcedor. Isso faz parte do futebol”, concluiu.