Treinador foi campeão do mundo pelo Grêmio e tirou Botafogo da fila de 21 anos no Brasileirão
Treinador do Criciúma em 1980, Valdir Espinosa morreu aos 72 anos, após complicações pós-operatórias no intestino, na manhã de ontem (27), deixando para trás um currículo de treinador cujo principal título é o Mundial de Clubes de 1983, pelo Grêmio. A notícia foi confirmada pela diretoria do Botafogo. “Eu sou um jovem, entendeu? Tudo depende de como a gente se olha… Eu olho para a minha juventude”. Apesar da idade, nem pensava em aposentadoria. Queria prestar serviços no futebol por mais tempo, até onde a vida lhe permitisse.
Desde dezembro de 2019, Espinosa exercia a função de gerente técnico do Botafogo, no reencontro com o clube pelo qual foi campeão Carioca de 1989. Um título histórico para o alvinegro porque encerrou o período de 21 anos na fila. “No Grêmio, foi um sonho realizado. No Botafogo, foi um pesadelo que acabou”, disse ele em entrevista à ESPN Brasil, em 2017.
A lembrança do fim do pesadelo com o gol de Maurício se uniu neste ano a outro momento de glória do Botafogo: o Brasileirão de 1995, já que Espinosa ganhou no último mês a companhia do técnico Paulo Autuori.
“Se um campeão do mundo já é bom, imagina dois campeões do mundo”, disse ele, na última entrevista ao Globo, no começo do mês.
Mas não houve muito tempo para que os dois trabalhassem juntos. Quando Autuori foi contratado, a diretoria do Botafogo já sabia que Espinosa seria submetido a uma cirurgia. Algo que demandaria um período indeterminado de afastamento. Apesar dos primeiros sinais pós-operatórios terem sido positivos, houve complicações na semana que antecedeu o carnaval. Espinosa foi para a UTI.
Gaúcho de Porto Alegre, Espinosa foi formado na base do Grêmio e estreou no profissional em 1968, sendo campeão estadual. Mas a carreira como lateral-direito não durou mais do que uma década, com passagens por Vitória, CRB e Esportivo-RS.
Como técnico/gerente, foram cerca de 40 anos de atividade. Espinosa teve Otto Glória, que o comandou no Grêmio, como melhor exemplo de treinador.
O primeiro emprego à beira do campo foi no Esportivo, de Bento Gonçalves, onde ele encerrou a carreira como jogador. O convite para o cargo veio em um verão, durante um churrasco nas proximidades de Tramandaí. O diretor do clube apareceu na ocasião e fez o convite para Espinosa, que queria vender imóveis na Serra Gaúcha. Entre uma cerveja e outra, topou o novo emprego.
No Rio, treinou não só o Botafogo, como Flamengo, Fluminense e Vasco. Em São Paulo, comandou Corinthians, Palmeiras e Portuguesa, por exemplo. Somou passagens por outros clubes grandes fora do eixo e experiências na Arábia Saudita, no Paraguai, onde foi campeão nacional duas vezes com o Cerro Porteño, e no Japão. Da CBF, recebeu no ano passado a Licença Honorária de treinador, já que o tempo em atividade não demandou participação no curso.
Espinosa era apaixonado pelo jogo. Gostava de assistir, fazer análises. Entre 2008 e 2010, atuou como comentarista no SporTV/Premiere e na Rádio Globo. Recentemente, chegou a criar um blog e um canal no Youtube.
A volta ao Botafogo foi uma alegria na reta final da vida, um reencontro com uma de suas paixões: “O primeiro jogo que assisti no Olímpico foi Grêmio x Botafogo. Como poderia imaginar que seriam os dois clubes da minha vida? O clube alvinegro já ofereceu a sede de General Severiano para o velório, mas a família ainda não deu informações sobre a cerimônia.