“Fora Lula, fora Moraes”: manifestações tomam conta do país no domingo

Apoiadores de Bolsonaro pedem anistia, liberdade e impeachment. Atos ocorreram também em Criciúma e Içara

Criciúma, Içara e Brasil

Em um domingo marcado por mobilizações em ao menos 37 cidades brasileiras, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares de direita foram às ruas exigir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O movimento, batizado de “Reaja Brasil”, espalhou atos de forma pulverizada, com destaque para as manifestações em capitais como Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza e Belém.

Na capital federal, manifestantes vestidos de verde e amarelo marcharam pedindo liberdade, anistia aos presos do 8 de janeiro e o fim do que chamam de censura imposta pelo STF. A deputada Bia Kicis (PL-DF) e a catarinense Caroline De Toni (PL-SC) discursaram no ato. Em Copacabana (RJ), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) classificou as sanções dos EUA contra Moraes como uma “vergonha brasileira”.

Em Belo Horizonte, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) ligou para Bolsonaro durante o ato e exaltou a adesão popular, enquanto Eduardo Bolsonaro participou remotamente dos Estados Unidos, prometendo ampliar as pressões internacionais. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro liderou o ato em Belém, dizendo que “nasce hoje a reação às injustiças do sistema”.

A Avenida Paulista, em São Paulo, onde o pastor Silas Malafaia e Nikolas Ferreira lideraram o ato, ocorreu a maior concentração de manifestantes.

Em SC

As manifestações deste domingo (3), que mobilizaram milhares de pessoas em todo o país, também tiveram forte presença em Santa Catarina. No sul do estado, cidades como Içara e Criciúma realizaram atos que reuniram centenas de manifestantes, com bandeiras do Brasil, faixas e gritos de ordem em defesa da liberdade e contra o governo federal e o Supremo Tribunal Federal (STF). Em Florianópolis, a concentração foi marcada para as 16h, no trapiche da Beira-mar Norte.

Participaram dos atos em Içara e Criciúma, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), o irmão dele Jair Renan, vereador em Balneário Camboriú, a deputada federal Júlia Zanatta, os também deputados federais Daniel Freitas e Ricardo Guidi, o deputado estadual Jesse Lopes, a prefeita de Içara, Dalvânia Cardoso, e o vereador içarense Charles Cargnin, que liderou uma carreata que partiu de Içara, pela Via Rápida, e se juntou à manifestação de Criciúma.

Pelo menos a deputada federal Julia Zanatta e os filhos de Bolsonaro  também seguiram rumo à capital catarinense para se juntar à manifestação na Beira-mar. “O povo tava sedento de ir pra rua, porque fomos silenciados por muito tempo”, disse a deputada, destacando que até mesmo cidades pequenas de Santa Catarina aderiram ao movimento.

Zanatta classificou o momento como uma “verdadeira guerra” pela recuperação do Brasil. “É um basta para dizermos ‘fora Lula’, ‘fora Xandão’. Xandão não é dono do Brasil. O Brasil precisa resgatar a justiça”, afirmou, em referência ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.

A parlamentar também cobrou do Congresso Nacional o avanço da pauta da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. “Espero que o Hugo Motta esteja assistindo ao que está acontecendo no Brasil. Mas não fique só assistindo de longe. Tenha coragem de pautar a anistia. E o Alcolumbre tem que pautar o impeachment de ministro do Supremo”.

Durante a entrevista concedida enquanto estava a caminho de Florianópolis pela BR-101, a deputada ainda ironizou as críticas de que a oposição seria “antidemocrática”. “O meu visto para os Estados Unidos, que é uma democracia consolidada, está em dia. Tem uns aí que estão sem visto, estão sancionados”.

Ao final, deixou uma convocação direta: “Se você não foi às ruas ainda, levanta daí. Vamos pra rua. O Brasil precisa de você. Nada acontece na Câmara dos Deputados se não tiver pressão popular”.

O deputado federal Daniel Freitas (PL-SC) também fez declarações em apoio aos manifestantes presentes nas mobilizações no sul do estado, o parlamentar afirmou que este 3 de agosto entra para a história como “o dia que marca o fim da ditadura no país”.

“Hoje, cada cidade brasileira sai às ruas. O povo tá receoso de colocar a cara, mas a voz de cada brasileiro e brasileira que foram às ruas será ecoada e vai chegar ao presidente do Senado, ao presidente da Câmara e aos Estados Unidos, ainda mais forte”, afirmou.

O deputado destacou que a pressão popular terá impacto político interno e também internacional, citando diretamente o ex-presidente americano Donald Trump: “Vai chegar aos ouvidos de Donald Trump”.

Daniel Freitas concluiu sua fala mencionando o artigo 1º da Constituição Federal de 1988, reforçando a legitimidade das manifestações: “Tenho certeza que o verdadeiro poder, que emana do povo, vai ser representado hoje em cada canto do país”.