Criciúma
O projeto “A Cultura Afro-brasileira e sua religiosidade em Criciúma” foi contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc, por meio de parceria entre o Ministério da Cultura, a Prefeitura de Criciúma e a Fundação Cultural do município.
Idealizado e executado por Odarleia May (Léia), o projeto tem como objetivo contar, em forma de cordel, fragmentos da trajetória da cultura afro-brasileira em Criciúma. A obra, estruturada em textos rimados, aborda temas como religiosidade, preconceito e resistência.
“O que eu pretendo com essa publicação é desmistificar a minha cultura e religiosidade”, explica a autora, que tem mais de 32 anos de vivência nas religiões de matriz africana na cidade. Segundo ela, a ideia do cordel surgiu a partir de sua própria trajetória, marcada por episódios de preconceito e discriminação.
O trabalho está dividido em três temas principais: “Dos Mares para Criciúma”, “Religião e Preconceito” e “O Poder do Benzimento”. Cada parte busca trazer reflexões sobre as origens, os desafios e os saberes da cultura afro-brasileira.
Léia ressalta que os conhecimentos trazidos pelos povos negros tiveram papel fundamental na construção da sociedade brasileira. “Muitos costumes que temos atualmente herdamos dos negros, que precisavam usar seus conhecimentos para, literalmente, ‘se virar’ em meio a situações precárias de moradia, alimentação, lazer, entre outros pontos essenciais”, afirma.
Além da publicação do cordel, o projeto prevê ações de distribuição gratuita da obra em espaços públicos de Criciúma, como a Praça Nereu Ramos, o Parque das Nações e um dos shoppings da cidade. Durante as atividades, a autora também promove oficinas de confecção das bonecas abayomi — peças feitas por mulheres negras nos navios negreiros para confortar os filhos durante a travessia forçada. “A boneca tem o significado de trazer felicidade”, explica.
O projeto, segundo Léia, é um convite à reflexão sobre a importância da cultura afro-brasileira, que faz parte da identidade e da história do país.
