Primeiro episódio conta a trajetória de algumas das primeiras famílias da etnia polonesa que chegaram a Içara

Içara

As raízes culturais de Içara estarão na tela dos celulares, televisores e outros dispositivos que tenham acesso a Internet a partir desta semana. Tudo gratuito. A websérie Nossas Raízes foi desenvolvida para documentar, mas sobretudo celebrar a herança cultural das etnias que colonizaram a cidade, com relatos inicialmente de descendentes polonesas, africanos, açorianos e italianos. Os depoimentos foram compilados pelo Portal Canal Içara em quatro episódios apresentados em sessão exclusiva na quarta-feira (26).

“Temos como intenção despertar novos olhares sobre a cidade, as riquezas culturais, históricas e naturais que temos. Ao impulsionar esse interesse pelo município, também estimulamos a visitação turística e, dentro das escolas, podemos estimular o processo de ensino-aprendizagem com a linguagem do audiovisual. É uma oportunidade também para aumentar o repertório audiovisual sobre Içara disponível na Internet e incentivar novas produções”, ressalta o diretor do projeto, Lucas Lemos.

“Cada etnia nos ajuda a contar a história de Içara. E, além das características de cada povo imigrante, os relatos captados mostram também o quanto temos em comum. O resultado ficou muito bom”, acrescenta o coordenador cultural da Fundação Cultural de Içara, Jairo Bittencourt. A primeira temporada da websérie foi proporcionada pela Lei Paulo Gustavo, do Governo Federal, por meio de edital municipal de fomento especificamente a produção audiovisual na cidade.

União, fé e trabalho mantêm viva a cultura polonesa

A primeira geração de descendentes poloneses que nasceu em Içara foi alfabetizada em Português com aproximadamente oito anos de idade. Essa preservação da língua materna representa o laço que tinham com suas origens. Os casamentos, inclusive, aconteciam entre os membros da mesma etnia. Era uma comunidade unida pelo enfrentamento das dificuldades que encontraram para desenvolver o Sul de Santa Catarina.

Os poloneses haviam perdido sua pátria com a indexação à Rússia em 1945. Ao atravessar o oceano, desembarcaram dos navios no Rio de Janeiro. Quando chegaram ao Sul de Santa Catarina, tiveram que reconstruir suas histórias com o que haviam conseguido trazer e o que tinham disponível em solo brasileiro. Por aqui, encontraram na mandioca uma fonte de renda, migraram para o fumo e, ainda hoje, a agricultura é forte entre os descendentes. Se adaptaram, mas mantiveram a religiosidade. O sacerdócio se fez presente entre um dos integrantes da família Budni, com um desafio, o retorno à Polônia para o exercício da vocação.

A trajetória dos imigrantes poloneses em Içara é sinônimo de coragem e determinação. Cada plantio, cada construção, cada empreendimento que instalaram na cidade reflete a resiliência que inspira as novas gerações a honrar suas raízes e a enfrentar desafios com a mesma força e esperança que seus antepassados demonstraram. “Nos orgulhamos muito de fazer parte desta cidade em desenvolvimento”, resume uma das fundadoras da associação polonesa de Içara, Eliana Maria Jucoski.