Aumento de custos, logística caótica e ociosidade dos maquinários são os problemas atuais do setor
Criciúma e Região
Falta de competitividade, originada pelo incremento dos custos, dificuldades logísticas e capacidade de produção ociosa são alguns problemas enfrentados pelas empresas químicas da região Sul. Esse cenário, aliado à situação econômica que atravessa o país, preocupa os empresários do segmento, especialmente, no que diz respeito à manutenção dos empregos.
“As empresas do segmento químico da nossa região estão enfrentando um cenário difícil há mais de um ano e meio. Estamos com dificuldade com relação ao custo do gás natural há mais de três anos. Nós já tivemos o preço do gás natural 15% mais baixo que São Paulo, o que compensava a nossa deficiência logística”, coloca o presidente do Sindicato das Indústrias Químicas do Sul Catarinense (Sinquisul), Marcos Vefago.
“Mesmo com os esforços em conjunto com o governo estadual nos últimos meses, ainda temos esse insumo energético com preço mais elevado do que o praticado em São Paulo, principal mercado concorrente”, completa Vefago.
“As empresas têm buscado alternativas, investindo em tecnologia e produtividade, mas temos também a preocupação do encarecimento da mão de obra pelo maior custo estrutural e tudo isso nos leva a um cenário cada vez mais difícil de manutenção dos empregos e da competitividade”, expõe o presidente do Sinquisul.
Situação econômica do país
Conforme o diretor de uma das empresas associadas ao Sinquisul, João Batista Borgert, algumas das dificuldades enfrentadas também são reflexo da situação econômica do país. “No Brasil pós-pandemia, alguns segmentos notavelmente tiveram desempenho negativo. O país só teve crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) por conta do agronegócio, do setor de serviços e outros poucos setores industriais”, aponta.
“A indústria da construção civil, na qual nos encaixamos muito e somos participantes, teve recessão e está sofrendo muito; da mesma forma, toda a cadeia produtiva ligada ao setor, como é o caso da cerâmica, que está com 40% dos fornos parados, bem como os colorifícios, que estão na mesma situação”, expõe.
Capacidade ociosa
“Devido à estagnação da construção civil desde outubro de 2022, durante todo o ano de 2023 estivemos com uma capacidade ociosa muito grande. Terminamos o ano com 60% dos fornos desligados, e esse cenário continuou até fevereiro. Neste momento, estamos com 40% da capacidade ociosa”, explica.
Outra dificuldade enfrentada pelo setor refere-se ao encarecimento do crédito oficial. “Durante a pandemia, a taxa Selic estava abaixo de 4% e favorecia o crescimento do segmento. Ao elevar a taxa acima de 14%, dificultou-se a compra de bens imóveis a longo prazo, custeadas por empréstimos”, comenta Borgert,
“Ademais, essa situação favorece o crescimento da economia informal, que dificulta ainda mais a situação das empresas que cumprem com as obrigações fiscais e tributárias, impondo uma disputa desleal e injusta”, acrescenta.
“Estamos empenhados em preservar os empregos e continuar a investir na região, porém, o aumento dos custos operacionais, superando a inflação, nos obriga a nos ajustar a uma nova realidade. Isso implica em manter o total de despesas, inclusive com recursos humanos dentro de um limite absoluto, o que inevitavelmente resulta na redução do número de empregos”, conclui o presidente do Sinquisul.