Tema central das atividades deste semestre foi o alto volume de medicamentos prescritos não constantes na lista municipal de medicamentos
Criciúma
Com intuito de ampliar a capacidade de impactar positivamente os serviços de saúde da região, o mestrado profissional em Saúde Coletiva da Unesc implementou uma nova disciplina na formação de seus alunos, voltada ao desenvolvimento de soluções para a Saúde Coletiva.
A disciplina de Inovação e Desenvolvimento de Produtos em Saúde Coletiva tem como objetivos compreender a importância da criatividade, empatia e trabalho em grupo para o processo de cocriação no desenvolvimento de produtos em saúde coletiva; valorizar a responsabilidade ética e social no processo de desenvolvimento de produtos em saúde coletiva; e internalizar os espaços reais para desenvolvimento de produtos alinhados com as necessidades reais em saúde coletiva.
Para o desenvolvimento da disciplina, ministrada pela professora doutora Cristiane Damiani Tomasi, o primeiro passo foi a aproximação com o serviço de saúde do município de Criciúma, buscando pontos de necessidade de ação, identificados na disciplina como situação-problema acerca da qual os mestrados se dedicariam a desenvolver propostas para solucioná-las.
Nesse semestre a situação elencada, com apoio da Secretaria Municipal de Saúde, foi o “Alto volume de medicamentos prescritos não constantes na lista municipal de medicamentos”.
Conforme Cristiane, os mestrados se reuniram com a farmacêutica mestre em Saúde Coletiva, Larissa de Oliveira, que na ocasião representou a Assistência Farmacêutica do Município e aproximou os mestrandos da realidade sobre a Assistência Farmacêutica. Os estudantes, então, interagiram com questionamentos para compreender a situação-problema e conseguir elaborar uma proposta factível e viável para a realidade local.
Coube aos mestrandos aprofundarem os conhecimentos sobre a Assistência Farmacêutica, bem como buscar informações para subsidiar as propostas que apresentariam à Secretaria de Saúde. “Para tanto buscaram nos atores envolvidos no processo de prescrição de medicamentos, os usuários do serviço de saúde, profissionais de saúde prescritores, profissionais de saúde envolvidos em algum ponto do processo de prescrição, distribuição, dispensação ou administração de medicamentos, aos quais fizeram uma série de questionamentos para compreender o que é importante na prescrição de cada ator”, relata a professora.
“Com essas informações em mãos passou-se a um momento de compartilhamento, discussão de ideias e síntese de informações em sala de aula, para fechamento das propostas. Paralelo a essa atividade os grupos de mestrandos buscaram mais informações e materiais para estruturar as propostas”, acrescenta.
Ao fim dos estudos, na última semana, quatro propostas com pontos de ação distintos foram apresentadas para equipe da Secretaria Municipal de Saúde de Criciúma e professores do PPGSCol.
Para a professora da disciplina, movimentos como esse, de aproximação com o sistema de saúde, pensando em soluções viáveis, factíveis, podem gerar impactos reais nos serviços de saúde. “Gerando benefícios para o processo de ensino-aprendizagem, gestão de saúde e, os mais importantes, os usuários do Sistema Único de Saúde”, pontua.
Conforme Larissa de Oliveira, farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde, a experiência de participar da socialização da proposta de produto do mestrado em Saúde Coletiva da Unesc foi muito rica. “As propostas foram muito bem embasadas teoricamente e articuladas com a prática em saúde. Acreditamos que essa integração ensino-serviço por meio dos produtos em saúde coletiva vai qualificar ainda mais a gestão do SUS. Agradecemos ainda, que a Assistência Farmacêutica tenha sido foco de forma inovadora, com a disciplina”, pontua.
Soluções propostas
A primeira proposta apresentada foi a criação de uma Comissão do Uso Racional de Medicamentos, através de Portaria, composta por profissionais de saúde, gestores públicos e representantes da sociedade civil. “Essa comissão terá a responsabilidade de avaliar, monitorar e promover diretrizes para o uso apropriado de medicamentos no âmbito municipal”, explica a mestranda integrante do grupo, Raissa Nunes.
Já o segundo grupo fez uma proposta diferente, intitulada “Médico amigo da Saúde de Criciúma”, em que propõe uma séria de ações que sensibilizam o profissional para o uso dos medicamentos fornecidos pelo Município e que anualmente poderia entregar uma menção honrosa ao profissional por seus serviços prestados à saúde do Município, sendo um dos critérios a prescrição de medicamentos contemplados entre aqueles disponibilizados.
Uma terceira proposta foi fazer ajustes no sistema de informações utilizado pela Secretaria Municipal de Saúde de Criciúma. Nesse caso, as informações e forma de prescrição passariam por algumas mudanças que estimulariam os prescritores a visualizar os medicamentos disponíveis no município para escolha e, caso ainda assim prescreva um diferente daqueles disponibilizados, seria necessário fazer uma justificativa. Durante a apresentação, percebeu-se como importante gerar relatórios das justificativas, para conhecer os motivos da prescrição de um medicamento diferente, podendo esta análise ser base para educação permanente em saúde.
A última proposta foi “um minicurso online, para ser ofertado aos prescritores do município, com o objetivo de capacitar os profissionais para compreenderem como funciona a assistência farmacêutica no município, o reconhecimento das listas de medicamentos essenciais e sua importância”, conforme apresentou a mestranda Daniela Pizzoni.