Queda no preço do leite exige revisão de custos de produtores

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Em Içara, a produção média é de 6 mil litros por dia

Içara

A associação do aumento do custo da produção e o crescimento significativo das importações do leite afetam atualmente a competitividade e a rentabilidade da pecuária leiteira. Essa equação apresentada por pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) reflete diretamente em 20 produtores de Içara. Juntos, eles abastecem quase 6 mil litros do produto ao dia.

A queda nos preços está cada vez mais acentuada. O Sindileite de Santa Catarina divulga mensalmente o preço mínimo do litro de leite para a comercialização do produtor. Para agosto o valor é de R$ 1,50 por litro. No mês de julho era de R$ 1,90; junho, de R$ 2,10, R$ 2,30 em maio, R$ 2,27 em abril e R$ 2,18 em março.

“A nossa situação é péssima, preço muito baixo, caindo a cada mês, uma decepção total. Não tem um produtor contente, é uma profissão difícil, ficamos presos, é obrigatório estar ali todo dia com o animal. O descontamento nosso é sobre preço, a gente já não sabe mais o que fazer. Nossa vontade é parar, falta incentivos dos governos também”, avalia o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Içara, Amarildo Caetano Nunes.

De acordo com o Observatório Agro SC, a Região Carbonífera tem mais de 15 mil vacas leiteiras. “Notadamente os preços do leite nesta época eram para estar em melhores patamares. Essa situação é insustentável no médio e longo prazo. O recomendado nesse momento de crise é que o produtor avalie os custos de produção e tentar otimizar ao máximo os resultados, tentando manter a rentabilidade da propriedade”, orienta o médico veterinário da Secretaria de Agricultura de Içara, Saulo Goularte.

Medidas atrapalhadas

As medidas até agora do governo Lula atrapalharam ainda mais o setor. Por exemplo, criaram incentivos para o leite em pó, concorrente dos produtores leiteiros locais, com o Ministério da Agricultura e Pecuária, em parceria com o Ministério de Desenvolvimento Agrário e com a Conab, disponibilizando R$ 200 milhões à comercialização deste leite em pó. O único apoio com políticas intervencionistas, que no longo prazo geram distorções no mercado, foi o do Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) que aprovou o aumento do imposto de importação de 12% para 18%, pelo período de um ano, para três produtos lácteos. O que ajuda a comercialização dos produtos internos.