O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, fala com a imprensa no Centro de Eventos e Convenções Brasil, em Brasília.

Laudo de auditoria do partido indica inconsistência em 279 mil urnas

Agência Brasil

O presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, anunciou ontem (22) que a sigla entrou com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para anular votos de cerca de 280 mil urnas eletrônicas usadas no segundo turno das eleições, no último dia 30 de outubro.

O documento aponta que “em todas as 279.336 urnas eletrônicas dos modelos UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015, utilizadas no Segundo Turno das Eleições Gerais de 2022” foram verificadas inconsistências.

Segundo o presidente do partido, laudo técnico de uma auditoria realizada pela entidade Instituto Voto Legal, contratada pelo PL, indica que foram constatadas evidências de mau funcionamento de urnas eletrônicas, por meio de eventos registrados nos arquivos logs de urna, que são os registros com dados dos equipamentos eleitorais. As falhas teriam ocorrido apenas no segundo turno das eleições, em cinco dos seis modelos usados.

“Nós do PL não somos especialistas em segurança de dados, por isso fomos atrás de técnicos que fizessem esse trabalho para garantir a transparência do processo eleitoral. Até porque eu, Valdemar, fui eleito com urna eletrônica, e a bancada do PL foi eleita por urna eletrônica, as bancadas do PL foram eleitas por urna eletrônica. Então, é natural que se peça um trabalho de fiscalização para que não fique nenhuma dúvida em relação ao nosso sistema eleitoral”, disse Costa Neto.

O relatório aponta que, a partir da auditoria realizada apenas com base nos resultados decorrentes das urnas do modelo UE2020 (40,82% do total das urnas utilizadas no segundo turno) – deveriam ser computados 26.189.721 votos ao para Jair Messias Bolsonaro e 25.111.550 votos ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva, resultando em 51,05% dos votos válidos para Bolsonaro, e 48,95% para Lula.

“Esse relatório não expressa a opinião do Partido Liberal, mas é o resultado de estudos elaborados por especialistas graduados em uma das universidades mais respeitadas do mundo e que, no nosso entendimento, deve ser analisado pelos especialistas do TSE de forma que seja assegurada e resguardada a integridade do processo eleitoral”, argumentou o presidente do PL.

Repercussão na esquerda

A presidente do PT, partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, deputada Gleisi Hoffmann, disse nas redes sociais que a “eleição foi decidida no voto” e que Bolsonaro deve ser responsabilizado por “litigância de má-fé”. “Ação de Bolsonaro no TSE é chicana que tem de ser punida como litigância de má fé. Chega de catimba, de irresponsabilidade, de insultos às instituições e à democracia. A eleição foi decidida no voto e o Brasil precisa de paz para construir um futuro melhor”, escreveu.

Em nota, o PSDB classificou o recurso do PL no TSE de “insensatez”. “O brasileiro já elegeu líderes de centro, de direita e de esquerda utilizando a urna eletrônica. Eleição após eleição, o sistema eleitoral brasileiro prova a sua segurança e confiabilidade”, citou a nota do partido. Em 2014, o PSDB pediu uma auditoria das urnas após o então candidato do partido a presidente, Aécio Neves, ser derrotado por Dilma Rousseff (PT) no segundo turno da eleição presidencial.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse em entrevista coletiva que não conhece o teor da ação movida pelo PT e que por isso não poderia comentá-la, mas chamou de “fato inquestionável” a vitória de Lula sobre Bolsonaro na disputa eleitoral. “As urnas eletrônicas são seguras e auditáveis. A eleição acabou, Lula é o presidente. O povo brasileiro escolheu. Aceita que dói menos”, publicou o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ).

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também ironizou o PL após a medida de Moraes: “O despacho do TSE reforça que foram usadas as mesmas urnas no 1º e 2º turno. Ou seja, não valeria só a anulação da eleição de Lula, mas de TODOS os parlamentares, inclusive do PL. Balde de água fria que chama?”.