Geração de energia solar representa quase 1% do consumo em Içara

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Cidade tem 317 empreendimentos de geração distribuída em funcionamento

Içara

O Hospital São Donato e a Paróquia São Donato, a Apae, a Prefeitura, residências, comércios, indústrias… A lista de pontos de geração de energia solar fotovoltaica cresce dia a dia em Içara. Conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, a cidade já tem 317 pontos de geração distribuída – sendo 315 de captação da radiação solar – que representam quase 1% do consumo total no município.

Na área de abrangência da Cooperaliança são 282 pontos de geração, sendo 172 residenciais, 64 comerciais, 37 rurais, oito industriais e um prédio público (Paço Municipal). Com base no mês de junho deste ano, a energia injetada foi de 121.648 quilowatts/hora, o que corresponde a 0,79% da energia faturada dos consumidores ativos.

Na área atendida pela Cermoful, são 31 pontos, englobando 32 unidades consumidoras, entre residenciais, industriais e comerciais, com média de potência instalada de 302,23 KW. Já na concessão da Celesc no município há seis unidades, com capacidade instalada de 312,4 KW, nas classes de consumo residencial, industrial e comercial.

“O Sul de Santa Catarina tem bastante potencial fotovoltaico”, garante o professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, campus Araranguá, Giuliano Arns Rampinelli. E a região tem também oportunidades voltadas para especializações na área. “A Ufsc Araranguá oferece o curso de Engenharia de Energia e o mestrado em Energia e Sustentabilidade. O grupo de pesquisa Núcleo Tecnológico de Energia Elétrica (NTEEL) desenvolve projetos e pesquisas científicas na área de energia solar fotovoltaica”, recomenda.

Nova legislação acelera adesão

Na atuação com projetos elétricos voltados à geração de energia solar fotovoltaica há quatro anos, a Moneretto Luz Engenharia acompanhou o crescimento contínuo do setor nesse período, mas viu disparar a demanda a partir da sanção da Lei 14.300/22, em janeiro deste ano. A nova legislação institui o marco legal da micro e minigeração de energia e, entre outros pontos, define a cobrança de tarifas de uso dos sistemas de distribuição.

Significa que as unidades consumidoras serão taxadas pela energia produzida e injetada nas redes das distribuidoras. “Como há um ano de carência, o autoprodutor terá até janeiro de 2023 para ter o projeto aprovado e garantir, até 2045, a manutenção das regras atuais. Então, teremos um ano de muitas adesões, principalmente a partir de outubro, com o costume do brasileiro de deixar tudo para a última hora”, aponta o diretor da empresa içarense, Thiago Moneretto.

Atualmente, a equipe liderada pelo empresário içarense tem o compromisso de obter a aprovação junto às concessionárias em média com 72 horas. No entanto, com o acúmulo de solicitações, as distribuidoras podem levar mais tempo para aprovar os pedidos, por isso a recomendação é de iniciar o processo o quanto antes. Aqueles que tiverem o projeto aprovado no fim do prazo ainda terão 120 dias para a execução.

Há uma transição de sete a nove anos no pagamento dos encargos de distribuição por aqueles que começarem a geração após 12 meses da nova lei. Esses pagamentos são relativos à remuneração dos ativos do serviço de distribuição, da depreciação dos equipamentos da rede e do custo da operação e manutenção do serviço.

Comercialização

Pelo sistema vigente até então, os micro e miniprodutores recebiam créditos pela energia gerada, para desconto nas contas de luz, benefício concedido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por meio do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE). A partir da nova legislação, eles já podem fazer a comercialização da energia que exceder o consumo, porém, a venda para as concessionárias dependerá de leilões públicos.

O marco legal também permite a participação no SCEE de empreendimentos criados para esse fim que tenham o objetivo de atender várias unidades consumidoras, como condomínios, além da participação das instalações de iluminação pública, devendo a rede de um município ser considerada como unidade consumidora.

Competitividade

A participação da energia solar fotovoltaica na matriz elétrica brasileira, atualmente, é de 8,5%, mas os sistemas e usinas fotovoltaicas estão em expansão e essa participação deve ser ampliada nos próximos anos devido à confiabilidade e maturidade tecnológica, bem como à competitividade econômica.

“A energia solar fotovoltaica é uma realidade e sua inserção na matriz energética brasileira é sólida e gradual, tornando esse mercado com crescimento garantido em curto, médio e longo prazo. A energia solar fotovoltaica é competitiva, tanto na geração centralizada a partir de parques ou usinas, quanto na geração distribuída a partir de sistemas residenciais, comerciais e industriais”, indica Giuliano.

O ranking de geração distribuída da Aneel mostra Santa Catarina em quinto lugar, com 580,4 megawatts de potência instalada, o equivalente a 4,8% de participação no país. Minas Gerais lidera, com 1.932,9 MW, representando 16,1% do total. O Brasil tem mais de 1,1 milhão de sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, atendendo mais de 1,4 milhão de unidades consumidoras (1,4% do total), que recebem créditos pelo Sistema de Compensação de Energia Elétrica.

Investimento

No sentido de aumentar esse tipo de geração, há incentivos na esfera federal, também em vários estados e especificamente em alguns municípios. “O preço médio de mercado para um sistema fotovoltaico de geração distribuída residencial é de aproximadamente R$ 5 mil por quilowatt instalado. Para uma residência típica, com consumo médio mensal de 250 kWh, é necessário um sistema fotovoltaico com potência entre 2,5 e 3 kW”, detalha o pesquisador.

Para o engenheiro eletricista Thiago Moneretto, especialista em energias renováveis e tecnologia de energia solar, o investimento se justifica. “Para cobrir o que for investido, leva de quatro a cinco anos, mas a durabilidade do sistema pode chegar a 30 anos. É um retorno extraordinário”, considera. “Se o cliente quiser um sistema que produza 100% da energia que ele consome, a economia ficará na casa de 95%, porque vai pagar apenas as taxas mínimas, que são obrigatórias”, observa Thiago. Colaboração Andreia Limas, Canal Içara.