Com essa aproximação, veio o conhecimento sobre os modelos de incentivo, a possibilidade de novos investimentos, a ampliação do foco e a inovação em um processo menos custoso e mais eficiente. Em busca de mais agilidade nas respostas, a Librelato mantém uma startup incubada no Sapiens Parque, em Florianópolis. “Vimos que lá teríamos um ambiente colaborativo, próximo à Universidade Federal. As coisas começaram a fluir mais rapidamente”, descreve José Carlos Sprícigo. A startup trabalha no desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas ao setor de transportes, que devem ser incorporadas ao portfólio da empresa ainda este ano. O lançamento está previsto para novembro, com a desconexão da marca Librelato, projetando assim a negociação mais ampla no segmento de implementos rodoviários. A companhia içarense também está integrada ao Cobusiness Satc. “Temos lá cinco pessoas da Librelato e três da Satc trabalhando em soluções. Foram levantadas 60 ideias, das quais 12 foram apresentadas e nós elegemos três para investir”, comenta. “Agora também vem o Centro de Inovação, algo que vai potencializar esse modelo”, acrescenta o executivo.
Alcance se estende ao mercado externo
A Librelato iniciou as atividades em 1969, fabricando carrocerias de madeira. O primeiro semirreboque basculante viria somente em 1998 e o graneleiro, em 2001. A empresa marca presença no mercado externo desde 2007, mas o grande impulso às exportações veio com a ampliação do uso da tecnologia. Uma delas é a Pró-Nio, que usa nióbio na liga metálica, permitindo reduzir o peso dos implementos sem perder a resistência. “Estamos aumentando a nossa participação nesse mercado e hoje são mil unidades/ano, que vão principalmente para países da América do Sul e Uganda, na África. O maior comprador é o Chile, pelo transporte de minérios, e o Paraguai também importa bastante, devido ao agronegócio. Para exportação, todas são Pró-Nio, que são mais leves”, detalha.
Empresa da região tem como sócios gigantes da construção civil
De um faturamento de R$ 100 mil em 2016, a construtech sul-catarinense Brasil ao Cubo chegou a R$ 437 milhões no ano passado e seu valor de mercado está estimado em R$ 600 milhões. Recentemente, a empresa agregou a seu quadro de sócios gigantes do setor de construção no Brasil: a Gerdau, que adquiriu 33% da companhia por R$ 60 milhões, e a Dexco (antiga Duratex), que investiu R$ 74 milhões no negócio. A Brasil ao Cubo uniu construção civil e indústria em um novo modelo de negócio, apostando em uma técnica inovadora. Elementos do modelo convencional foram mantidos. Mas a utilização de aço, vidro e madeira ganharam espaço para a redução do uso de concreto. O grande diferencial, entretanto, está nos módulos que vão compor edifícios, residências, galpões industriais e hospitais–fabricados principalmente na unidade fabril de Tubarão e transportados até as obras, presentes de Norte a Sul do país, onde são içados e montados. Dessa forma, foi possível reduzir o tempo de obra e construir, por exemplo, sete hospitais para atendimento de pacientes de covid, incluindo Unidades de Terapia Intensiva, em prazo médio de 30 dias. O edifício Level, localizado em Tubarão, o mais alto da América Latina nesse tipo de construção, com oito pavimentos, ficou pronto em 100 dias. “Isso é possível porque conseguimos fazer etapas em paralelo, o que reduz o tempo de obra”, explica o gerente comercial da empresa, Marco Antônio de Medeiros
Impulso à economia local
Atualmente, a Brasil ao Cubo conta com mais de 1 mil colaboradores e impulsiona o desenvolvimento de outras empresas da região, ao mantê-las em sua rede de fornecedores. São 200 obras entregues e dez em andamento no país. A carteira de clientes reúne marcas como Ambev, JBS, Floripa Airport, Unisul, Mormaii, Hospital Albert Einstein e Vale. “Foi muito importante conhecer a cultura da empresa, de buscar o desenvolvimento de novos produtos a partir de novas conexões. Também para ver de perto um projeto tão arrojado, com tamanha disruptura”, avalia a presidente da Associação Empresarial de Içara, Tatiana Pavei da Silva. Integrante do HUB #Içara, a ACII foi uma das entidades representadas na visita à sede da Brasil ao Cubo, promovida na última semana pelo Portal Canal Içara. “Nós que trabalhamos na área costumamos ver a construção tradicional. Com essa visita, pudemos ver o quanto é possível avançar”, avalia o engenheiro civil Renier Perucchi. “O que mais me chamou a atenção foi ver que nós, futuros arquitetos, temos novas oportunidades de carreira. Com esse tipo de construção sendo feito tão próximo de nós, podemos também aprender, nos aperfeiçoar”, comenta a universitária Vitória Seldenreich. Além da construtech em Tubarão, o HUB #Içara também já esteve em espaços de coworking em Criciúma e Florianópolis; no parque tecnológico Alfa, sede da Fapesc e da primeira incubadora do Brasil, a Celta, em Florianópolis, e ainda acontecerão novas atividades até o fim do ano.
Andréia Limas Especial Jornal Gazeta e Canal Içara