Quem acredita que as abelhas alimentam a população apenas com mel precisa conhecer melhor esses insetos
Içara
Ontem, dia 20 de maio, foi o Dia Mundial das Abelhas. Elas prestam para a humanidade e a biodiversidade um serviço fundamental à vida no planeta: a polinização. Cerca de 73% das espécies agrícolas cultivadas no mundo são polinizadas por abelhas – e o valor mundial desse serviço é estimado entre US$235 e US$577 bilhões por ano. Em Santa Catarina, o impacto econômico da apicultura também se reflete no ganho de produtividade de culturas como maçã, pera e ameixa, graças ao trabalho de polinização das abelhas.
Embora a primeira imagem que muitos têm da abelha seja da espécie africanizada, a Apis mellifera, o Brasil conta com mais de 1,5 mil espécies descritas. E são as abelhas nativas sem ferrão as principais polinizadoras das matas brasileiras, contribuindo com a reprodução de 30% a 80% das espécies de plantas, dependendo do tipo de bioma.
Em Santa Catarina, a meliponicultura, que é a criação racional dessas abelhas nativas, é uma atividade sustentável que vem se popularizando na agricultura familiar com forte apoio da Epagri, que desenvolve ações para a preservação, o manejo e a multiplicação das espécies sem ferrão, em um trabalho que resulta, anualmente, na introdução de milhares de abelhas nativas no Bioma Mata Atlântica. Já são aproximadamente 6 mil famílias rurais catarinenses que têm na meliponicultura uma fonte de renda complementar.
A apicultura é uma força econômica em Santa Catarina. O Estado conta com 16.838 estabelecimentos agropecuários com essa atividade e se coloca normalmente entre o terceiro ou quarto maior produtor de mel do Brasil. Criar abelhas ainda se destina à produção de própolis, pólen, geleia real e apitoxina. Esses produtos servem de matéria-prima para as indústrias farmacêuticas, alimentícias e cosméticas e geram renda para milhares de famílias catarinenses.
O mel de Santa Catarina já foi classificado seis vezes entre os melhores do mundo. As tecnologias e o acompanhamento técnico promovidos pela Epagri são fundamentais nesse resultado e também ajudam a impulsionar a produtividade: o Estado produz 68 quilos de mel por quilômetro quadrado ao ano, número muito superior à média nacional, que é de 5kg/km²/ano. Colaboração do engenheiro-agrônomo e chefe da Divisão de Estudos Apícolas da Epagri, Rodrigo Durieux da Cunha.