“Surgiu na classe operária, junto às minas de carvão, nasceu pro mundo da bola, um Colorado Esquadrão”, assim começa o hino do Esporte Clube Próspera
Próspera
“Surgiu na classe operária, junto às minas de carvão, nasceu pro mundo da bola, um Colorado Esquadrão”, assim começa o hino do Esporte Clube Próspera, escrito por Beto Lima. Uma estrofe que capta a essência e o início da história do Esquadrão da Raça que ontem (29) chegou aos 75 anos de história. Nascido nas minas de carvão da Carbonífera Próspera, em Criciúma, o clube fez e, ainda faz, parte integral da história do futebol catarinense.
Foi em 29 de março de 1946 que o Time da Raça deu os primeiros passos no mundo da bola. O Próspera, desde então, alcançou um vice-campeonato Catarinense em 1971, foi campeão da Série B1 (2005), Série C (2018) e Série B (2020) do Estadual. Atualmente na elite do futebol catarinense, o clube busca voos maiores.
“O futebol profissional ele é muito caro, agora nós tivemos a sorte e a competência e o comprometimento de encontrar bons profissionais no mercado, pessoas que não tem preço, tem valor e valores que tem alinhamento, tem sintonia com o que o Próspera representa e isso fez com que essa história recente, essa história vitoriosa ela chegou em 2021 na elite do futebol catarinense com bons atletas – veremos muitos desses aqui em grandes clubes do Brasil e nossa perspectiva é que daqui por diante a gente alcance e encontre mais. Temos o objetivo de daqui a pouco fazer algo que talvez na história do Próspera nunca existiu, jogar um campeonato de nível nacional, seja uma Copa do Brasil, seja um Brasileiro Série D, Série C, tudo é uma questão de planejamento”, almeja o presidente do clube Israel Rocha Alves.
Amor eterno
De criança nas arquibancadas do Mário Balsini, a uma participação ativa na década de 1980, e até hoje. Jorge Luiz de Souza Batista não esconde o sentimento que tem pelo Time da Raça. “É um amor eterno pelo clube”, afirma. Atualmente, diretor de patrimônio e conselheiro, ele conta o início desse relacionamento com o Próspera. “Começou quando eu ainda era menino, que eu vinha aos jogos, era o clube do bairro e na época tinha os quatro clubes fortes na nossa liga, mas por influência do bairro a torcida maior sempre foi pelo Próspera. Vinha diversas vezes quando pequeno ver os jogos aqui, jogos homéricos, porque o futebol daquele tempo era muito forte”, lembra.
Já no ano de 1984, foi a vez de participar do dia-a-dia da equipe. “Vindo a ajudar na reestruturação do Próspera, no recomeço, já que mais uma das vezes que o Próspera tinha parado. Entrei de corpo e alma porque o futebol fazia parte da minha vida do meu jeito de ser, gostava muito e gosto por isso até hoje estou envolvido. Fizemos um bom trabalho, tanto que em 1985 fomos quinto lugar no Estadual Série A, 1986 também”, conta. “Até que em 1989 eu virei presidente do conselho, houve a extinção da Carbonífera Próspera e nosso conselho também se extinguiu e eu assumi o conselho e nesse ano a gente caiu para a segunda divisão. A gente conseguiu, então, eu, Alcides da Silva, o Sapo e o Nivaldo Martins, em diversas reuniões com o Dr. Celso (Menezes), a gente conseguiu que ele viesse para o clube e travasse a batalha que travou por 20 anos para manter o Próspera vivo”, recorda Jorge.
Com o retorno da equipe ao profissional, em 2018, Jorge não poderia ficar de fora. “Fazia tempo que estávamos fora, em 2017 houve novamente essa tentativa de retorno a gente até com pouco recurso conseguiu fazer um trabalho que deu certo, 2018, 2019,2020 e hoje na série A, que é a realização do objetivo principal, que todo mundo quer é participar de um campeonato ‘quente’, que é a Série A”, ressalta. “Eu me sinto extremamente feliz e lisonjeado de ver que esse retorno está dando certo”, completa. Ele tem apenas um desejo: “Não podemos deixar o Próspera morrer, é um legado nosso, legado do bairro para a cidade, para o estado e não podemos deixar o Próspera morrer que aqui existe muita história de muita gente que deixou o suor aqui e essa história precisa ser preservada para sempre”.
Gerações defendendo o Time da Raça
Nesses 75 anos, muitas foram as histórias que passaram pelo Estádio Mário Balsini. Entre elas, está a família do volante prosperano Ramon Fraga. O pai de Ramon, Neri Fraga, também volante, foi ídolo nas décadas de 1960 e 1970 do clube. “Não tive a oportunidade de ver meu pai jogando como profissional, mas acompanho as histórias dos amigos deles até do meu tio que meu pai era um jogador fora de série, um jogador bem clássico, até um pouco diferente de mim que sou jogador mais de desarmar, na chegada, mas o sentimento é muito bom, muito grande de tá fazendo parte, de estar jogando na posição que meu pai jogou, a camisa cinco”, conta Fraga.
O volante vem de uma família que respira o Esquadrão da Raça, já que ao lado de Neri, jogaram o irmão Sabará e os cunhados Chimirim e Danda. Tios de Ramon, que não esconde o orgulho de vestir a camisa prosperana. “Uma emoção que não consigo descrever, você crescer no meio de uma família que praticamente todos foram atletas quanto parte do meu pai, da minha mãe que também foi atleta. Minha mãe que nasceu aqui no bairro Próspera, meu pai também onde teve uma história aqui, de todos meus tios, olha é uma sentimento que para mim é uma honra agora estar fazendo parte do elenco do Próspera”, afirma.
Foi no Time da Raça, também, que Fraga iniciou a carreira no futebol. “Meus primeiros passos foram aqui nas escolinhas do Próspera, com 10, 12 anos que meu pai trouxe aqui na época até o treinador era o Serrano e ali foi o início da minha projeção na questão profissional”, comenta. O volante chegou na equipe prosperana ano passado, fez parte do elenco campeão da Série B do Catarinense e busca deixar o nome marcado na história da equipe. “É um sentimento que não consigo nem descrever que chega a arrepiar, você vestir a camisa do Próspera, ainda mais assim, tendo as histórias de todos do meus familiares, principalmente, do meu pai que vivenciou aqui dentro desse campo, nesse Estádio. Todo momento que venho, que chego no clube eu penso nele, eu lembro dele, isso aí é um sentimento que não sei nem explicar”, destaca. “Espero como tô iniciando essa história aqui dentro do Próspera, que pelo menos chegue próximo, que acredito pelo que contam no que ouço falar a história que meu pai fez aqui no Próspera foi muito bonita”, destaca Fraga.
Raça no DNA
A luta e Raça estão no DNA do Próspera. Foi assim que a equipe retornou à elite do futebol catarinense e almeja alcançar mais. “Estar à frente de tantos trabalhadores, tantos atletas, colaboradores, funcionários do Próspera, representando essa história, representando esse DNA com raça que temos, e na elite do futebol catarinense, onde queríamos estar, assim tínhamos definido ano passado- estar completando 75 anos na elite do futebol catarinense. Então, sem dúvida nenhuma, exige muita dedicação, muito esforço, muito empenho e é isso que estamos entregando diretamente, no dia a dia seja do Mario Balsini ou onde levamos a bandeira do Próspera”, salienta o presidente do clube Israel Rocha Alves.
Camiseta comemorativa
Como forma de comemoração aos 75 anos, o clube lançou na partida de domingo a camisa comemorativa, homenageando o carvão. “Uma camisa que homenageia o que dá origem a todo o trabalho que por muito foi desenvolvido aqui e pensamos então aqui em algo que homenageia principalmente os trabalhadores do carvão, aquele que durante a semana estava baixando mina, estavam nas galerias do subterrâneo de Criciúma e nos finais de semana nos davam alegria com o futebol”, explica o presidente. Além disso, diversas ações serão realizadas durante o dia, principalmente, nas redes sociais do clube, tendo em vista a prevenção ao coronavírus. “Talvez o que possa marcar mais nesta comemoração dos 75 anos, é sem dúvida nenhuma deixar o Próspera na primeira divisão do Catarinense”, finaliza o presidente.
Colaboração Lucas Colombo