Presidente da Alesc, Júlio Garcia, é um dos que foi preso pela ação da Polícia Federal
Da Redação
Ontem (19) ocorreu a segunda fase da Operação Alcatraz, chamada de Hemorragia, e acabou por prender o presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), Júlio Garcia (PSD). Foram expedidos 20 mandados (11 de prisão preventiva e outros 9 de prisão temporária) nos municípios de Florianópolis, Joinville e Xanxerê sob a acusação de envolvimento com uma empresa de tecnologia que teria servido de fachada para pagamento de propina a agentes públicos e políticos.
Os crimes investigados são de corrupção, fraude de licitação, lavagem de dinheiro e organização criminosa em SC, com indícios de desvios milionários de recursos públicos. De acordo com o delegado da Polícia Federal, Rodrigo Müller, há provas robustas que apontam para procedimentos licitatórios irregulares em Santa Catarina desde 2006.
“Os processos licitatórios muitas vezes ou não tinham cadastramento prévio apresentado ou existiam orçamentos apresentados por empresas que tinham relacionamento societário comercial entre elas. Durante as investigações foram apontados cinco números de investigações distintas, principalmente relacionados às empresas de tecnologia da região, com um volume total pago pelo Estado de Santa Catarina às empresas que ultrapassou R$ 600 milhões. O desvio de recursos, com indícios concretos, das principais empresas do grupo ultrapassou a quantia de R$ 50 milhões”, declarou o delegado.
Rodrigo Müller também explica que um dos principais núcleos da empresa recebeu, de 2011 até 2020, mais de R$ 500 milhões de Santa Catarina. A empresa foi responsável, inclusive, pelo pagamento de cerca de R$ 16 milhões a outra entidade, pertencente a um casal de sócios, que não possuía empregados registrados e que contava com valores retirados em espécie superiores a R$ 12 milhões.
“Foi efetuado também cerca de R$ 800 milhões em pagamentos para um escritório de advocacia cujos indícios apontam se tratar de um escritório utilizado pelo servidor, então envolvido no direcionamento do processo licitatório, e que era sócio oculto desse escritório. Também foram identificados pagamentos de quantias superiores à R$ 7 milhões, em empresas com contratos simulados e que, posteriormente, esse operador financeiro realizava o pagamento de despesas em favor de um integrante do núcleo político da organização criminosa”, ressaltou o delegado.
Participação de Júlio Garcia
Os investigadores dizem que valores destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS) foram desviados durante o processo. A prisão de Júlio Garcia remete à relação dele com o empresário Jefferson Colombo, também preso preventivamente pela operação, dono de uma das empresas de tecnologia que teria sido contratada de fachada, segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), para a prestação de serviços da empresa responsável pela administração da SC Saúde.
Ainda segundo a denúncia, Jefferson seria o operador financeiro de um acordo com o presidente da Alesc. O deputado nega a relação irregular com o empresário, afirmando que ele recebia valores de Jefferson referentes a um empréstimo que havia feito e que estaria sendo pago pelo empresário. Jefferson, inclusive, também foi preso preventivamente.