Içara – Morro Bonito
Içara nasceu bonita! Por entre as lavouras verdes demonstra um capricho em suas evocações sugestivas e formosas. Assim é Içara e não me canso de apreciar… Os filhos de Içara transbordam de felicidade por pertencerem ao lugar onde nasceram e ainda permanecem. As histórias guardadas e nunca esquecidas de geração em geração serão eternamente o motivo desta graça, uníssona. A imortalidade existe? Eu senti em cada cantinho de Içara, quando perambulei com um gravador e um velho caderno buscando a história … E emocionantes deslizavam as palavras… Escrevia com amor as histórias sem nada esconder. A beleza dos escritos nascem exatamente como sempre foram. Algumas são frutos de algumas fotografias envelhecidas ou de jornais. Nada é mais rico do que um velhinho bem tratado e amado e lá no Morro tão bonito é assim. Às vezes um agrado: — Vem cá bonita, vem tomar café! Entrava e sentava na mesa e ali me sentia tão bem… Só faltava voltar a ser criança… Escrevia às vezes distraída… Essa garimpagem, que Deus nos permite, nunca deixará de produzir surpresas. No Morro Bonito está o Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus, e quem não conhece deve conhecer. Palavras do Bispo Dom Jacinto Inácio Flach: “O Santuário embeleza a Terra dos Anjos. O Santuário está belo e orante, acolhendo as pessoas que se aproximam. Os fiéis no Santuário encontram amor, conforto e consolo para o seu coração. O Santuário é a obra mais ousada da Igreja no Sul do Brasil”. Em 1955, neste pedaço de chão tão bonito, poucas casas e o mato verde embelezavam e matavam a saudade de alguém. As parteiras guerreiras percorriam a pé, de carroça ou à cavalo todo o município de Içara e atendiam as mulheres grávidas até nascerem os bebês, ofereciam remédios aos doentes e tiravam as tristezas de dentro das casas. As médicas de um passado que não voltará mais. Quem são elas? Maria Ghedin Giassi, Angelina Cechella e Joaquina Pacheco. A medicina doméstica é filha dos costumes italianos. Nas casas deixavam remédios, os quais nasciam de um livro medicinal. Nas suas páginas velhinhas se escondiam as receitas para as mais diversas doenças. O livro pertenceu ao Senhor Vitório Zanolli. Quanta alegria minha pesquisa, obrigada meu Deus! Então, vamos manter nossa Içara verde e florida, cujas flores tomam conta das casas. E nas janelas das casas ainda é fácil de ver as roupas deitadas sobre as janelas pegando o sol. O escritor nasceu para transitar por entre as letras e livre, sem amarras… Mesmo que a chuva lhe fizer tremer de frio, sentirá o beijo dos pingos da água… E quando entrei na Igreja da Misericórdia no centro da cidade para construir um capítulo do meu livro, senti que Içara é única! As pinturas nas paredes é outro presente do céu. Apreciei cada imagem, uma por uma. Em pensamentos li os nomes das pessoas que estão escritos embaixo de cada gravura: Pacífico Pizzetti, Evaristo Piazza, Cecília Dal Toé, Antônio Guglielmi, Luiz Guglielmi, Paulo Rizzieri e Celso Cabreira. Parabenizei-os em silêncio, por terem deixado o egoísmo e valorizado as mãos do artista. Içara é bonita! Vem cá bonita, vem tomar café!