Médicos oftalmologistas alertam sobre importância do diagnóstico precoce e tratamento para evitar cegueira ou outros problemas
Da Redação
Dos cerca de 39 milhões de casos de cegueira no mundo (dos quais mais de 580 mil apenas no Brasil), segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em torno de 80% poderiam ser evitados se houvesse um diagnóstico precoce e tratamento adequado. Este é o recado que médicos oftalmologistas reforçam nestes tempos de pandemia, quando a atenção parece estar apenas no novo coronavírus.
Os problemas mais comuns que levam à perda de visão são os chamados erros de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia), que também acabam sendo mais facilmente identificáveis pelos pacientes. Porém, há uma série de problemas de saúde que são considerados “silenciosos”, por não apresentarem sintomas visíveis, como desde retinopatia diabética, glaucoma, toxoplasmose ocular, catarata, degeneração macular da idade, descolamento de retina, entre outros. “Grande parte dos problemas da visão têm cura ou podem ser evitados se o paciente têm o hábito de regularmente fazer uma consulta, de acordo com sua idade e histórico de saúde”, ressalta o médico João Artur Etz Jr., presidente da Associação Catarinense de Oftalmologia.
A frequência indicada da visita ao médico oftalmologista é, para pacientes até 40 anos e sem nenhuma patologia (erros de refração ou outras doenças), de dois em dois anos. Para quem já utiliza óculos ou lentes, tem mais de 40 anos e histórico familiar de diabetes ou glaucoma, a consulta deve ser anual, em função dos fatores de risco à saúde da visão.
Para esclarecer à população do estado sobre as principais doenças oculares, a entidade disponibiliza gratuitamente em seu site a cartilha informativa Saúde dos Olhos, na qual aborda formas de precaução e diagnóstico, além de destacar mitos e verdades da Oftalmologia e orientar sobre a importância de consultar profissionais médicos.
Covid-19: cuidados além das máscaras
Uma das preocupações dos médicos oftalmologistas em tempos de pandemia é a possibilidade de transmissão da Covid-19 pelo contato com os olhos e secreções oculares como a lágrima. “Além de serem portas de entrada para o vírus, os olhos também são uma fonte de contágio”, alerta Etz Jr. Como ele ressalta, as máscaras são importantes aliadas para evitar a transmissão pelas vias aéreas, mas como os olhos continuam expostos, é preciso tomar cuidados extras para evitar a contaminação. Em caso de olhos que lacrimejam ou que têm qualquer tipo de secreção, o correto é limpar as pálpebras e a pele ao redor dos olhos com lenço umedecido e higienizado, lavando bem as mãos com água e sabão logo em seguida.
Problemas de visão em crianças e adolescentes
Não são apenas os pacientes adultos e idosos que precisam se preocupar com a saúde dos olhos. Algumas doenças costumam ocorrer entre adolescentes na faixa dos 13 a 18 anos, como é o caso do Ceratocone, uma distrofia que deixa a córnea mais fina e menos resistente, aumentando a curvatura da córnea. Em muitos casos, o problema é causado pelo ato de coçar os olhos – os principais sintomas são fotofobia, irritação, ofuscamento, embaçamento e distorções moderadas da visão. “Se for diagnosticado de forma precoce, o prognóstico é bom”, diz o oftalmologista.
Outra preocupação crescente entre profissionais médicos é o aumento de casos de miopia infantil, em geral estimulada pelo uso excessivo de telas digitais (computadores, tablets e celulares). Como lembra o presidente da Associação Catarinense de Oftalmologia, a miopia piora com a idade, o que obriga pacientes a fazer um acompanhamento regular do grau de deficiência – e casos mais graves, acima dos 5 graus, elevam o risco de problemas como glaucoma e descolamento de retina, que podem causar perda definitiva da visão.
“A preocupação com a saúde dos olhos não tem idade. É preciso mesclar hábitos saudáveis, higiene e um acompanhamento periódico ao longo da vida com profissionais médicos, além de prestar atenção a fatores como hereditariedade e outras doenças relacionadas”, conclui Etz Jr.