Vacina contra a Covid-19 não estará disponível antes de 2022

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Cientista-chefe da OMS indica que em meados de 2021 será possível imunizar apenas os grupos de risco

Agência Brasil

A cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, alertou que não acredita que as possíveis vacinas contra a Covid-19 estejam disponíveis para a população em menos de dois anos, embora os primeiros grupos de risco possam ser imunizados a partir de meados de 2021. Na semana passada, uma porta-voz da OMS, Margaret Harris, tinha dito que não esperava uma vacinação generalizada “antes de meados de próximo ano”.

Naquela ocasião, a OMS considerou alentador que várias vacinas estejam na fase 3 de estudos, mas alertou que “ainda há um trecho a percorrer”. Ao mesmo tempo, uma publicação confirmava que a vacina russa apresentava “resultados esperançosos”. Na quarta-feira (9), no entanto, a corrida pela imunização sofreu um baque, porque a AstraZeneca e a Universidade de Oxford interromperam seus testes após detectar que um dos voluntários teve uma doença ainda inexplicada, que está sendo investigada.

No mundo existem pelo menos 179 vacinas experimentais contra o coronavírus, e 34 delas já estão sendo testadas em humanos, segundo o registro da OMS (nas fotos, a vacina russa). Mas os protótipos devem passar por três fases: uma primeira etapa, com dezenas de voluntários saudáveis, para descartar efeitos graves; uma segunda, com centenas de pessoas, para avaliar a resposta imune induzida, ajustar a dose e confirmar a segurança, e a chamada fase 3, em que a vacina experimental deve demonstrar que é segura e eficaz em ensaio com dezenas de milhares de pessoas por meses. “Muitos acham que no início do próximo ano chegará uma panaceia que resolverá tudo, mas não será assim: há um longo processo de avaliação, licenciamento, fabricação e distribuição”, enfatizou Swaminathan em uma sessão de perguntas e respostas com internautas nas redes sociais.

A especialista indiana indicou que o cenário mais otimista com que a organização trabalha é o de que os primeiros lotes de vacinas cheguem a vários países em meados de 2021, quando deverá ser dada prioridade aos grupos de maior risco, já que ainda não haverá doses suficientes para toda a sociedade. “Pela primeira vez na história, precisamos de bilhões de doses de uma vacina”, afirmou a cientista-chefe da OMS, lembrando que, para as campanhas anuais de vacinação em massa contra outras doenças, são necessárias no máximo centenas de milhões de doses.

Atualmente, a Comissão Europeia já tem acordos preliminares para comprar mais de 1,1 bilhão de doses de cinco vacinas experimentais diferentes contra o coronavírus: 300 milhões da candidata de Oxford; outros 300 milhões em desenvolvimento pela multinacional francesa Sanofi e pela britânica GSK; 225 milhões do protótipo da empresa alemã de biotecnologia Curevac; 200 milhões da empresa americana Johnson & Johnson, e 80 milhões de doses da também americana Modern. Todas essas vacinas ofereceram resultados promissores até o momento, mas nenhuma tem resultados garantidos.

Quem deve receber a vacina primeiro

Na seleção dos grupos prioritários para receber a vacina, a especialista insistiu que “os profissionais de saúde devem ser os primeiros, e assim que chegarem mais doses devem ser vacinados os mais velhos, as pessoas com outras doenças, para assim ir cobrindo cada vez mais a população, um processo que levará dois anos”. Até lá, “as pessoas devem ser disciplinadas”, ressaltou Swaminathan, indicando que devem ser mantidas as medidas preventivas atuais (como distanciamento físico, uso de máscara, higienização das mãos) ou semelhantes.

Repercussão

A esperança nas vacinas contra a Covid-19 foi destaque na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. O deputado pelo PSDB Dr. Vicente Caropreso relevou a parada técnica na vacina produzida pela Astrazeneca/Oxford em função da reação grave em um dos voluntários. “Reações são previstas nessa fase de verificação de vacina e depois na vacinação em massa, não é de se alarmar que isso tenha acontecido”, afirmou Caropreso, acrescentando que “estamos em uma guerra de informação e contrainformação que está deixando as pessoas incrédulas quanto ao melhor método de prevenção”.

O deputado lembrou que as vacinas debelaram doenças como sarampo, varíola, tétano e coqueluche e lamentou que fake news, ações dos anti-vacinas e até de dirigentes dos países aumentem o contingente daqueles que rejeitam vacinar-se contra a Covid-19.