Triste história deixou marcas doloridas em familiares, amigos, em toda a comunidade da região
Urussanga
Com esboço apresentado e aprovado pelos moradores da localidade de Santana, em 2019, foi instalado nesta semana o Memorial ao Mineiro, que homenageia os 31 mineiros que perderam a vida há 36 anos na terrível explosão ocorrida dentro do painel seis, a 80 metros de profundidade, da extinta mina de carvão plano inclinado da CCU.
A instalação do Memorial, um pedido da comunidade, foi feita pelo Poder Público. Já a homenagem realizada na tarde de ontem contou com orações, lembranças e contação de histórias, ações promovidas pela comunidade que ainda sofre com o ocorrido, mas mantém viva a história de cada um dos mineiros que vivenciou o fatídico acidente.
O Memorial é feito de pedra, com uma placa fixada, jardinagem e um canteiro onde foram plantadas 31 rosas, fazendo menção às vítimas. Para Salézio Donato Velho, um dos sobreviventes do acidente, o Memorial ao Mineiro é uma espécie de acalento para a dor que dura por longos 36 anos. “Eu sempre pedi por este monumento, pois é uma forma de lembrar nossos amigos que partiram. De alguma forma me traz um pouco de paz, de acalento para o coração. Finalmente ele foi edificado”, relatou com a voz embargada pela emoção expressando com um aceno que não mais conseguiria falar.
Já Maria Raquel dos Santos Leopoldo, irmã de Ronaldo (morto no acidente), lembra da angústia dos momentos que antecederam ao resgate dos mineiros. “Soubemos da notícia, mas as informações eram desencontradas. Diziam que eles estavam apenas intoxicados e por isso saímos em busca de leite em todos os lugares que podiam fazer a doação, mas daí a confirmação foi outra e a tristeza tomou conta de todos nós, de todo o bairro, de toda a cidade. Uma dor lembrada e vivida todos os anos, mas a vida precisa seguir e este Memorial demonstra o respeito e o carinho de todo uma cidade por aqueles que perderam suas vidas naquele trágico acidente”, comentou, acrescentando que três de seus irmãos poderiam ter perdido a vida na tragédia, pois houve troca de horário com colegas.
Um pouco da História
O texto que segue abaixo foi retirado do site https://zonaderisco.blogspot.com, em texto publicado originalmente em outubro de 2014.
Era uma segunda-feira, 10 de setembro de 1984, a equipe de mineiros escalada para o primeiro turno de trabalho na Mina Santana, da extinta Companhia Carbonífera de Urussanga, havia acabado de descer para o subsolo. Por volta das 5h houve a explosão. Todos os 31 trabalhadores do painel seis, que estavam a 80 metros de profundidade, morreram.
O acidente se tornou um marco para a normatização da atividade. Na época havia muito mais trabalho (eram quase 13 mil mineiros e a indústria produzia o dobro do que atualmente) e quase não existiam regras. A extração do carvão era manual, usava-se explosivos e não havia sequer a proibição de fumar na mina.
Causas da explosão
As causas da explosão nunca foram, de fato, esclarecidas. Perícias feitas na época indicaram acúmulo de gás metano (um gás inflamável, presente na camada de carvão, que em determinada quantidade causa explosões).
A situação pode ter agravado por falta de ventilação na mina devido à queda de energia ocorrida na véspera do acidente que pode ter comprometido o funcionamento dos exaustores que carregam o ar da superfície para o subsolo.
Mortes
Os mineiros morreram por asfixia e queimaduras. Nos dois primeiros dias de resgate, segundo consta em publicações da época, todos os que se aproximaram da mina deixaram o local intoxicados. A operação para a retirada dos corpos foi encerrada cinco dias depois do acidente e reuniu bombeiros de Criciúma, Itajaí, Florianópolis e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.