Mulher de 24 anos foi encontrada morta dentro do carro na companhia da filha bebê

Balneário Arroio do Silva

O Ministério Público de Santa Catarina pediu que fosse julgada improcedente a ação que acusa o delegado Jorge Giraldi pelo homicídio da ex-namorada há oito anos. O promotor do caso, Gabriel Ricardo Zanon Meyer, de Araranguá, desistiu de levar a acusação contra o delegado para o Tribunal do Júri por falta de provas. O parecer foi encaminhado à Justiça na quarta-feira passada (2).

Nas alegações finais, o MP afirmou que nenhuma das testemunha ouvidas durante as investigações viu o acusado Jorge Giraldi na cena do crime ou em suposto encontro com Ivonete na noite do crime. Além disso, para o promotor, não há prova material que ligue Jorge ao homicídio.

“Não foram encontrados vestígios de sua presença no veículo com a vítima; não há menção de eventuais vestígios biológicos da vítima, nem tampouco foram encontrados vestígios de chumbo em suas vestes; não foi ele filmado, fotografado ou sequer visto no local; nem mesmo a arma utilizada no homicídio foi encontrada, e nada há a sugerir que se tratava de arma de sua propriedade”, descreveu o promotor nas alegações finais.

O caso ganhou repercussão após Ivonete Mezari Genuino, 24 anos, ter sido encontrada morta em Balneário Arroio do Silva, no 23 de fevereiro de 2012, dentro do carro na companhia da filha de um ano. A bebê, que estava no banco de trás do veículo e sem ferimentos, é fruto do relacionamento entre o delegado e a vítima. Ivonete foi morta com quatro disparos de arma de fogo, sendo que três disparos a atingiram na cabeça.

Além de Giraldi, o promotor pediu a absolvição de Jaques Douglas de Oliveira. O agente da Polícia Civil foi acusado na época de cúmplice do crime. “Restou provado não ser o réu Jaques Douglas de Oliveira partícipe do fato, o que enseja sua absolvição sumária”, descreveu o promotor Meyer.

Na época em que foi oferecida a denúncia, em 2016, além do homicídio, a Justiça adicionou duas qualificadoras: por motivo torpe, já que o delegado teria tentado convencer a vítima a fazer um aborto, e mediante dissimulação e emboscada, uma vez que Ivonete teria sido levada ao local do crime por meio de uma armação.

O MP pediu na época a prisão de ambos, mas a Justiça negou e imputou medidas cautelares aos acusados, como o afastamento dos cargos públicos. À época, Márcio Gai Veiga, então titular da 4ª Promotoria de Justiça de Araranguá, acompanhava o caso. Ele atualmente é titular da 8º Promotoria de Justiça de Joinville, e quem comanda a comarca de Araranguá é Gabriel Ricardo Zanon Meyer.

O delegado foi afastado das funções por alguns meses no ano seguinte, em 2017, mas conseguiu reverter a decisão. Atualmente, Jorge Giraldi está lotado na DIC (Divisão de Investigação Criminal) de Criciúma. Porém, segundo o delegado regional Vitor Bianco, ele está de licença-prêmio por conta da pandemia.

A partir da manifestação do MP, o advogado da dupla, André Teobaldo de Borba Alves, tem 10 dias para fazer suas considerações finais e enviá-las à Justiça. Após as alegações finais o processo segue para a sentença do juiz, que pode acatar ou não a manifestação do MP. Como o Ministério Público é o titular da ação, a tendência é de que o pedido da promotoria seja acatado.

Atualmente com 9 anos, a filha do casal vive com um dos filhos do delegado.