Prefeitos do Sul investem em testagem para combater pandemia

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Audiência Pública da Assembleia Legislativo foi realizada com os municípios da região carbonífera

Criciúma

Os municípios que compõem a Associação dos Municípios da Região Carbonífera (Amrec) estão apostando na intensificação da testagem da população para identificar quem já foi contaminado pelo coronavírus, facilitando o isolamento e a tomada de medidas para evitar o contágio. Ontem (20), o prefeito de Cocal do Sul, Ademir Magagnin, revelou que a Amrec licitou 500 mil testes rápidos de detecção da Covid-19 para serem distribuídos entre os municípios associados à entidade e alguns da Associação de Municípios do Extremo-Sul Catarinense (Amesc).

“Isso vai nos dar um trabalho muito mais rápido de identificação e, por sua vez, tentar isolar mais as pessoas que estão acometidas pelo vírus”, afirmou Magagnin, em audiência pública virtual, promovida pela Comissão Especial de Acompanhamento dos Gastos Públicos no Combate à Covid-19 da Assembleia Legislativa, para debater as ações do governo do Estado na macrorregião Sul.

De acordo com o prefeito, que falou em nome da Amrec, os municípios estão incomodados com a situação da região, considerada gravíssima no mapa de risco do governo do Estado. “Há todo um esforço para nós sairmos desta posição para que a gente volte a ter uma situação um pouco mais confortável e dar uma resposta a toda a população”.

O mapa de risco, aliás, foi alvo de críticas do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro. Na visão do prefeito, a região aparece com números altos justamente porque está testando mais pessoas. “Quanto mais se procura, mais se encontra”, justificou Salvaro. “Criciúma, com 215 mil habitantes, e os municípios da Amrec estão fazendo o dever de casa”.

Segundo Salvaro, Criciúma tem dado atenção especial às pessoas que, estando contaminadas, não têm como se isolar. A solução tem sido colocá-las num centro de isolamento instalado numa antiga casa de repouso no distrito do Rio Maina. “Mais nove pessoas foram para o centro de isolamento”, revelou.

Panorama estadual

A audiência de ontem foi a quinta de seis encontros virtuais macrorregionais promovidos pela comissão para detalhar os gastos no combate à pandemia em todo o Estado. Como nas outras, o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, apresentou um panorama estadual das ações governamentais contra a Covid-19 e depois focou na macrorregião.

O Sul do Estado tem, hoje, 71% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados. São 148 leitos destinados a adultos, seis pediátricos e 24 neonatais.

O secretário elogiou a iniciativa de intensificar os testes e disse estimular a rede privada de saúde a imitar o procedimento para que a entrada dos pacientes na rede seja mais qualificada, identificando quem foi contaminado.

Preços de insumos

O prefeito de Araranguá, Mariano Mazzuco Neto, externou sua preocupação com aumentos injustificados de preços de insumos e medicamentos usados no tratamento da Covid-19. “Teve material com mais de 100% de aumento”, lamentou.

O promotor de Justiça Luiz Fernando Góes Ulysséa, que atua na região, disse que o Ministério Público (MP) está à disposição para coibir o sobrepreço de insumos. “Mas é preciso que a informação chegue concretamente ao MP”.

De acordo com o promotor, o MP já instaurou 3.818 procedimentos administrativos relativos à Covid-19 em Santa Catarina, sendo 205 na região Sul. “Foram 46 na Amesc, 55 na Amurel e 104 na Amrec”, revelou Ulysséa.

Pacientes de fora

Outra reclamação que surgiu durante a audiência pública foi de que alguns hospitais da região chegaram a ter 40% de seus leitos ocupados por pacientes de outras regiões. A fala foi prontamente rebatida pelo secretário André Ribeiro. “Santa Catarina tem 295 municípios e 56 hospitais que estão tratando da Covid. “Municípios que têm hospitais estão com moradores em outros locais também. Não faz sentido falar em municípios isolados”, afirmou Ribeiro.