Vitória-régia
Numa lagoa distante havia uma riqueza em forma de verde, azul e colorido. Lá existia infinitas belezas de borboletas e flores, o gorjeio dos pássaros e o rugido das feras. Escondidos no meio da virgem natureza: a madeira de lei, pássaros, peixes e outros animais que levavam a vida se espreguiçando por entre as árvores centenárias das florestas.
Nesta região viviam os bugres, conhecidos, como carijós. Em 1877 a região era habitada pelos bugres beiçudos, e aos poucos muitos morreram através das matanças dos brancos.
Segundo o padre e historiador de Urussanga, Luiz Marzano (já falecido) os bugres andavam completamente nús, bronzeados com o açor do cobre, estatura média, cabelos negros e soltos. Tanto os homens quanto as mulheres tinham olhos pretos amendoados e encovados e apresentavam uma semelhança com a raça mongólica. Tinhas costumes selvagens e usavam armas primitivas: arcos e flechas com setas de: pedra, de osso, de ferro ou de madeira, com uma ponta aguda de 10 a 12 dentes envenenados. Para as guerras, pesca e caça tinham objetos roubados dos brancos: lanças de ferro e aço, foices, espadas e facões. Defendiam com bravura os seus territórios os inesquecíveis bugres.
Mas segundo a história de um morador da Lagoa dos Esteves, sua família viveu numa Lagoa em Urussanga. Alguns dos bugres e a história contada de pai para filho até hoje é guardada com amor pela família Silva.
A família Silva tinha uma linda filha que se apaixonou por um bugre, e pelo fato de ter apenas 14 anos aconteceu a proibição pelos pais. Revoltada, desobedeceu a família e foi morar com um bugre numa oca próximo a lagoa.
De raiva a família mata o bugre, mas contam que ele caiu na lagoa e morreu, mesmo tendo a cabeça machucada.
Passando-se alguns dias a moça de tristeza se joga nas águas da lagoa e morre. Só que naquele lugar surge a vitória-régia, como se ele não tivesse morrido, transformando-se numa flor.
Durante anos sua mãe orava em frente a vitória-régia. Muitas vezes viu sua filha nua desfilava na beira da lagoa, desaparecia e ali surgia outra flor. A família Silva até hoje admira a vitória-régia e nunca esquecerá a moça que foi embora porque se apaixonou por um bugre.
Talvez muitos pensem que é mentira, mas acreditem esta história existiu e entristece até hoje muitos corações, a Vitória-Régia consola enfeitando as lagoas.
Amor proibido
Não te amo como se fosse uma flor apenas
ou uma bugra escondida na oca.
Te amo nas nuvens ou entre o céu e a terra.
Te amo como uma teimosa que se esconde
dentro de si e oculta um amor proibido
Te amo perdida e busco o perfume do teu corpo
Te amo sem entender o por quê?
Te amo sem medo e sem nada querer
Te amo porque só sei amar assim…
Às vezes sinto suas mãos acariciando os meus cabelos
E uma alegria me invade sem explicação
Te amo e me ame sem querer me levar para outro lugar