Apenas 15 segundos são o suficiente para eliminar 99% dos vírus e bactérias presentes nas roupas e itens de quem passa pelo local
Criciúma
A Unesc concluiu na quarta-feira (16) o primeiro projeto de higienização por ozônio para o combate contra o novo coronavírus do Sul do Brasil. A concretização da iniciativa, em colaboração com a Secretaria Municipal de Saúde de Criciúma, foi simbolizada com a entrega do primeiro túnel de higienização por ozônio, localizado no Centro de Triagem do bairro Boa Vista.
A partir desta data, profissionais de saúde e pacientes com sintomas de infecção transitarão pelo espaço de forma mais segura. “Estamos entregando soluções assertivas para o combate desse inimigo invisível”, afirma a reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta.
O professor infectologista e presidente da Comissão Temporária de Acompanhamento e Prevenção da Unesc, doutor Felipe Dal Pizzol, integra equipe do Ministério da Saúde responsável pela elaboração das Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento da Covid-19. Para o pesquisador, a contribuição de todas as áreas do conhecimento tem grande significado. “A geração de conhecimento científico é fundamental. Neste momento, não é só a área da saúde quem tem um papel importantíssimo. A conclusão deste projeto é exemplo de quanto se pode fazer juntos, levando tranquilidade às pessoas diretamente envolvidas com os riscos do coronavírus”, destaca.
A tecnologia presente no projeto é estudada na universidade desde 2013. Segundo o professor e pesquisador responsável, Elídio Angioletto, apenas 15 segundos são o suficiente para eliminar 99% dos vírus e bactérias presentes nas roupas e itens de quem passa pelo local. “O equipamento funciona com um sensor de movimento. Ao ser ativado, uma névoa é dispersada pelo ambiente, garantindo a segurança de quem passa. Outro ponto de destaque é a não agressividade do produto, sendo totalmente seguro e não provocando reações alérgicas”, explica.
A previsão, até sexta-feira (17), é realizar a montagem de outro túnel de desinfecção, no Centro de Triagem da região central da cidade, ao lado do HSJ (Hospital São José). Além do equipamento externo, os pesquisadores da Instituição já entregaram outros dois dispersores de ozônio, que atuarão de forma interna durante a noite, com potencial para zerar a contaminação de uma sala em até cinco minutos. “Os profissionais da saúde receberão treinamentos para o manuseio de cada equipamento. A previsão é que até seis deste modelo de atuação interna sejam disponibilizados, com possibilidade de novas solicitações por parte do poder público”, afirma Angioletto.
Para o secretário municipal de saúde, Acélio Casagrande, o projeto simboliza a busca pela inteligência no combate ao coronavírus, tendo como prioridade o bem-estar das pessoas. “A conclusão do projeto traz tranquilidade aos ambientes de combate à pandemia e terá, certamente, continuidade ao longo deste desafio”, enaltece.
Nos próximos dias, os espaços que já contarem com a tecnologia serão submetidos a análises de ar. O procedimento será realizado antes e depois do início da aplicação. “Já foram efetuadas algumas tomadas de dados e os resultados são extremamente positivos. Ao todo, cada local passará por cinco análises, garantindo a assertividade da aplicação”, destaca Angioletto.
Ozônio tem resposta rápida ao vírus
Antes mesmo da conclusão do projeto, a equipe do Iparque (Parque Científico Tecnológico) já atuava em espaços considerados de vulnerabilidade em Criciúma, por meio de solicitações da Vigilância Sanitária. De acordo com o professor responsável, a tecnologia já foi utilizada de forma efetiva contra outros tipos de vírus, incluindo os que atacam as vias respiratórias. “É, portanto, uma grande aposta mundial neste momento de combate à pandemia Covid-19. Com grande capacidade de desinfecção, o ozônio entrega uma resposta 100 vezes mais potente do que o cloro e age 3.120 vezes mais rápido”, explica.
A tecnologia é ativada quando o ar passa por uma peneira molecular, que separa o nitrogênio presente. O oxigênio em forma concentrada é levado ao gerador de ozônio. O resultado é a abertura de um arco elétrico, que transforma o O2 em O3, ou seja o ar em ozônio. Uma vez gerado, ele é espalhado em todo o ambiente e alcança espaços onde a mão humana e ferramentas convencionais não podem alcançar.
Os equipamentos utilizados são da parceria com a Brasil Ozônio, que pesquisa e desenvolve soluções de alto desempenho e sustentáveis para tratamento, sanitização, esterilização e oxidação a partir do ozônio. Também atuam no projeto os pesquisadores Thauan Gomes, Hilária Mendes, Geovana Savi e Willian Acordi.