“As chances de ele ter no futuro uma independência, o mais perto da normalidade possível, será a consequência do que fizermos hoje”. Essa é a avaliação de Bruna Vieira de Souza Patrício, 27 anos, mãe do pequeno Mateus Vieira de Souza Patrício, de quase três anos, e que foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista.

Para ela, o sorriso no rosto, o abraço apertado e a interação com os amiguinhos da escola são considerados uma verdadeira vitória. A moradora de Içara conta como iniciou a história e a busca para reverter alguns padrões de comportamento, em tão pouco tempo.

Desde pequeno, quando completaria dois anos, o menino começou a apresentar comportamentos peculiares. O principal deles, e que chamou a atenção dos pais, foi na linguagem. Ele não identificava os tios, os avós, não chamava mamãe e papai, não atendia aos pedidos, e gostava de mexer em potes de creme e controles de televisão, passando horas e horas nos mesmos movimentos.

A mãe conta que começou a analisar detalhes de uma sobrinha – sete meses mais nova do que ele –, e percebeu que Mateus tinha habilidades de comunicação prejudicadas. Mas, o susto grande veio quando ele tinha um ano e nove meses, idade em que parou de falar.

Foi aí que, de acordo com a mãe, começou a ficar mais difícil de conseguir que ele interagisse, e até as expressões mudaram. “Relatei isso ao pediatra, que mencionou que poderia ser autismo. O primeiro passo foi matriculá-lo na escola regular. Por mais que estejamos pesquisando sobre isso, não queremos aceitar. Deixei os professores a par da situação e nesse período de adaptação levamos ao neuropediatra Eduardo Borges de Medeiros, que diagnosticou o autismo, quando ele estava com um ano e dez meses. Foi difícil e pensamos: ‘o que vai ser do futuro’? Tudo vai depender da evolução”, relata.

 

Estímulo

 

O tratamento para o autismo é geralmente muito intenso e abrangente, por isso envolve toda a família da criança e uma equipe de profissionais. Pensando nisso, Bruna e o marido Daniel Vieira Patrício procuraram um local especializado, em Criciúma, o Núcleo TEA (Terapias Especializadas em Autismo).

Lá, eles receberam toda a atenção necessária para garantir estímulo e mais qualidade de vida para o pequeno Mateus. Hoje ele faz terapia com fonoaudióloga, psicóloga, método ABA – análise do comportamento aplicada –, musicoterapia, terapia ocupacional, e psicomotricidade. A terapia ocupacional é com especialização em integração social.

“Quanto mais cedo for a intervenção e mais estímulo a criança tiver, principalmente, antes dos cinco anos, onde produz mais neuroplasticidade, as chances de o cérebro desenvolver e aprender algo que ele tem dificuldade é muito grande. O que tem comprovação cientifica que dá resultado é a intervenção e os estímulos. Ir ao fonoaudiólogo, fazer terapia ocupacional, terapias comportamentais baseadas no ABA, são essenciais”, emenda.

 

Escola regular

 

Mateus faz terapia e depois vai para a casa, toma banho, dorme, e à tarde vai para a escola regular. Ele é autista que tem muitas habilidades. Conta até 100, fala algumas palavras em inglês, sabe o alfabeto inteiro e já lê algumas palavras, aos dois anos e 11 meses. O hiperfoco dele é letra e números, além de uma memória incrível, de acordo com a mãe.

Segundo ela, o ensino regular ajudou no seu desenvolvimento também e hoje ele consegue ficar perto de algumas crianças, e dividir as brincadeiras, o que antes não conseguia. “Não desistam, façam as terapias. Quando vê que a criança tem alguma dificuldade, não esperem. Não deixe de procurar ajuda. As terapias são essenciais”, pede Bruna.

 

Carreata Azul e sessão de cinema adaptada marcarão a semana

 

Em alusão ao Dia Mundial do Autismo, celebrado nesta terça-feira, será realizada a Carreata Azul, uma iniciativa da Associação de Pais e Amigos dos Autistas (AMA-REC) que conta com o engajamento da Cruz Vermelha e da Equipe Multi-Institucional.

A quinta edição ocorrerá a partir das 14 horas, com concentração na sede da Cruz Vermelha, no bairro Pinheirinho.

“Devemos fazer o percurso na área do Pinheirinho, Centro e região da Próspera. Em forma de comboio, com viaturas, com fitas azuis, passaremos pelas ruas e avenida, com sirenes e giroflex ligados, com objetivo de chamar atenção da população para o tema”, explica Almir Fernandes, voluntário da Cruz Vermelha. Ele ressalta que o azul é considerado a cor do autismo, por ser mais comum no sexo masculino.

Uma sessão de cinema adaptada para as crianças com autismo, com luzes acesas, som mais baixo e liberdade para a plateia ficar bem à vontade, está programada para sábado, às 10h30min. Na Sessão Azul, organizada pelo Núcelo TEA (Terapias Especializadas em Autismo) e o Nações Shopping, o pagamento da meia-entrada dará direito a assistir ao filme.

Além disso, orientações voltadas ao autismo estão sendo realizadas no Nações Shopping, nesta semana, segundo o neuropediatra Eduardo Medeiros, um dos profissionais que estarão no local para passar todas as informações relativas ao autismo.