Com muitos familiares e amigos morando na região, Cristian Graf, um dos precursores do karatê em Santa Catarina e campeão pan-americano da modalidade em 1995, esteve na última semana visitando o professor Everaldo Pereira no Centro de Excelência de Artes Marciais, em Içara. Na oportunidade, junto do sensei, dividiu histórias e experiência com os alunos e atletas.
“Em visita aos amigos atletas do Sul do Estado, mais precisamente em visita ao treino do professor Everaldo e sua equipe, me despertou um desejo antigo de participar dos Jogos Abertos de Santa Catarina pela minha terra natal, Criciúma, ou por Içara, cidade que tanto amo, valorizando o trabalho feito com atletas da casa”, confessou o ex-atleta.
Ele ressaltou o equilíbrio técnico entre os lutadores atuais. “Nossos atletas com os demais de todo o país estão em completo equilíbrio, podendo dizer que em muitos aspectos estamos à frente de muitos estados com tradição no karatê em nível nacional”, entende.
“Esse cara foi um dos precursores do caratê de Santa Catarina. Foi o que, junto de outros amigos, ‘abriu picada’ no Campeonato Brasileiro e Pan-americano. Isso na década de 90. Podemos afirmar que hoje nosso estado é reconhecido nacionalmente no karatê devido a pessoas como ele, que tem uma história linda nos tatames e fora dele”, avaliou Pereira. “Cris é um grande amigo, uma pessoa bacana, um cara fantástico não só dentro do tatame onde sempre foi muito honesto, muito puro em suas lutas, mas fora também”, emenda.
Sobre a conversa com os alunos e atletas, Pereira ressalta o prazer de receber Graf. “Foi maravilhoso tê-lo conosco. Falamos um pouco de nossas histórias no passado, tatame, lutas e confrontos. Foi fantástico ver os alunos com os olhinhos brilhando. Eles perceberem que o que passam hoje não é algo novo. Começou há bastante tempo. Foi uma visita muito produtiva”, avalia.
Trajetória vitoriosa
Aos três anos de idade, Graf foi, junto da família, morar em Joinville, onde iniciou os treinos na modalidade em 1992. A primeira medalha de ouro foi conquistada com apenas três meses de treinamento, em uma competição interna na academia, entre alunos da mesma faixa etária. “Na ocasião desbanquei alunos que já treinavam há dois anos. Nos anos seguintes, 1993 e 1994, participei somente em competições estaduais, estando no pódio em todas elas”, relata.
Com 17, no final de 1994, se tornou reserva da equipe de karatê da FME Joinville, defendendo a cidade nos Jogos Abertos até o ano de 2002. No ano seguinte, passou a representar Blumenau, onde ficou por cinco anos.
As medalhas e pódios foram se acumulando. “Em 1995, ainda com 17 anos de idade, conquistei a medalha de ouro no Campeonato Brasileiro. No mesmo ano, uma semana antes de completar 18 anos, veio a primeira medalha de ouro dos JASC e três semanas após os Jogos Abertos, alcancei o lugar mais alto do pódio no Pan-americano de Karatê na Ilha de Curaçau, no mar do Caribe”, relembra emocionado.
Sobre sua trajetória, Graf ainda descreve: “Tenho consciência que fomos os desbravadores no esporte, preparando o caminho para a atual geração onde, inclusive, podemos ver atletas na cidade de Içara, com títulos nacionais e internacionais”.
Currículo conta com 200 medalhas conquistadas
Em 16 anos de competições, Cristian Graf conquistou 200 medalhas. Entre os principais títulos estão, além do ouro no Pan-americano de Karatê e no Brasileiro, três ouros nos Jogos Aberto do Interior de São Paulo; 30 medalhas nos JASC, sendo 16 de ouro, oito de prata e seis de bronze. Graf também obteve títulos estaduais em todas as modalidades dentro do karatê: Kata (formas) individual e por equipe; e Kumite (luta) no individual e equipe.
Ainda no currículo vitorioso do ex-atleta, estão títulos sul-brasileiros; de torneios abertos no Rio Grande de Sul e em Santa Catarina, além de ter sido eleito atleta destaque da Federação Catarinense de Caratê (votação entre todos os técnicos do Estado).
Quando completou 30 anos de idade, na participação nos JASC de 2007, optou por não mais participar dos Jogos Abertos e esclareceu os motivos que o levaram a tão difícil decisão. “Primeiro, não possuía mais estrutura física para manter os 65 quilos (categoria para a qual era contratado). E, segundo, não podia mais ser conivente com a clara desvalorização dos atletas do Estado, tendo em vista a alta contratação de profissionais de alto nível de outros estados. Não tínhamos mais os Jogos Abertos de Santa Catarina. Estávamos tendo um segundo Campeonato Brasileiro dentro no nosso estado”, lamenta.
Sonho de defender o município nos JASC
Ao professor Everaldo Pereira, Cristian Graf revelou que tem o sonho de formalizar sua aposentadoria nos JASC. “Meu desejo é encerrar minha carreira com chave de ouro. Retornar ao tatame defendendo uma de minhas cidades de coração, em especial Içara. E detalhe: isso é possível, inclusive, fisicamente falando”, avalia.
Içara se destaca na modalidade, tanto que as caratecas Carolaini e Sabrina Pereira e Izabel Cardozo estão classificadas aos Jogos Pan-americanos em Lima, no Peru, defendendo a Seleção Brasileira.
O resultado veio na seletiva do Qualify, no Panamá, na última semana. As atletas içarenses finalizaram a participação com a medalha de prata. “Elas conquistaram a sonhada vaga. Estamos orgulhosos”, comemora Pereira.
“Cada vez que conquistamos o pódio, lembramos de nossas raízes e de todos que nos auxiliaram no início e os dos que seguem nos apoiando. Gratidão, sempre”, manifesta o treinador. As atletas içarenses contam com o apoio da Fundação Municipal de Cultura e Esportes/Team Everaldo/Esucri/Librelato.