Se as altas temperaturas trouxeram poucos prejuízos aos agricultores içarenses, as condições climáticas foram sentidas de forma mais intensa na criação de animais. Tanto a pecuária de leite quanto a avicultura têm impactos registrados.

O avicultor Felix Guollo, da comunidade de Esplanada, perdeu boa parte de sua produção. “Eu tive 120 frangos que morreram devido ao calor”, comenta.

Segmento importante na produção rural de Içara, a pecuária de leite também acumula prejuízos, de acordo com o agrônomo da Epagri local, Luiz Fernando Coan.

“As vacas de leite perdem muita água, porque é muito quente. Assim como nós, que temos que tomar muita água devido ao calor, os animais também; e muitas vezes no pasto não tinha água”, explica.

“Então a vaca, além de sofrer estresse térmico – nome que a gente chama de excesso de calor. Ela tinha pouca água para se hidratar, então acabou reduzindo a produção de leite. Mesmo na sombra, debaixo de uma árvore ou dentro do galpão, os animais sofreram com o calor e falta de água, e isso atrapalhou bastante a produção de leite em Içara. Os produtores nos relataram isso”, afirma.

 

Produção de mel não é afetada, segundo engenheiro agrônomo

 

Segmento também importante na produção rural em Içara, a apicultura por outro lado não foi prejudicada pelas condições climáticas adversas. Conforme o agrônomo Luiz Fernando Coan, o frio afeta muito mais as abelhas que o calor, e as altas temperaturas não foram impedimento para a produção, considerando que o período atual é de pré-safra.

“Elas têm a temperatura interna da colmeia de 36°C a 36,5°C. Mas a gente não está em período de safra. A abelha sofre muito com o frio. Com o calor, ela sai da caixa, fica ali fora, para se refrescar, para se resfriar. Mas não tivemos problemas sérios, ou pelo menos eu não tenho nenhum relato, nenhum apicultor comentou morte de abelhas ou problemas por causa do calor”, expõe.

A situação da apicultura é estável na Capital Catarinense do Mel, entretanto, temperaturas acima da média e chuva intensa no fim deste mês podem trazer consequências à produção, pois coincidiriam exatamente com o período de safra do mel.

“Agora em março, basicamente fim de fevereiro, começa a florada do eucalipto – a safra de mel da região, já que elas tiram o mel do eucalipto. Então se lá no momento for muito quente ou der uma seca, pode diminuir a produção de néctar e as plantas sofrerem, assim como se chover demais lavar o pólen e diluir o néctar e também a produção cair. Mas não temos nada de significativo, pelo menos não do meu conhecimento”, diz o engenheiro.