Setor enfrenta queda nas vendas aos americanos, mas China, Argentina e México ampliam compras
Da Redação
As exportações do Brasil para os Estados Unidos caíram 18,5% em agosto, primeiro mês de vigência da tarifa adicional de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump em julho, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A redução equivale a US$ 600 milhões a menos em relação ao mesmo período de 2024. Apesar da retração nos EUA, o comércio exterior brasileiro registrou alta de 3,9% no mês, impulsionada por aumentos nas vendas para China (+29,9%), Argentina (+40,37%) e México (+43,82%), resultando em superávit de US$ 6,13 bilhões, com exportações de US$ 29,86 bilhões e importações de US$ 23,73 bilhões.
O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, informou que “é um mercado estratégico para o Brasil, que precisa ampliar sua pauta de exportação com valor agregado”, referindo-se ao crescimento das vendas para a Argentina, especialmente de produtos manufaturados, como automóveis. Segundo o MDIC, agropecuária (+8,3%) e indústria extrativa (+11,3%) foram os setores que mais contribuíram para o desempenho positivo, com destaque para soja, carne bovina, minério de ferro e açúcar, vendidos principalmente à China, beneficiada pela safra recorde brasileira e estoques acumulados no primeiro semestre.
O impacto do tarifaço deve se intensificar nos próximos meses. “Em agosto ainda havia embarques programados. A tendência é que a queda se prolongue”, afirmou Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior. Produtos que não estavam incluídos na tarifa adicional, como aeronaves, óleos e combustíveis, minério de ferro e celulose, também registraram retração de 20,1% nas exportações aos EUA devido à insegurança provocada pela medida, levando exportadores a suspender temporariamente os embarques.
Entre os itens mais afetados estão minério de ferro (-100%), aeronaves e partes (-84,9%), açúcar (-88,4%), carne bovina fresca (-46,2%), máquinas elétricas (-45,6%) e celulose (-22,7%). Em Santa Catarina, Jaraguá do Sul lidera as exportações aos EUA com R$ 18,85 milhões, seguido por Joinville (R$ 16,47 milhões), Caçador (R$ 15,82 milhões), Blumenau (R$ 13,54 milhões) e Lages (R$ 9,23 milhões). Os produtos incluem motores e transformadores elétricos, partes de veículos, madeira, móveis e máquinas para terraplanagem.
Apesar da queda nos EUA, o crescimento nas vendas para outros mercados mostra diversificação no comércio exterior brasileiro, sustentando o superávit e compensando parcialmente a retração causada pelas tarifas americanas.