Sede da Prefeitura de Criciúma foi destruída por dois incêndios em 2015 e reinaugurada após reformas em 2018
Criciúma
Na madrugada desta quarta-feira (27), completaram-se dez anos desde que um incêndio de grandes proporções atingiu o Paço Municipal Marcos Rovaris, sede da Prefeitura de Criciúma. O fogo destruiu boa parte da estrutura física e comprometeu setores administrativos essenciais, exigindo a interdição do prédio e a transferência emergencial dos serviços públicos. O incêndio teve origem em uma sobrecarga elétrica e foi o primeiro de dois episódios ocorridos em menos de duas semanas. A reconstrução completa foi finalizada e o prédio reinaugurado em 2018, com melhorias estruturais e novos sistemas de segurança.
O primeiro incêndio começou por volta das 3h20 no setor da Divisão de Planejamento Físico Territorial, localizado no primeiro andar. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar, as chamas se espalharam rapidamente, consumindo cerca de 500 metros quadrados e exigindo mais de 20 mil litros de água para serem contidas. A causa foi atribuída a uma sobrecarga elétrica em uma área onde estavam instalados uma impressora e uma estufa de madeira usada para aquecer papel.
Onze dias depois, no dia 7 de junho de 2015, um domingo, outro incêndio atingiu o mesmo prédio, desta vez com proporções ainda maiores. As chamas começaram por volta das 13h30, no setor de informática, e destruíram o lado esquerdo da sede, incluindo o gabinete do prefeito, a Procuradoria e a Secretaria de Educação. O local estava vazio no momento do incidente e ninguém se feriu. Novamente, a causa identificada foi uma sobrecarga elétrica, desta vez no equipamento de no-break da área de informática.
Com 70% da estrutura comprometida, a Prefeitura precisou transferir seus serviços para sedes temporárias. Inicialmente, os atendimentos foram realocados para o Pavilhão de Exposições José Ijair Conti e, em seguida, para um prédio no bairro Próspera. Segundo a Polícia Civil, as investigações conduzidas pela Divisão de Investigação Criminal concluíram que os dois incêndios tiveram causas acidentais, sem indícios de ação criminosa.
O auditor-fiscal Luiz Fernando Cascaes acompanhou de perto os desdobramentos do primeiro incêndio. “Enquanto caminhava pelo prédio, eu chorava como se o fogo tivesse atingido a minha própria casa”, relatou. “Hoje, já faz 25 anos que trabalho aqui, isso mostra que passamos mais tempo na prefeitura do que com nossos próprios familiares. Com isso, criamos um verdadeiro amor por esse ambiente”.
Em janeiro de 2017, a administração municipal retomou as obras de reestruturação da sede após a assinatura de um decreto de situação de emergência pelo então prefeito em exercício, Clésio Salvaro. O investimento foi de aproximadamente R$ 10,5 milhões, incluindo reforço estrutural com uso de fibra de carbono, sistema moderno de prevenção a incêndios e atualização das redes elétrica e hidráulica.
Segundo Salvaro, a reconstrução teve um valor simbólico importante. “Entre as milhares de obras que realizamos na cidade, posso afirmar, sem dúvida, que a reconstrução do Paço Municipal foi a mais impactante e significativa. Poder dizer ‘temos novamente a nossa casa’ é motivo de orgulho”, afirmou. O projeto preservou a arquitetura original, datada de 1981, com apoio de empresas locais na doação de materiais, como revestimentos cerâmicos.
A reinauguração oficial ocorreu no sábado (6), durante as comemorações dos 138 anos de fundação de Criciúma. O retorno às atividades no prédio simbolizou, para muitos servidores, um momento de superação. “Tanto o dia do incêndio quanto a volta para a prefeitura foram dias emocionantes, que marcaram a minha vida. Até então, eu não sabia que amava esse local”, disse Cascaes.
O atual secretário municipal de Infraestrutura e Obras, Cláudio Rosso Netto, destacou os avanços na segurança do prédio. “Hoje, o Paço Municipal é um exemplo de estrutura segura e moderna. A prioridade da Administração Municipal foi garantir que um episódio como aquele nunca mais se repetisse, por meio de investimentos em tecnologia, prevenção e combate a incêndios”.
Com a perda de documentos físicos nos incêndios, a Prefeitura deu início a um processo contínuo de digitalização. De acordo com o secretário de Governança, Tiago Pavan, essa mudança tornou-se estratégica. “A digitalização dos documentos representa um divisor de águas na forma como a Prefeitura de Criciúma atua. Esse é um avanço que protege o passado, organiza o presente e prepara a cidade para o futuro”, declarou.
Atualmente, o sistema eletrônico de trâmite já registra mais de 63 mil protocolos, sendo 34 mil realizados por cidadãos. A implantação do Memorando Digital, em abril de 2025, também contribuiu para reduzir custos e aumentar a eficiência, com uma economia estimada em R$ 3 mil somente no primeiro mês de uso.
A tragédia de 2015, embora marcada pela destruição, impulsionou uma modernização administrativa e estrutural que hoje posiciona o Paço Municipal Marcos Rovaris como um símbolo de reconstrução e adaptação às exigências atuais da gestão pública.