“Luta de Classes” estreia nesta segunda (31) com história de José Paulo Serafim
Criciúma
A cinebiografia *Luta de Classes*, que narra a vida do sindicalista e ex-deputado estadual José Paulo Serafim, foi lançada ontem (31), às 19h30, no União Mineira, em Criciúma. Dirigido por Alcides Goularti Filho, o filme aborda a atuação de Serafim na defesa dos trabalhadores da mineração após a ditadura militar, período que completa 61 anos no mesmo dia do aniversário do biografado, que chega aos 67.
“Fui eleito presidente do sindicato assim que a ditadura acabou. Foram 20 anos em que os direitos foram destruídos. O mineiro se aposentava para morrer, saía da mina cuspindo sangue”, relembrou Serafim em entrevista à Rádio Som Maior. O longa resgata sua luta contra o corporativismo sindical da época. “Havia intervenção militar se o sindicato fosse combativo. O nosso sofreu três ou quatro intervenções”, contou.
O filme também destaca greves históricas, como a em que Serafim amarrou dinamite ao corpo para pressionar patrões. “Se não resolvessem, explodiria aquilo”, conta. Esses episódios ganharam repercussão nacional (foto de José Paulo Serafim sendo levado pela polícia). “Criciúma aparecia nas retrospectivas de fim de ano da Folha de S.Paulo e do Jornal Nacional, porque nosso movimento tinha peso no país”, diz.
A produção independente foi viabilizada pela persistência do diretor. “Essa história só é contada por pessoas ousadas, que fazem sem dinheiro. Se não, fica esquecida”, comentou Serafim. A sessão de estreia teve entrada gratuita e presença do biografado e de Goularti Filho.
A trajetória retratada no documentário começa nos anos 1980, quando Serafim assumiu a liderança sindical em um cenário de precariedade extrema. “Os mineiros não tinham equipamentos de segurança nem salários dignos. Nosso trabalho era mudar isso”, relata. O filme ainda mostra como as mobilizações garantiram conquistas como a redução da jornada e melhores condições nas minas.
Além da militância, a obra aborda a passagem de Serafim pela Assembleia Legislativa, onde atuou por dois mandatos. “Levei para a política as mesmas bandeiras do sindicato. A luta sempre foi pela dignidade do trabalhador”, afirma. O longa usa imagens de arquivo e depoimentos de companheiros de movimento para reconstituir quatro décadas de ativismo.
O União Mineira, local da estreia, foi escolhido por seu simbolismo. “É onde os trabalhadores sempre se reuniram. Não poderia ser em outro lugar”, explica Goularti Filho. Após o lançamento, o documentário deve circular em mostras e festivais antes de ter exibição comercial. “Queremos que essa memória chegue às novas gerações”, completa o diretor.