Polícia Civil avalia situação e Polícia Militar deflagrou operação de combate aos crimes contra o patrimônio

Criciúma

A quantidade de crimes violentos registrados na região Sul do estado nos últimos dias é motivo de preocupação na Polícia Civil. Entre os crimes estão assalto à mão armada, latrocínio (roubo seguido de morte), sequestro relâmpago e homicídio. Na manhã de ontem (10), a Polícia Militar deflagrou operação para reprimir e previnir crimes contra o patrimônio.

De acordo com o delegado regional de Polícia Civil, Vitor Bianco Júnior, 2023 iniciou de forma atípica no cenário da segurança pública. “Essa sensação é nossa também. Todo trabalho possível está sendo desenvolvido pelas equipes de investigação. Realmente é um ano atípico, nós vínhamos de períodos com índice de criminalidade baixo, principalmente de crimes violentos. É um ano que inicia nos chamando atenção e dentro das nossas possibilidades estamos fazendo diligências na tentativa de apontar a autoria desses crimes que vem acontecendo, não só na cidade de Criciúma, mas na região da Amrec (Associação dos Municípios da Região Carbonífera)”, explicou.

Na última quarta-feira (4), houve um assalto à mão armada em uma joalheria no Nações Shopping, em Criciúma, e um dos quatro ladrões envolvidos foi detido após ser rendido pelo proprietário do estabelecimento. Já na sexta-feira, no bairro Capão Bonito, três assaltantes armados trocaram tiros com o delegado aposentado da Polícia Civil, José Tadeu Vargas dos Santos, que acabou baleado e depois morreu no Hospital São José (HSJ). Até o momento dois envolvidos no latrocínio foram presos e outros dois que auxiliaram na fuga foram identificados.

As duas investigações estão sob comando do delegado Yuri Miqueluzzi, da Divisão de Repressão a Roubos (DRR), da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Criciúma, que reconhece o aumento dos crimes violentos na região. “Essa é uma percepção nossa também e estamos trabalhando para tentar diminuir isso, encontrar os autores e dar uma resposta para a sociedade”, afirmou.

Em Jaguaruna, cidade que pertence a Associação dos Municípios Região de Laguna (Amurel), um assalto à mão armada e um sequestro relâmpago aconteceram na última semana. Na segunda-feira, dia 2, um casal de Urussanga foi rendido na beira-mar de Balneário Esplanada. As vítimas foram levadas para Urussanga e depois deixadas na Quarta Linha em Criciúma. Os criminosos fugiram com um veículo Ford Fusion, celular, jóias e cartões bancários. Já na madrugada de quarta-feira, um homem foi rendido por assaltantes quando chegava em casa na praia de Balneário Campo Bom. Armados, os criminosos levaram documentos pessoais da vítima, cartões bancários, dinheiro, cheques e uma caminhonete Toyota Hilux.

Miqueluzzi explica que criminosos aproveitam o aumento populacional na faixa litorânea para praticar crimes, sobretudo patrimoniais. “Existe um aumento natural porque nosso estado recebe uma grande população nesta época do ano, principalmente na faixa litorânea. Então a criminalidade também migra para cá, o efetivo não sofre incremento, apesar da população aumentar no veraneio e existe a tendência natural de haver crimes, principalmente patrimoniais, na região litoral do estado”, justificou o delegado.

O cenário descrito pelo delegado é embasado nas próprias investigações. O ladrão preso pelo roubo na Nações Shopping, por exemplo, é natural do Rio Grande do Sul e confessou durante depoimento que nunca tinha se deslocado para Santa Catarina. Ele é considerado um criminoso de alta periculosidade, estava foragido e possui pena de quase 40 anos de reclusão para cumprir, justamente por crimes como assalto à mão armada.

Ainda na primeira semana do ano, duas mulheres foram encontradas mortas no rio Araranguá. Elas foram vítimas de duplo homicídio e o caso está com a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami). Também em Araranguá, um casal foi sequestrado na noite de terça-feira, dia 3, no bairro Coloninha, mesmo bairro onde moravam as duas mulheres assassinadas. O casal ficou sob controle dos sequestradores por cerca de uma hora. O homem e a mulher prestaram depoimento na Polícia Civil e relataram como o fato aconteceu. O caso está com o delegado Jair Pereira Duarte, da Divisão de Investigação Criminal (DIC). A reportagem tentou contato com o delegado na manhã desta terça-feira, mas não foi atendida.

Crimes na Amrec

Voltando para a Amrec, outros casos também repercutiram e chamaram atenção. No dia 4, um empresário teve um veículo Ford Focus tomado de assalto na Próspera. Os ladrões também levaram um celular. Já no dia 8, uma mulher foi vítima de sequestro e pulou do carro em movimento para escapar dos criminosos. Ela relatou para a Polícia Militar (PM) que estava abastecendo em um posto quando três ladrões entraram no carro e a forçaram a dirigir pela região, passando por Forquilhinha, Içara e bairros de Criciúma, onde na Operária Nova ela resolveu pular do carro. O Mitsubishi Lancer foi encontrado mais tarde, pelas guarnições da PM.

E já na manhã desta terça, um idoso foi morto a tiros em Cocal do Sul, no bairro Cristo Rei. Ele foi atingido por três disparos de arma de fogo de um motociclista, enquanto caminhava com seu cachorro. A Polícia Civil investiga o caso.

PM deflagra operação de repressão ao crime

Tivemos elevação de crimes contra o patrimônio nos últimos dias. Avaliamos isso e muitos fatores contribuem para a prática desses crimes, que vão além dos relacionados à polícia. Estamos preocupados com a segurança pública e deflagramos a operação em Criciúma para restabelecer a situação de normalidade na cidade. Somos os responsáveis pela ordem pública e estamos tomando as medidas cabíveis.

Como resposta aos delitos neste início de ano, o 9° Batalhão de Criciúma (9° BPM) deflagrou na manhã desta terça, uma operação de repressão aos crimes contra o patrimônio. São duas frentes de atuação, conforme explica o comandante do 9° BPM, tenente-coronel Mário Luiz Silva.

“Uma delas é a repressão qualificada voltada para atuação nas áreas levantadas pelo serviço de inteligência e onde há maior concentração de marginais que praticam os crimes e retornam para estas áreas. A outra é a repressão e o combate ao crime, com barreiras policiais e operações mais enérgicas, atuando com frente de prevenção, presença policial nas áreas onde circula a população de bem, para a população se sentir protegida. Estaremos ampliando a ostensividade nas áreas de maior circulação. E assim conseguiremos restabelecer a ordem e estancar esse problema dos crimes contra o patrimônio”, explicou o tenente-coronel.

Embora o atípico início de ano, o comandante recorda que o número de crimes violentos, sobretudo homicídios, foi relativamente baixo em Criciúma no ano passado. Durante 2022, sete homicídios foram registrados na Capital do Carvão.

“Para uma população de 220 mil habitantes, é índice de cidades europeias. Claro, isso é fruto de um policiamento ostensivo. Neste ano tivemos a trágica e precoce morte de um colega nosso, o delegado Vargas, que era um grande profissional e isso nos deixou entristecidos. Quando um agente da polícia sofre atentado, toda a sociedade sofre”, refletiu.

O 9° BPM também está participando da Operação Veraneio, com 21 policiais empregados durante o período. São 10 em Balneário Rincão e 11 em Balneário Arroio do Silva. “Entendemos como necessário reforçarmos esse policiamento para garantir a segurança dos balneários, mas não descuidamos da cidade. Realocamos nosso policiamento, fizemos adaptação na escala e o policial acaba tendo uma jornada mais exaustiva para conseguirmos manter o policiamento ostensivo na cidade. Criciúma não para, mesmo no período de férias”, argumentou o comandante.

A operação deflagrada ontem em Criciúma não tem prazo para terminar, isto depende dos desdobramentos das diligências. Colaboração Thiago Hockmüller, Portal Engeplus.