Levantamento realizado pelo Observatório de Negócios mostra locais com escassez na oferta de comércio e serviços, apresenta tendências de consumo e traça perfil do consumidor
Criciúma
Uma pesquisa, realizada pelo Sebrae-SC por meio do Observatório de Negócios, revela um panorama detalhado do comportamento de consumo em Criciúma e indica onde estão as principais oportunidades para quem deseja empreender na cidade. O levantamento mostra que os bairros pesquisados: Quarta Linha, Rio Maina, Próspera, Pinheirinho e Santa Luzia ainda enfrentam escassez de serviços essenciais, como supermercados, farmácias, lotéricas e bancos. O estudo também destaca que o consumidor criciumense é exigente, sensível ao preço, mas não abre mão de um atendimento de qualidade e de bons produtos.
Os dados revelam que 88% dos consumidores colocam o atendimento como fator decisivo na hora da compra, seguido da qualidade dos produtos, que pesa para 66,5%. Já quando o assunto são os fatores econômicos, o preço é soberano (68,5%), acompanhado dos descontos (59,5%) e das promoções (51,5%). O parcelamento pesa menos, sendo citado por 14%.
O hábito de pesquisar preços é consolidado na cidade: 63% usam a internet para isso e 62% também fazem comparação presencial. Apenas 12% afirmam não pesquisar antes de comprar. Outro fator importante apontado é a adesão ao comércio online que chega a 74%, sendo que 39% fazem isso com frequência mensal. Contudo, esse número cai entre pessoas de baixa renda (40%) e idosos acima de 60 anos (70%), mostrando uma resistência maior desses públicos às compras digitais.
O gerente Regional Sul do Sebrae-SC, João Alexandre Guze, enfatiza que o diagnóstico é uma ferramenta valiosa para quem quer empreender em Criciúma, pois contém informações que mostram comportamentos, preferências, necessidades e, principalmente, onde estão as oportunidades.
“Ainda há espaço para novos negócios e o Sebrae tem o papel de apoiar quem quer investir com planejamento, conhecimento e segurança, e esse estudo cumpre exatamente essa função. É um mapa de oportunidades que ajuda os empresários a tomarem decisões mais assertivas e estratégicas”, reforça.
Onde estão as maiores carências
O levantamento também mensurou o que, na visão dos criciumenses, falta nos bairros de Criciúma. Supermercados são a maior carência, especialmente na Quarta Linha (17%), Rio Maina (13%) e Próspera (13%). Farmácias seguem o mesmo padrão, com maior demanda na Quarta Linha (14%), Próspera (13%) e Rio Maina (11%). A falta de lotéricas chama a atenção na Quarta Linha, bairro onde 30% dos moradores relatam a ausência desse serviço. Na sequência aparecem Santa Luzia (15%), Rio Maina (11%) e Próspera (10%). Bancos e caixas 24 horas também são apontados como uma deficiência, especialmente no Pinheirinho (14,5%) e na Santa Luzia (14%).
Hábitos de consumo
O estudo do Sebrae estudou também os hábitos de consumo da população da maior cidade do Sul catarinense. No setor de alimentos e bebidas, 66% fazem compras semanalmente, chegando a 73% nas classes A e B. Já nas classes D e E, o tradicional “rancho do mês” é mais comum, alcançando 23%. O gasto médio mensal com alimentação por domicílio é de R$ 1.143,78, movimentando um mercado estimado em R$ 91,2 milhões por mês. Supermercados são os preferidos de 89,4% dos consumidores, com destaque absoluto na faixa etária de 50 a 59 anos, onde esse número chega a 97%.
Quando o assunto é moda, roupas, calçados e acessórios, 30,5% compram todos os meses. Mulheres (32,5%), jovens de 16 a 29 anos (42%) e classes A/B (35%) são os que mais consomem. O ticket médio mensal desse setor é de R$ 355,11 por pessoa, movimentando R$ 48,6 milhões mensalmente. As lojas do Centro da cidade ainda dominam a preferência (79%), especialmente entre os consumidores acima de 60 anos (92%).
O hábito de comer fora também se consolida, já 77% dos criciumenses dizem ter esse costume, sendo que 39% fazem isso semanalmente. Nas classes A e B esse índice sobe para 58%. Restaurantes de comida caseira são os mais procurados (48%), especialmente pelo público acima de 60 anos (66%).
Nos cuidados pessoais, higiene, cosméticos e perfumaria, o consumo é praticamente universal: 90% compram todo mês, sendo que 32% fazem compras semanais. O gasto médio por pessoa é de R$ 212,55, gerando um mercado de R$ 29 milhões por mês. Supermercados (78%) e farmácias (48%) lideram como os principais pontos de compra.
Outro dado de destaque é que mais da metade da população possui plano de saúde (53,5%), com maior incidência nas classes A/B (67%). O gasto médio com medicamentos chega a R$ 187,89 por pessoa, representando um mercado de R$ 24,5 milhões mensais.
Mercado pet
O levantamento também revelou a força do mercado pet. Mais da metade dos lares (57%) possuem animais de estimação, somando 62.170 cães e 31.645 gatos na cidade. As famílias gastam, em média, R$ 187,97 por mês com os pets, injetando R$ 8 milhões mensais no setor, que tem os pet shops como principal canal de compras (82%).
O diagnóstico também aponta que 57% da população pratica atividades físicas regularmente, enquanto nas classes A e B as academias são preferência (52%), nas classes D e E predominam as caminhadas (66%).
Quando o assunto é lazer, 55% têm o hábito de ir ao cinema, mas 79% nunca foram ao teatro, o que sinaliza uma oportunidade cultural ainda pouco explorada. A frequência de shows atinge 38%, e 24% leem livros semanalmente. O gosto por viagens é expressivo já que 56% costumam viajar a turismo, sendo que 5,6% fazem isso mensalmente.
“A nossa intenção com o estudo é fornecer dados confiáveis para fortalecer a cultura de tomadas de decisões entre os empreendedores catarinenses”, afirma o gerente de Gestão Estratégica do Sebrae/SC, Roberto Philippi Fullgraf.